Etanol importado age como regulador do caixa das empresas e não regulador da oferta, como dizem
As compras de etanol dos Estados Unidos vão continuar mantendo o principal produtor mundial do biocombustível como o maior importador mundial. Num ano que não faltou produto nas usinas e o dólar passou a maior parte do tempo mais caro, a vantagem de buscar o renovável de milho se explica não apenas pela vantagem que o preço da matéria-prima transfere, mas aos ganhos gerados na distribuição interna.
Não fosse assim, o etanol internado no Nordeste em maior quantidade, sob argumento de regulador de uma oferta desajustada para a demanda em 2 bilhões de litros, mais ou menos, deveria chegar mais competitivo à bomba. Mas não.
Os importadores, que são as maiores distribuidoras, também players do etanol de cana, quando muito fazem do etanol de milho o regulador de seus caixas.
O Brasil já ultrapassou os 1,5 bilhão de litros de importação até novembro - 137,6 mi/l comprados no mês, mais 177% sobre novembro de 2017 -, e deve fechar o ano com 1,7 bi/l aproximadamente. Até outubro, com importações de 1,46 bi/l, 1,1 bi/l ficaram no Nordeste e Norte. Proporção que deve se manter até final de dezembro.
Já o etanol do Centro-Sul que será transferido para a região, pagando um frete até maior de cabotagem da parte que vai de São Paulo e Paraná do que o frete dos Estados Unidos, deverá estar na casa dos 1 a 1,1 bi/l. Lembrando que boa parte do etanol que chega aos nordestinos é de Goiás, naturalmente com custo logístico mais amigável.
Mesmo que houvesse uma transferência maior do Centro-Sul, que suprisse as importações, não haveria falta nos maiores centros consumidores. Mesmo com consumo alto este ano, os maores estados produtores vão conseguir carregar estoques consideráveis para a entressafra.
Mesmo à beira de pagar imposto de importação de 20% por ultrapassar a cota de trimestral de 150 mi/l, trata-se de um bom negócio. Mesmo agora, com a safra do Nordeste a pleno vapor, com o etanol local mais competitivo, e com produção melhor que do ciclo anterior. Alguma coisa como 2 a 2,1 bi/l.
Margem da distribuição é algo guardado a sete chaves. Pode chegar até 15% em algumas regiões. E são manobradas de acordo com o momento, segundo deixa transparecer o sindicato do postos, retardando o repasse da queda dos preços seja da gasolina na refinaria ou do etanol na usina.
O valor gasto com importações em novembro foi de US$ 55,4 milhões, ao preço médio de US$ 402 o metro cúbico, 4% acima de outubro. O Brasil vai ter superávit.
Mas não é isso que conta, afinal, por ser um corrente de comércio desprezível.
Mesmo o País importando 8% a menos na comparação com a janeiro a novembro de 2017, é um volume bastante razoável. Tira estímulo dos produtores especialmente nordestinos, como já disse aqui Renato Cunha e Pedro Robério, presidentes dos sindicatos das indústrias de Pernambuco e Alagoas, e é uma bola nas costas do setor às vésperas do RenovaBio.
Mas é do jogo, naturalmente, e isso não se discute. Até que a Camex possa renovar o imposto de importação ou rever a política de cota X i.i. zero/trimestre.
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