Embrapa tem novas estratégias para atender mercado de tecnologia e inovação na cadeia produtiva do algodão
“Acabou a fase da oferta tecnológica”. Essa frase resume a visão da nova gestão da Embrapa Algodão com foco no setor produtivo da cotonicultura nacional e foi dita pelo seu novo chefe-geral, Alderí Emídio de Araújo, durante a última reunião anual da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados.
No comando do Centro Nacional de Pesquisa do Algodão há dois meses, Araújo apresentou um panorama da programação de pesquisa que sua equipe definiu para os próximos anos. “Nós vamos trabalhar olhando para o campo, indo desenvolver tecnologia ao lado do produtor e em parceria com a iniciativa privada”, asseverou.
O executivo acrescentou que a Embrapa sempre esteve “abrindo caminhos”. Nas décadas passadas, a empresa chegou a ter, quase 95% do mercado de sementes de algodão. Ele lembrou que as primeiras visitas técnicas aos plantios do Mato Grosso foram iniciadas em meados da década dos anos 80. “Eu, pessoalmente, venho trabalhando com a cultura desde 1997, acompanhando, especialmente, o algodão do Cerrado”, lembrou.
Segundo Alderí, a equipe de pesquisadores da Embrapa Algodão está mais focada na busca por melhorias na qualidade da fibra e em novas soluções para fomentar maior sustentabilidade desse agronegócio, na linha das exigências dos clientes por certificação e rastreabilidade do produto, visando, principalmente, a identificação de potenciais novos mercados. Segundo dados da ComexStat – MDIC, os principais destinos da exportação do algodão brasileiro são: China (30%), Vietnã (15%), Bangladesh (13%), Paquistão (em torno de 12%), Turquia (8%), Malásia (4%), Coreia do Sul, Índia e Tailândia (abaixo de 3%).
Os principais projetos em andamento estão concentrados em áreas como o desenvolvimento de sistemas de produção sustentáveis, em pesquisas visando o silenciamento gênico para controle de pragas como a mosca branca, no manejo do bicudo e em novos estudos de melhoramento genético do algodoeiro com foco na resistência a doenças e qualidade de fibra.
Ele detalhou, para um grupo seleto dos principais representantes da cadeia produtiva nacional, que a Embrapa vem operando e direcionando seus esforços tendo como principais desafios dessa cadeia produtiva a atenção aos problemas resultantes do aumento da área cultivada, doenças emergentes, custo de produção e a demanda por novos aportes tecnológicos visando aquilo que está sendo chamado de “agricultura 4.0”.
Os principais projetos são: diagnóstico e manejo de fitonematóides, em parceria com o IBA, o avanço na Plataforma do Bicudo, na busca por variedades transgênicas resistentes a essa praga, manejo de solos em algodão de alta tecnologia no Cerrado da Bahia, com desenvolvimento de sistemas de previsão para a mancha da ramulária, dentro do projeto “Monitora Oeste” em parceria com outros dois centros de pesquisa da Embrapa, e ainda com estudos sobre o manejo de fungicidas para controle da mancha de ramulária e o genoma de fungos causadores desta doença, numa parceria com grupos privados e a Universidade de Brasília.
Alderí informou também que acaba de designar um pesquisador da equipe para atuar exclusivamente junto ao laboratório de fibras da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (AGOPA), em Goiânia.
Redução de áreas
A Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados é uma instância consultiva do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Dados da Conab mostram que a produtividade da pluma brasileira cresceu de 1.684,53 quilos por hectare em 2019 para 1.802,11 esse ano.
As lideranças estaduais do setor fizeram um balanço da safra 19/20 e previsão da safra 20/21. De um modo geral, todos anunciaram redução de área a ser cultivada por dois importantes motivos principais: problemas climáticos (leia-se, seca) e preços mais atrativos para soja e o milho.
Nos números apresentados, Tocantins deverá sofrer uma redução em torno de 64%, Minas Gerais 28%, Mato Grosso do Sul 26%, Goiás 23%, Bahia 15% e Mato Grosso deverá reduzir cerca de 14%. Maranhã, Piauí, Paraná e São Paulo também anunciaram queda no volume de área com a cotonicultura.
A Associação Brasileira de Produtores de Algodão (ABRAPA) está prevendo uma redução de -16% com plantio previsto para 1.372.233 hectares. Já a CONAB prevê redução de apenas -6%, com cultivo em 1.570,000 hectares. Em relação à produção prevista para a safra 20/21, a Conab prevê redução de -11% e a ABRAPA -17%.
Os dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) também apontam queda. A produção têxtil esse ano encolheu -9%. A produção de vestuário: -24%. O vestuário no varejo caiu -20%. E o emprego nesse setor perdeu 60. 436 vagas. De todo modo, segundo Miguel Faus, diretor da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), os preços deverão seguir firmes para os próximos 12 meses. “Mesmo com toda essa crise, tivemos o terceiro melhor ano de produtividade”, disse.
Em 2021 as reuniões da Câmara Setorial deverão ocorrer de maneira híbrida (presenciais e virtuais). O calendário previsto é: 62ª reunião em 30 de março, 63ª em 23 de junho, 64ª em 23 de setembro e a 65ª em 09 de dezembro.
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