Pecege analisa capacidade de estocagem de etanol das usinas em meio à crise na demanda
A redução na demanda por combustíveis do Ciclo Otto, devido ao menor crescimento da economia brasileira e ao isolamento social, fez com que o setor pleiteasse, junto ao governo, uma linha de financiamento para aumentar seus tanques em 6 bilhões de litros. O tema colocou em evidência a atual capacidade de estocagem de etanol existente no país.
Segundo o Instituto de Pesquisa e Educação Continuada em Economia e Gestão (Pecege), as usinas brasileiras conseguem armazenar até 17,2 bilhões de litros do biocombustível. Deste total, 5,3 bilhões de litros seriam para anidro e 11,9 bilhões, para hidratado, uma proporção de 31% e 69%, respectivamente.
Em estudo dedicado ao tema, o instituto aponta que as usinas se tornam mais dependentes dos tanques em um momento de crise no consumo, pois muitas optam pela estratégia de carrego. Ou seja, elas controlam a oferta e estocam o máximo possível com o objetivo de vender o biocombustível posteriormente, quando os preços estiverem mais vantajosos.
De acordo com a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), o cenário é realmente de pouca comercialização. As vendas totais de etanol em março recuaram 12,71% ante o mesmo período de 2019. Já na primeira quinzena de abril – que marca a retomada oficial da moagem –, a queda de 35,77% no volume vendido foi acompanhada por uma redução de quase 50% na receita.
Conforme o relatório do Pecege, a capacidade de estocagem se torna crucial por conta da queda nas vendas e da baixa remuneração do produto, elementos que exigem que mais espaço seja utilizado.
Além disso, os investimentos no aumento da tancagem têm sido raros nos últimos anos devido ao pouco acesso a crédito por grande parte do setor. Assim, embora a produção do biocombustível tenha aumentado nos últimos anos, a tancagem não cresceu na mesma proporção.
Segundo os números apresentados, os estoques das usinas acumulavam 11,4 bilhões de litros em novembro de 2019, o maior volume já armazenado pelo setor sucroenergético. Na ocasião, conforme dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Centro-Sul contabilizava 11,1 bilhões de litros.
De acordo com o Pecege, a relação entre a tancagem e a produção total de etanol em 2019/20 foi de 48,8%. “Proporcionalmente, a capacidade de estocagem do etanol anidro é maior, cerca de 50,7% do total da produção da safra 2019/20 (contra 48% no caso do etanol hidratado). Tal situação se dá, principalmente, devido ao espaçamento temporal dos contratos com as distribuidoras”, explica o relatório.
Para tal análise, o estudo considerou a produção da safra 2019/20, 35,30 bilhões de litros, sendo 10,4 bilhões de anidro e 24,90 bilhões de hidratado. Também foi analisada a tancagem disponível em 2019 em todos os estados brasileiros. Além disso, o Pecege observou a produção de etanol de milho.
Confira, na versão completa, mais informações sobre o estudo do Pecege e gráficos com:
- Simulação de redução do mix de etanol e impacto na tancagem
- Relação entre tancagem e produção, por regiões, em 2019
- Relação entre estoque máximo e produção, por regiões, em 2019
- Problemas de investimento enfrentados pelas usinas
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