Por que a esquerda não luta por menos impostos? O “coração valente” amarelou!

Publicado em 22/01/2015 18:13
em blogs de veja.com

DOCUMENTO: Leia a íntegra do artigo de José Dirceu criticando a condução da economia pelo governo Dilma

Caminhamos para uma recessão. Com o governo consciente disso, esperamos

Texto publicado a 20 de janeiro de 2015 no Blog do Zé, do ex-ministro José Dirceu

Que 2ª feira! Calor, aumento de impostos num pacotaço anunciado pelo ministro da Fazenda, de juros e queda de energia em importantes cidades do país causada pela onda de calor inédita no pais…Ontem nem parecia uma 2ª feira, estava mais para uma 6ª feira 13. Só noticias ruins.

O aumento de impostos e dos juros são apenas consequências, desdobramentos da busca de um superavit de 1,2% do PIB este ano. A elevação dos juros visa derrubar a demanda e vem casada com o aumento do IOF – Imposto sobre Operações Financeiras para os empréstimos às pessoas físicas. Aí, também refreando o consumo.

Caminhamos assim – conscientemente, espero, por parte do governo – para uma recessão com todas as suas implicações sociais  e políticas. Fica evidente, empiricamente, pela prática, que o aumento dos juros não refreou a inflação cujas causas estão fora do alcance da politica monetária do Banco Central (BC), mas nos preços administrados, serviços e alimentos.

Quando a inflação cair…se cair…

Assim, quando a inflação cair – se cair… – será pela queda violenta da demanda e não pela alta dos juros. O que espanta é o silêncio de nossas autoridades sobre os efeitos da atual taxa Selic de 11,75% – o sonho de consumo do mercado financeiro – e sobre o serviço da divida interna de R$ 250 bi ao ano, ou o correspondente a 6% do PIB nacional. É a maior concentração de renda do mundo no período de um ano e para uma minoria detentora dos títulos públicos de nossa divida interna.

[Atualização: o Conselho de Política Monetária (Copom) aumentou nesta quarta-feira ara 12,25%.]

Como a arrecadação cairá com a recessão é preciso de novo que nossas autoridades expliquem como farão o superávit e manterão os investimentos públicos e os gastos sociais.  Têm de explicar: como o pais voltará a crescer?

Fora o fato que as autoridades da área econômica diariamente criticam abertamente os bancos públicos e seu papel de vanguarda no financiamento subsidiado (porque necessário) de nossa indústria, agricultura, infraestrutura social e econômica.

A pergunta que não cala é: quem os substituirá, quem continuará a desempenhar esse papel dos bancos oficiais?

Semana começa com muita apreensão sobre os rumos do país

Sobre o efeito maléfico e daninho dos juros altos na valorização do real e nas contas externas também nada, nem uma palavra… Nossa indústria que se vire. A semana começa, assim, com muita apreensão pelos caminhos do país. Mas podem ter certeza, com muita festa no mercado financeiro e nas redações de nossa mídia.

Mesmo que haja algum choro e ranger de dentes pelo aumento dos impostos, no fundo dirão, melhor assim que uma reforma tributária que taxe os ricos, o patrimônio e a renda, as fortunas e heranças e os fantásticos lucros financeiros. Isso, talvez, explique o silêncio dos responsáveis pela política econômica e pelo governo sobre a volta da CPMF ou de algum outro imposto ou tributo equivalente e que cumpra seu papel.

Tags: apagãoDilma RousseffeconomiainflaçãoJosé Dirceumensalão

 

Governo engana o povo quando descarta racionamento de energia

(Foto: O Globo)

(Foto: O Globo)

Por Ricardo Noblat, post publicado em seu blog em O Globo

Fica fácil para qualquer autoridade da área de energia oferecer explicações técnicas capazes de confundir os jornalistas.

Primeiro porque é raro encontrar um jornalista que entenda bem do assunto. Segundo porque os que entendem costumam trabalhar dentro das redações. Não participam de entrevistas coletivas.

De resto, diante de uma ocorrência que afetou muita gente, como o recente apagão em 11 Estados e mais o Distrito Federal, o governo costuma despachar ao encontro dos jornalistas porta-vozes que se contradizem de propósito ou não.

Na maioria das vezes de propósito. A desinformação acaba funcionando a favor do governo. Qual o leigo com paciência para se informar diariamente sobre um tema que se espicha sem chegar a uma conclusão?

Na noite da segunda-feira, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (NOS) informou que o apagão se deveu a problema provocado por “restrições na transferência de energia do Norte para o Sudeste.

Mas não só. Ao problema aliou-se “a elevação da demanda na hora de pico”.

Por sua vez, Eduardo Braga, ministro das Minas e Energia, informou que o apagão foi provocado por uma falha na linha de transmissão da estatal Furnas.

Ora, uma coisa não é igual à outra. As duas coisas podem ter acontecido – ou não. Ou nenhuma delas.

Um dia depois, Eduardo recuou do que havia adito. E disse em Basília:

- A esta altura, não tenho como lhe dizer, com o senso de justiça e responsabilidade que devemos ter, se foi falha técnica ou se foi falha humana.

No Rio, diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, desautorizou o ministro. Falha? Técnica ou humana? Negativo.

O apagão teve a ver com uma “atuação incorreta da proteção, em função do desvio de frequência”. Entendeu?

Nem apagão houve, mas um “desligamento preventivo de carga, programado com as distribuidoras”.

Em linguagem de gente: para evitar que o sistema elétrico de todo o país entrasse em colapso, o ONS provocou um blecaute preventivo e planejado.

Tudo porque atravessamos um período de demanda crescente por energia. E os reservatórios de água estão quase secos.

A culpa é de São Pedro? Ou do consumidor de energia?

A culpa é do governo.

(CLICAR AQUI PARA CONTINUAR LENDO)

Tags: apagãoEduardo BragaenergiaOperador Nacional do Sistema Elétrico,racionamento

Por que a esquerda não luta por menos impostos? (Leandro Narloch)

Vejo poucos brasileiros de esquerda defendendo menos impostos no Brasil. Alguns até acham que a carga tributária é alta, mas dizem que é ainda maior nos países escandinavos nos quais deveríamos nos espelhar. Geralmente concordam com intelectuais que distorcem números e afirmam que o brasileiro, comparado a cidadãos de outros países, paga em média poucos impostos.

Para os mais radicais, a esquerda precisa lutar pelo fortalecimento do estado (o que envolveria mais impostos, principalmente dos mais ricos), enquanto a direita, a burguesia, os conservadores e as elites, que não ligam para as necessidades do povo, torcem por menos tributação.

O curioso é que muitos dos heróis e ídolos da esquerda são líderes e revolucionários que lutaram, eles próprios, por menos impostos.

É difícil, por exemplo, chamar de conservadores ou aliados às elites tradicionais os rebeldes que, durante a Revolução Francesa, destruíram alfândegas, queimaram documentos de dívidas fiscais e se recusaram a pagar impostos tanto à monarquia quanto aos governos republicados que a sucederam.

Deveriam os brasileiros de esquerda deixar de ler Karl Marx, que foi processado pela Alemanha por defender a sonegação de impostos? “A partir de hoje, impostos estão abolidos! É alta traição pagar impostos! Recusar pagar imposto é a primeira obrigação de um cidadão!”, escreveu Marx em 1848, depois de considerar ilegítimo o governo alemão.

Será que deveríamos chamar de burguês ou aliado às das elites o Mahatma Gandhi, que em 1930 percorreu 390 quilômetros a pé só para chegar ao litoral da Índia e desafiar o Império Britânico produzindo sal sem pagar imposto?

Ou o anarquista Henry David Thoreau, pai da Desobediência Civil e um dos inspiradores de Gandhi, preso por recusar a pagar qualquer tipo de taxa ao governo americano?

Há ainda os zulus da África do Sul, que no começo do século 20 travaram diversas guerras contra o imposto de 3 libras per capita imposto pelo Império Britânico. O Movimento Zapatista de Libertação Nacional, que depois de criar governos locais parou de pagar imposto ao governo central do México. E as sufragistas dos EUA que resgataram o lema da Revolução Americana (no taxation without representation) e se recusaram a pagar impostos enquanto não pudessem votar.

Dá pra chamar de representante da direita britânica o cantor George Harrison, dos Beatles, autor da música Taxman, um protesto contra as alíquotas do imposto de renda de até 95% para os ingleses mais ricos?

Mais difícil ainda é rotular como elitistas ou insensíveis às necessidades do povo os rebeldes da Revolução Farroupilha, movimento contrário ao imposto sobre o charque, o couro, o sal e a erva-mate pago pelos gaúchos à corte. Ou os pernambucanos que, no começo do século 19, tentaram se separar do Brasil por não verem retorno nos tributos que pagaram ao Rio de Janeiro. Muitos dos meus amigos de esquerda rejeitariam como um lugar-comum neoliberal e egoísta a frase “nenhuma pessoa pode ser privada da menor porção da sua propriedade sem seu consentimento”. Sem ligar para o fato de que essa frase era repetida com frequência por Frei Caneca, líder da Confederação do Equador e um dos grandes heróis pernambucanos.

O que motivou tanta gente a lutar contra impostos – e o que escapa da esquerda atual – é um desejo de autonomia, de defender o direito de serem donos do que produzem, e a certeza de que o dinheiro arrecadado pelos impostos raramente volta aos contribuintes ou é destinado aos mais pobres. Acaba bancando gastanças, sistemas ineficientes, privilégios dos amigos do rei e gordas aposentadorias de burocratas.

É uma pena que a esquerda traia sua própria tradição e defenda mais impostos no Brasil. A luta contra a apropriação do dinheiro dos cidadãos foi por muito tempo (e ainda deveria ser) uma bandeira de quem se importa com os mais pobres e oprimidos.

@lnarloch

 

O “coração valente” amarelou!

Durante a campanha eleitoral, Dilma assumiu o mote “coração valente”, para passar a imagem de coragem somada à ternura, inspirada no filme de Mel Gibson sobre William Wallace, o revolucionário escocês que desafiou os ingleses. Também durante a campanha, a presidente mentiu, e mentiu muito, sobre a situação econômica do país.

Disse que estava tudo muito bem, que havia só uns probleminhas conjunturais, e disse que os tucanos, caso vencessem, iriam subir preços, juros, retirar direitos trabalhistas e jogar o país na recessão. Enfim, disse que o PSDB faria tudo aquilo que ela mesma está fazendo.

Diante deste evidente estelionato eleitoral, por onde anda o “coração valente”? O líder da minoria no Congresso, senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), ironizou o discurso dos petistas: “A presidente Dilma tem que dar uma explicação geral à nação, não pode se esconder enquanto o povo é bombardeado com notícias ruins. Sei que é uma situação difícil de ser explicada. Mas cadê o coração valente? Amarelou?”

Sim, pelo visto amarelou. Dilma sumiu, não dá entrevista há um mês, preferiu correr para os braços de Evo Morales na Bolívia a ter de enfrentar os investidores em Davos, no Fórum Econômico Mundial. Para tal tarefa inglória, enviou o ministro Joaquim Levy que, tal como um malabarista, precisou vender a ideia de grandes mudanças no modelo econômico sem cuspir no anterior ou admitir que está tudo uma porcaria.

Um ou outro petista já ensaia duras críticas ao ministro Jevy, para poder blindar o PT da crise que se aproxima, uma ressaca produzida pela euforia irresponsável e inustentável de antes. Preparam o terreno para culpar Levy, o “neoliberalismo” e a ortodoxia pelas agruras que vêm por aí, causadas pelos equívocos do passado, pelo nacional-desenvolvimentismo.

Outros, realmente apegados à ideologia, vociferam em seus canais, como fez o marido de Maria do Rosário, aquela que costuma mostrar bastante simpatia e “tolerância” para com os criminosos. Esses não têm jeito: são como o cavalo Sansão em A revolução dos bichos, de Orwell. Juram de pés e mãos juntas, todos devidamente no chão, que o “neoliberalismo” é mesmo o grande vilão a ser derrotado e que Dilma não pode trair seus eleitores, que deve insistir naquele maravilhoso modelo que, por ingratidão dos astros e talvez alguma conspiração do capital financeiro, não entregava os resultados prometidos e esperados (por eles).

À exceção dos malandros oportunistas que já começam a antecipar a “pedreira” que vem por aí e tentam jogar a culpa nos ombros do pobre do liberalismo, que nunca nos deu o ar de sua graça, e esses ilustres soldados da ideologia que conseguem defender o socialismo em pleno século 21, o fato é que a imensa maioria dos eleitores de Dilma sumiu, desapareceu, escafedeu-se!

Avestruz PT

Por onde andam esses queridos cúmplices do estelionato eleitoral? Alguém viu por aí aquela gente, não digo do povão, ludibriado pelas esmolas estatais, mas da elite “intelectual”, que repetia as falácias da campanha do PT? Sabe quem são, aqueles “pensadores” que insistiam que os tucanos “neoliberais” (???) não ligam para os mais pobres, e que eles, só por digitarem 13 nas urnas, são almas nobres e abnegadas. A esquerda caviar, enfim!

Esse pessoal tomou chá de sumiço. Eles adoravam aparecer por aqui, no meu blog, para me atacar, repetir frases prontas ou monopolizar as virtudes, por falta de argumentos. Aqueles que nos chamam de “coxinhas”, os “trouxinhas” enroladinhos pelo PT. Por onde andam? Assim fico até com saudade. Nas redes sociais também há certo clima de timidez por parte deles. Andam por aí cabisbaixos, aproveitando os apagões causados pelo governo incompetente para esconder os rostos.

Não façam isso. Assumam que votaram em Dilma e participaram desse embuste, conscientes de tudo no fundo, no fundo. Afinal, não vai adiantar se esconder. Nós sabemos o que vocês fizeram no verão passado…

Rodrigo Constantino

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Blogs de veja.com

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

1 comentário

  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    De maneira bem resumida, o governo precisou aumentar os juros para valorizar o real, como forma de controlar a inflação, evitando assim, que ela não estoure o teto e vá parar na lua. Custo da elevação da selic em 1,25%, desde que Dilma ganhou a eleição? 20 bilhões por ano! É isso ai, o aumento dos impostos imposto pelo governo, dará para pagar o juro correspondente ao aumento de 1,25% na selic. Isso significa que o ajuste fiscal, feito para reduzir o déficit do governo, que no popular é justamente o dinheiro que o governo não tem para pagar suas contas, virá da redução dos investimentos em saúde, educação, infra-estrutura. Some isso às obras públicas paradas, superfaturadas, inúteis, e terá um panorama da situação do Brasil.

    0