Bahia recebe compradores internacionais e amplia perspectivas de exportação do algodão baiano
A comitiva internacional da Missão Compradores desembarcou nesta quarta-feira (31) na Bahia para conhecer a produção de algodão do oeste do estado. Representantes de indústrias têxteis interessados na pluma brasileira conheceram as lavouras de algodão e as estruturas da indústria de beneficiamento e a classificação da fibra comercializada para o mercado internacional. A missão, promovida pelos cotonicultores brasileiros, por meio da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), com o apoio local da Associação Baiana dos Produtores do Algodão (Abapa), tem o objetivo de ampliar o espaço das exportações demonstrando a capacidade de produção da fibra com qualidade, sustentabilidade e respeito aos protocolos internacionais para o comércio exterior.
A comitiva deste ano conta com cerca de 23 representantes de indústrias têxteis vindos de países como Bangladesh, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, Honduras, Índia, Paquistão e Turquia. Anfitrião da comitiva, o presidente da Abapa, Luiz Carlos Bergamaschi, destaca a parceria entre Abrapa, Apex-Brasil e Anea para trazer a missão para a Bahia. “Estamos abrindo caminhos para que compradores de todo o mundo tenham a oportunidade de, pessoalmente, observar a tecnologia avançada aplicada à produção sustentável e ao sistema produtivo, ao mesmo tempo em que destacamos o algodão de qualidade produzido na Bahia. Nosso objetivo é assegurar que o empenho incansável de nossos produtores seja convertido em resultados para o nosso algodão", afirma.
Executivo da operação de algodão de uma indústria têxtil norte-americana, Jim Martin já utiliza o algodão brasileiro em uma operação na Columbia e pretende fazer testes em fábricas nos Estados Unidos. “Nessa viagem estou conhecendo o futuro, aqui é o futuro. Eu achava que as áreas dos Estados Unidos e Austrália eram grandes, mas a escala e a tecnologia que é implementada aqui é incrível. Estou impressionado com o fato do clima ser bem definido, bem diferente dos Estados Unidos, sendo ideais para a produção do algodão”, disse Martin.
Pela primeira vez no Brasil a compradora do mercado têxtil, Faizah Mehmood, gostou da vivência em conhecer o setor produtivo na Bahia. “A maior vantagem que vejo no algodão brasileiro é o baixíssimo nível de contaminação. É o algodão com menor índice de contaminação que já recebi até hoje na minha fábrica. O que vejo no algodão da Bahia, que me chamou muita atenção, é o quanto é branco e uniforme. Mesmo com o custo de produção mais alto para obter um algodão com esse nível de qualidade, nós industriais ficamos muito felizes com essas características da fibra. A gente consegue ver na nossa fábrica a diferença no produto final. Estou muito satisfeita com o que vi aqui”, reforça Mehmood.
O sul-coreano Mr. Park, investidor no Vietnã, conheceu as fazendas e ficou impressionado com a organização do sistema de produção e irrigação. “As fazendas são muito organizadas, achei impressionante também a aplicação das tecnologias de irrigação. É muito proveitoso estar na Bahia e acompanhar tudo que estamos vendo, o que ajuda a entender como funciona o setor do algodão local. Com a visita, pudemos certificar a qualidade da fibra baiana, com mais brilho, ajudando a mudar a nossa expectativa em relação ao algodão baiano, que foram superadas”, pontuou o investidor.
Oeste da Bahia - No compromisso da Missão Compradores em terras baianas, a comitiva desembarcou na Fazenda Warpol e algodoeira do Grupo Busato, em São Desidério, seguida da visita ao Centro de Análises de Fibra da Abapa e das novas instalações do novo centro em construção, ambas em Luís Eduardo Magalhães. À noite, eles participaram de um jantar, também em Luís Eduardo Magalhães, com os produtores de algodão baianos, como oportunidade para intercâmbio de informações sobre o setor.
“É sempre uma grande oportunidade receber os representantes das grandes indústrias internacionais para apresentar toda a tecnologia avançada utilizada em campo e as boas práticas, além do solo e clima únicos do oeste da Bahia, que tem proporcionado a qualidade, já reconhecida e bastante procurada no mercado internacional”, reforçou o produtor Júlio Cézar Busato, um dos produtores anfitriões da Missão Compradores e integrantes da diretoria consultiva da Abapa. Júlio abriu a visita na Bahia com uma recepção aos convidados e apresentou juntamente com a família a Fazenda Warpol, na fase de colheita, e que mantém uma área de 4500 hectares de plantio de algodão.
A Bahia é o segundo maior produtor do país. Na safra 2023/2024, em andamento, a previsão é que sejam colhidas uma produção de 662,8 mil toneladas de algodão toneladas de pluma e caroço de algodão, e com uma produtividade de 1.919 kg de pluma/ha arrobas/hectare. Para a 1ª vice-presidente da Abapa, Alessandra Zanotto Costa, este tipo de visita dos compradores traz retornos favoráveis ao mercado, o que demonstra que os produtores baianos estão no caminho certo. “Cada visita de quem consome o nosso algodão é uma forma de aperfeiçoar cada vez mais o nosso produto, garantindo mais valor à nossa produção, e isto só conseguimos com investimentos consistentes em tecnologia e práticas sustentáveis”, reforçou.
Mercado - “A receptividade dos compradores em relação ao nosso algodão tem sido excelente. Eles viram que nosso algodão melhorou muito nos últimos anos, investimos em pesquisas, melhoramentos genéticos e boas práticas nas lavouras algodoeiras para obtermos uma das melhores qualidades do mundo. Receber o elogio deles, aqui pessoalmente, significa muito para nós e faz com possamos nos aperfeiçoar, incentivando os produtores a fazerem da maneira correta, se posicionando no mercado internacional. As características que temos de eficiência de produção, como a qualidade, sustentabilidade e nossa preocupação com o meio ambiente e com o social, torna o algodão brasileiro um produto exclusivo no mundo”, disse Alexandre Schenkel.
Atualmente, o algodão baiano é exportado para países asiáticos, como China, Indonésia, Bangladesh e Vietnã e comercializado junto às indústrias têxteis no Brasil. Além da Bahia, a Missão Compradores conheceu a cadeia produtiva do algodão em Goiás e Mato Grosso. A Missão Compradores integra as ações do Cotton Brazil, programa de promoção internacional que representa todo o setor produtivo do algodão em escala global. Coordenado pela Abrapa, tem parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e apoio da Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea).
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