Datagro: crise agravada por "morte súbita" da safra de cana não afasta investimentos visando RenovaBio
O ambiente desanimador da safra de cana 18/19, que acabará sendo carregado para o próximo ciclo – espremido pelo aumento da dívida das usinas turbinado por mais um período de açúcar em baixa – não está sendo obstáculo para dinheiro novo entrar no setor com vistas ao RenovaBio. Não se trata de mero otimismo, no caso da visão do consultor Plínio Nastari. Trata-se de indicações “claras”.
O presidente da Datagro aponta os 23,5 mil empregos gerados em pólos importantes da cadeia sucronergética, mais próximos de segmentos das indústrias de base, especialmente no eixo Jaboticabal-Sertãozinho-Ribeirão Preto.
“Isso demonstra que as empresas estão começando a ampliação de suas capacidades, bem como em cogeração”, avalia Nastari, uma das referências nos estudos que subsidiaram a formatação da nova Política Nacional para os Biocombustíveis, prevista para entrar em operação em 2020.
Mesmo considerando o cenário mais ainda difícil com a safra atual a caminho da “morte súbita”, a ser concluída no mais tardar em início novembro - e o desafio adicional de poucas usinas terem “capital para carregar estoques” para uma entressafra mais longa -, ele acredita que o setor não poderá esperar o retorno financeiro dos CBios (Certificados de Descarbonização).
Sem falar em números dos seletos grupos de empresas capitalizadas e das menos endividadas, Plínio Nastari acredita que há aqueles que já conseguem se movimentar sem esperar que os papéis emitidos às distribuidoras sejam negociados na B3.
Calcula-se no mercado que os investimentos das usinas este ano estejam em R$ 10 bilhões, bem abaixo das necessidades, e para alguns analistas são recursos inclusive originados para negociação com juros das dívidas, como Alan Ridell, da KPMG, e Alexandre Figliolini, da MB Agro, disseram ao Notícias Agrícolas.
“Mas parte desse dinheiro novo já é para o RenovaBio”, afirma o consultor, cuja empresa, em sua última revisão, apontou uma safra de 557 milhões de toneladas, seguindo uma média das demais análises de um ciclo de baixa acentuada.
Nas metas do novo programa, fala-se em dobrar a produção de etanóis para 50 bilhões de litros em 2030, porém em entrevista também ao Notícias Agrícolas o consultor da Empresa de Pesquisas Energéticas, do Ministério de Minas Energia, Rafael Araújo, disse que a última previsão é de R$ 43 bilhões/litros.
Para tanto, R$ 72 bilhões são a ordem de grandeza para fazer frente à produção que descarbonizaria mais o ambiente e deixaria o Brasil cumpridor do compromisso da COP 21, a conferência do clima que estabeleceu parâmetros para a sustentabilidade mundial.
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