Algodão colorido produzido no interior de São Paulo é matéria-prima para moda mundial
Com foco na agricultura sustentável, produtores paulistas apostam em soluções para preservação do meio ambiente, como a produção do algodão colorido, que não necessita de corantes. A fibra, que pode ser misturada a outras variedades para obter diferentes tonalidades, garante uma economia de até 80% de água e ainda evita contaminantes ambientais.
Atualmente, o fio produzido pelo agro é a principal matéria-prima de 54% dos tecidos utilizados pela indústria têxtil nacional. A alta da fibra no mercado da moda aconteceu após o movimento “Sou de Algodão”, em 2016, criado para unir agentes da cadeia produtiva. A campanha ganhou força com a entrada de 1140 marcas varejistas e 67 estilistas, colocando o fio como protagonista do São Paulo Fashion Week, daquele ano. Mas, em 2019, o setor teve o seu valor reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que instituiu o dia 7 de outubro, como o Dia Mundial do Algodão, a data foi criada com o propósito de conscientizar a comunidade internacional sobre a contribuição da cotonicultura para a economia de muitos países emergentes e de baixa renda.
Em Riolândia, o engenheiro agrônomo Diogo Lemos, cultiva algodão marrom e tem como principal comprador a indústria têxtil, que por sua vez, produz o fio para confecção de malhas e decoração de grandes marcas nacionais e internacionais do ramo da moda.
Entre as empresas que compram de Lemos, a Bercamp, localizada em Jundiaí, que produz cortinas, tecidos para sofá e camisetas, entre elas, uma malha ecológica de uma marca brasileira com 200 lojas físicas e que as comercializa mundialmente. “Para manter nossa competitividade no mercado, fazemos estudos de melhoramento, que buscam selecionar características e estabelecer padrões que atendam às demandas da cadeia produtiva, como o aumento de produtividade e qualidade, adaptação ambiental e resistência a pragas e doenças”, explica o engenheiro agrônomo.
Para ser rentável, a produção de algodão colorido requer demanda, pois a cultivar necessita de manejo constante. Além disso, a fibra precisa atender às expectativas dos segmentos da cadeia produtiva, com características específicas de qualidade e uniformes para permitir o maior rendimento das máquinas com o menor custo.
Segundo dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA), ligado à Secretaria de Agricultura de São Paulo, a área estimada na safra 2023/24 é de aproximadamente 11,61 mil hectares, protagonizados pelas regiões de Avaré, Votuporanga e Itapeva, representando 72,7% do total do estado.
Edivaldo Cia é engenheiro agrônomo aposentado e presta serviço voluntário no âmbito da fibra colorida, no Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Segundo ele, o estudo de melhoramento do algodão colorido iniciou há pelo menos 20 anos, com o surgimento da variedade marrom, que atualmente é a mais procurada no mercado, devido à sua produtividade e a qualidade superior a outras variedades. “Hoje existem pesquisas para obter novas cores, principalmente na tonalidade verde, marrom clara, rubi, entre outras opções de coloração”, aponta.
A produtividade do algodão colorido no campo é aproximadamente 20% inferior ao tradicional, mas com preço para revenda quase duas vezes maior, o que torna a fibra atrativa para o produtor. Edivaldo explica que o Estado de São Paulo tem potencial para expandir a atividade. A demanda nós podemos atender, o que falta é a procura da indústria por opções como essa”, explica.
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