CELSO ARNALDO: Jô Soares volta ao humor com o programa Viva a Dilma

Publicado em 14/06/2015 19:18
‘A presidenta que não sabe responder recebe o entrevistador que não sabe perguntar’. E enfim descobre o paradeiro do cachorro oculto atrás de cada criança (no blog de Augusto Nunes, em veja.com)

CELSO ARNALDO: Jô Soares volta ao humor com o programa Viva a Dilma: ‘A presidenta que não sabe responder recebe o entrevistador que não sabe perguntar’. E enfim descobre o paradeiro do cachorro oculto atrás de cada criança

CELSO ARNALDO ARAÚJO

Saudosos do programa “Viva o Gordo” já não precisam se contentar com as reprises do canal Viva. O grande humorista Jô Soares – que cedeu lugar ao pior entrevistador da TV brasileira — está de volta com um programa fresquinho: “Viva a Dilma”. Resgatando a tradição das duplas que faziam o Brasil gargalhar no tempo das chanchadas da Atlântida e da rádio Nacional, como Oscarito e Grande Otelo, Primo Pobre e Primo Rico, a dobradinha Dilma e Jô, ele como escada, desmentiu a fama de Brasília como cidade sem graça, embora nada séria. Em pleno Palácio da Alvorada, ambos – em grande forma – interpretaram a si mesmos, sem precisar de ensaio ou laboratório.

O comediante que decidiu virar dono de talk show e que, nessa função há 27 anos, jamais conseguiu extrair de um convidado uma única frase que repercutisse no dia seguinte. A presidente que, em quatro anos e meio mandato, e nada indica que será diferente nos três anos e meio que ainda faltam, jamais extraiu de seu cérebro uma única frase que fizesse sentido no dia seguinte ou para a História. Química infalível para o riso fácil, frouxo e indevido – potencializada por um detalhe que coloca Jô ao mesmo nível da cara de bacalhau, filhote de pombo, pescoço de freira e político honesto, isto é, de coisas que ninguém nunca viu: ele é o humorista a favor.

Já na introdução interminável para justificar a defesa intransigente de Dilma, o Jô de sempre: a hesitação e a sem-gracice em forma da pessoa real que é, despido de seus antigos personagens. Também pudera: é preciso se desmanchar em tibieza e falta de informação para, preparando a primeira pergunta, afirmar isto:

“Bom, você é uma leitora fanática, de chegar a andar com mala cheia de livros e, de repente, na ânsia de ler, até bula de remédios não escapavam (sic) dos seus olhos”.

Ainda a Dilma leitora fanática? A claque da Zorra Total teria de ser acionada para produzir gargalhadas frenéticas, apesar de a piada ser muito velha – menos para o Jô. Na mala de livros que Dilma leu sem nunca ter lido ainda cabe Jô Soares – ela é imensa.

Mas, espere. A pergunta no horizonte envolve não um livro comum – mas o livro dos livros. E aqui ressalta o inclassificável talk showman que é Jô Soares: imagine, é a primeira pergunta de sua primeira entrevista com a presidente da República num momento delicadíssimo da vida nacional e você se sai com essa – uma insignificante fabulazinha de cadeia sem um ponto de interrogação no final:

“E como é que é a história da Bíblia, quando você estava presa, encarcerada, e essa Bíblia tinha que passar pra outros prisioneiros. Conta essa história pra gente”.

Dilma:

“Ah, Jô, era uma história que é assim: num tinha livros…”.

Só pelo “num”, não tinha mesmo. Mas, segundo consta, tinha uma bíblia que fora deixada por um padre e que passava pela portinha do calabouço, e ia de cela em cela, introduzida pela fresta. Dilma enfatiza, para provável espanto da plateia: “Porque as portas das celas não ficavam abertas…” Puxa, mas uma bíblia fazendo sucesso num calabouço de marxistas? Sim, porque não era qualquer bíblia. Mas a Bíblia de Dilma, a hermeneuta:

Eis sua gênese:

“A Bíblia é algo fantástico, ela é uma leitura que ela envolve de todas as maneiras. Além de sê uma expressão religiosa, da religião da qual nós, a maioria do Brasil, compartilha. Mas, além disso, ela tem alta qualidade literária e tem, também, histórica. Então, é uma leitura que, eu quero te dizer o seguinte: para mim foi muito importante, principalmente porque ela trabalha com metáforas. E é muito difícil, a metáfora é a imagem, o que é a metáfora? Nada mais que você transformá em imagem alguma coisa. E não tem jeito melhor de ocê entendê e compreendê do que a imagem”.

Dilma como metáfora seria aqui uma imagem impublicável. Mas a entrevista caminha biblicamente para o apocalipse, com Jô fazendo o papel de um embasbacado Cirineu para a cruz de Dilma pensando o Brasil e discorrendo sobre qualquer assunto. Caprichando como sempre na saúde:

“Agora, eu quero te dizer que, além disso, faltam no Brasil especialidades. Porque, hoje, uma pessoa que quebra a perna precisa de ter um exame; ela precisa de ter um outro tratamento. Então as especialidades são a grande coisa que nós queremos focar nesses próximos quatro anos. E são três especialidades que nós vamos começar, porque você tem que começar. Uma é ortopedia; a outra é cardiologia; e a outra é oftalmologia. Eu esqueci de falar, falei da traumatologia, dos pés, das “quebraduras” em geral. Então são três”.

Já pisando nas quebraduras da Pátria Educadora, Dilma – que conquistou Lula ao chegar para uma reunião com um laptop – fala da importância de se controlar virtualmente, tintim por tintim, as verbas da Educação destinadas às creches (sim, as seis mil de sempre).

“Nós montamos o controle. E você só pode montar o controle no Brasil se você digitalizar. Você digitaliza…torna.. Coloca na internet, digitaliza, sabe onde é cada uma das escolas. Então, o prefeito recebe um SMS: “Prefeito, você recebeu tanto, você tem que fazer…”. E ele tem que tirar o retrato, tirar uma foto daquela creche e tem de botar no…

“Na internet”, sopra Jô.

“Não, ele bota no celular dele, que vem pra nós, que entra na internet, não é? Aí, nós descobrimos que um prefeito que tinha quatro creches tava mostrando a mesma creche. E advinha (sic) como é que a gente descobriu”?

“Como”?

“O cachorro era o mesmo. O cachorro parado na frente da creche era o mesmo das quatro creches. O que causou uma grande indignação em nós aqui. Que história é essa desse cachorro aí? Eu te contei essa história justamente pra mostrar o seguinte: você tem de acompanhar”.

Sim, a entrevista foi constrangedora, claro. Mas Jô conseguiu uma façanha: descobriu, sem querer, onde foi parar aquele cachorro de Dilma que era a figura oculta atrás de cada criança: ele se materializou na frente de cada creche.

Viva o Gordo, Viva Dilma.

(no blog de Augusto Nunes, de veja.com)

 

 

O triste fim de carreira de Jô Soares: a visita da saúde em audiência

Há certas vantagens em estar morando no exterior e ainda não ter assinado o canal da Globo internacional. Por exemplo: não tinha como ver o Programa do Jô especial, com a “entrevista” da “presidenta” Dilma (na verdade, como disse um leitor, foi o Jô quem esteve no programa da Dilma). Isso evitou uma noite mal dormida, fruto do embrulho estomacal. Dormi feito um anjo, e só nesse sábado de manhã, já psicológica e fisicamente preparado, fui encarar a parada. Dureza!

Já tinha escrito aqui sobre a decadência de Jô Soares, ao transformar-se num defensor mentiroso de Dilma, mas o homem realmente chegou ao fundo do poço. Sem nenhuma cerimônia, sem precisar disfarçar muito, o entrevistador se transformou num bajulador explícito do governo, em troca sabe-se lá de quê. O programa pareceu produzido por João Santana, o marqueteiro de Dilma.

Jô começa elogiando a sede fanática de Dilma pela leitura. Sério? Não era piada? Então vejamos um exemplo dessa voracidade literária:

Em seguida, Jô faz a primeira pergunta “incômoda”: quis saber de Dilma o que ela tinha a dizer sobre a acusação da oposição, “de que ela não cumpriu algumas de suas promessas”. Como é?! Que “oposição” seria essa? O PT? Pois nem os tucanos, pusilânimes por natureza, “atacam” Dilma dessa forma patética. Algumas promessas? Não, Jô, Dilma não deixou de cumprir algumas promessas. Ela praticou escancarado estelionato eleitoral, dizendo que jamais faria o que está fazendo, e que o que está fazendo seria feito se a oposição vencesse, o que seria o caos para o Brasil. Entendeu?

A bola levantada pelo humorista rendeu uma oportunidade para Dilma repetir suas falácias, de que a crise brasileira ainda é o resultado da crise internacional, que começou há 7 anos. Mesmo? Que tipo de entrevistador sério deixaria uma mentira dessas passar batida, sem contestar com fatos amplamente conhecidos? Por que Jô Soares não mostrou que os demais países emergentes crescem bem mais do que o Brasil com bem menos inflação? A “marolinha” virou onda, mas atingiu só o Brasil, e Jô também não sabe? Dilma culpou até a seca pela nossa crise! E Jô concordando, acenando com a cabeça como se Dilma tivesse dado uma explicação profunda e verdadeira!

Jô Soares, depois, elogiou Dilma como alguém que sempre defendeu a democracia e quis saber como ela encarava os “radicais”. Como é? Dilma, a “moderada” ex-terrorista, defendia a democracia quando pregava o regime cubano no Brasil? Vamos falar a verdade: Dilma nunca defendeu a democracia! E continua não defendendo! Senão, por que aplaude o governo de Maduro na Venezuela? Por que continua afagando o ditador Fidel Castro? Mas Jô fez seu papel de lacaio do governo. Se tivesse sido contratado por João Santana não faria diferente.

A cartada sexual também veio à tona: Jô acusou um suposto machismo pelas críticas ao governo, e destacou a fama de durona da presidente. Intragável não seria um termo mais correto? Arrogante não seria um adjetivo mais adequado? Quem já trabalhou com Dilma atesta: não é questão de “pavio curto”, como disse Jô, mas de destempero mesmo, de agressividade gratuita, típica de quem não tem liderança natural, por mérito. Jô não teria como cobrar algo nesse tipo, pois isso exigiria independência na entrevista.

A essa altura precisei de um “break”, procurei um Engov, um Plasil, pois já estava evidente o que viria pela frente. Ainda faltavam uns 40 minutos de show de horror. Não estava errado. Jô teceu loas ao passado de Dilma, à sua coragem após ter perdido um pai cedo, ter enfrentado um câncer. Perguntou do que ela tinha medo, já que claramente não tinha medo de cara feia, pois encarava Renan Calheiros e Eduardo Cunha diariamente. Sutil, Jô? Nem tanto. A alegação “velada” de que Dilma é vítima de complô do PMDB, uma presidente acuada, tadinha!, só cola para incautos. Mas não eram nos inteligentes que Jô estava de olho, não é mesmo?

Desisti, confesso. A conexão ajudou, pois o vídeo começou a travar (não é só no Brasil que internet dá problema). Mas já sabia que não perderia nada demais, pois todo o resto da entrevista era previsível: continuaria sendo uma conversa de comadres, um bate-papo entre uma presidente sem credibilidade e um entrevistador igualmente sem credibilidade, em final triste de carreira.

Talvez o programa ontem tenha tido boa audiência. Curiosidade mórbida do público. Mas foi a visita da saúde para o Programa do Jô. Agora ele pode continuar ladeira abaixo rumo ao traço, pois quem ainda consegue levar esse entrevistador a sério depois desse espetáculo ridículo? A data escolhida, ao menos, foi adequada: o dia nos namorados. Jô e Dilma pareciam dois enamorados mesmo, num abraço dos afogados:

PS: Dilma acha que existem ministérios “simbólicos”. Resta só convencer os “contribuintes” que os pesados impostos que pagam para financiar tais ministérios são também simbólicos, pois eles sentem de forma bem real e concreta a tungada em seus bolsos.

Rodrigo Constantino

 

 

O amigo narco de Lula, um sujeito que se julga acima das leis

Barba e Cabello. Só falta aí o Bigode, que está lá perseguindo opositores na Venezuela…

As biografias não-autorizadas estão liberadas graças a uma votação histórica do STF. O primeiro sujeito que eu gostaria de ver tendo sua vida esmiuçada por algum jornalista sério e independente é, confesso, Luiz Inácio Lula da Silva. A história de sua vida, se bem contada (ao contrário de filmes e livros feitos pelo “jornalismo” chapa-branca), daria um filme e tanto, de fazer inveja a Francis Copola e Mario Puzo. Lula talvez seja a figura mais amoral deste país, um ex-metalúrgico que se acha acima das leis, do bem e do mal, disposto a tudo para se preservar no poder e levar uma vida de nababo, entre jatinhos particulares e ostentação de luxo e poder.

reação de Lula ao saber que o presidente de seu instituto, Paulo Okamotto, seria convocado para a CPI da Petrobras, após a descoberta de que uma das principais empreiteiras envolvidas na Operação Lava-Jato pagou milhões ao ex-presidente por “palestras”, demonstra como o homem se acha inatingível. A tentativa de operação abafa do Itamaraty nos documentos que ligariam Lula à Odebrecht, felizmente fracassada, representa outro sinal preocupante da arrogância e do alcance dos tentáculos do lulopetismo na máquina estatal. Tudo isso deve ser investigado muito mais a fundo, pela Justiça e por jornalistas sérios.

Mas aqui gostaria de comentar, novamente, sobre a estranha e suspeita visita do braço-direito de Maduro ao Brasil, para um encontro com Lula. Temos ali Cabello, Barba e Bigode, um trio muito suspeito. Comentei aqui que a imprensa dormia enquanto o encontro acontecia, algo que deveria deixar todo democrata de cabelo em pé. A VEJA, para não variar, é a rara exceção, que faz jornalismo sério e independente. Na edição desta semana, Leonardo Coutinho comenta o encontro, levanta suspeitas sobre seu real propósito, conversa com gente do governo americano para averiguar se Cabello corria risco de receber ordem de prisão no Brasil (claro que não, pois sabem que nosso governo é “camarada”), e conclui:

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É ou não é de deixar todos de cabelo em pé? Mario Puzo não escreveria história tão fantástica. Só não sei quem faria bem o papel de Lula, e não sei se algum ator seria melhor do que Marlon Brando, que não está mais entre nós. No que Lula transformou o Brasil? Por que a população dorme em sono profundo diante disso tudo? Não tem jeito. eu já disse e repito: o Brasil só vai passar a limpo essa fase sombria quando pegarem “o chefe”.

Ao menos a equipe de VEJA poderá ter a consciência tranquila, pois fez sua parte…

Rodrigo Constantino

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Blog de Augusto Nunes (veja.com)

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