Algodão: Dados da inflação nos EUA e temores de recessão seguem pesando sobre futuros em NY

Publicado em 13/07/2022 12:07

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Em mais um dia marcado pela forte influência do mercado financeiro entre as commodities, agravado pelos dados de inflação nos Estados Unidos reportados nesta quarta-feira (13) em 9,1% - acima das expectativas do mercado - o algodão volta a ser um destaque negativo entre as agrícolas. As perdas chegaram a superar 4% entre os futuros da pluma negociados na Bolsa de Nova York. Perto de 12h (Brasília), porém, o recuo era de pouco mais de 1% entre as posições mais negociadas. O principal contrato - o dezembro/22 - tinha 89,59 cents de dólar por libra-peso. 

O mercado dá sequência a um intenso movimento de perdas muito atrelado ao macrocenário e aos temores cada vez mais próximos de uma recessão. Mesmo fundamentos que neste momento poderiam ser importantes para trazer algum suporte às cotações têm sido insuficientes. 

O boletim mensal de oferta e demanda trazido pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta terça-feira (12) indicou uma safra menor no país nesta próxima temporada em dois milhões de fardos se comparada a 2021/22. Mais do que isso, na última segunda (11), os números semanais de acomapanhamento de safras mostraram que são apenas 39% das lavouras de algodão em boas ou excelentes condições no país. 

"Apesar dos fundamentos serem altistas para o preço, o cenário macro negativo acaba prevalecendo. Alguns fatores levaram a esse movimento como crise energética na Europa pelo possível corte do gás russo para o continente, novos lockdowns na China por Covid na cidade de Wugang e, novamente, o medo de recessão econômica", explica a analista de mercado Bruna Stewart.

Ao lado de Bruna, mais especialistas do setor falam não só sobre as quedas vertiginosas do mercado do algodão, mas também sobre como essa é uma commodity ainda mais suscetível à crises como a atual, bem como fica também mais exposta aos impactos da especulação e da volatilidade pela forma como é comercializada. As operações começam nas bolsas, passam pelas indústrias e, por ficarem mais tempo em aberto, acabam ampliando, portanto, essa exposição. 

Dessa forma, nem sempre o mercado do algodão irá, portanto, responder efetivamente a seu quadro fundamental. As sucessivas e agressivas baixas para a pluma chegam mesmo diante de problemas sérios que têm sido registrados em regiões importantes de produção norte-americanas. 

"A safra do oeste do Texas está dizimada, não vejo como alguém pode estar vendido e não entendo por que aqueles que estão comprados estão liquidando suas posições agora",afirma John Robinson, professor de economia agrícola da Texas A&M University ouvido pela CNN Business, lembrando que um quadro semelhante a este foi registrado pelo mercado do algodão em 2008, durante outra grande crise.

Neste ambiente, ainda segundo Robinson, cotonicultores estão se alinhando e se unindo para pedir e promover mudanças no mercado da commodity e na forma como ela é comercializada, em especial na ICE, a bolsa de Nova York.

No Brasil, os impactos também são sentidos e os preços no mercado nacional são os mais baixos desde novembro do ano passado, de acordo com o Cepea. 

"A pressão sobre os valores vem sobretudo das desvalorizações externas do produto, já que, no Brasil, a disponibilidade de pluma da nova safra ainda não é expressiva e boa parte dos lotes tem sido destinada ao cumprimento de contratos. Assim, os atuais preços domésticos da pluma são os menores desde novembro de 2021 e já operam abaixo da paridade da exportação", afirmam os pesquisadores da instituição.

O Notícias Agrícolas, há algumas semanas, vem destacando ainda a importância do monitoramento sobre o comportamento do contrato dezembro/23, que poderia testar níveis abaixo dos custos de produção para o produtor brasileiro para a próximas safra. 

"Ressalta-se que negociar a pluma no mercado brasileiro vinha sendo mais vantajoso do que exportar desde também novembro do ano passado", complementa o Cepea. 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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