Cotonicultura mineira deve crescer mais de 50% em 2019
Os cotonicultores mineiros já têm um bom motivo para comemorar. É que a produção este ano deve ser 67,3% maior do que os números da safra passada. Isso deve colocar Minas Gerais no terceiro lugar do ranking dos maiores produtores brasileiros de algodão. A euforia dos produtores pode ser notada durante o dia de campo que a Associação Mineira dos Produtores de Algodão (AMIPA) promoveu no último dia 4 de julho, na fazenda experimental da entidade, localizada em Santana de Patos, distrito de Patos de Minas (MG). O evento atraiu quase 600 pessoas.
“A Embrapa e a AMIPA estão fortalecendo suas parcerias para desenvolver tecnologias para a produção de algodão no estado de Minas Gerais, principalmente na busca do controle biológico do bicudo do algodoeiro. O manejo dessa praga é, sem dúvida, o nosso maior desafio e os avanços que conseguirmos nesse objetivo serão uma imensa contribuição para a produção sustentável de algodão. Estamos muito felizes com a receptividade que nossa equipe está tendo por parte da AMIPA e dos cotonicultores mineiros”, declarou Liv Soares, chefe-geral Interino da Embrapa Algodão, que esteve presente ao evento.
Os realizadores do dia de campo enfatizaram o aumento de produtividade e ampliaram a discussão sobre mercado para esse agronegócio. A participação da agricultura familiar do semiárido no Norte de Minas surge como nova estratégia do setor.
Durante o dia de campo foi apresentada ao público a marca comercial Trichogramma Amipa, que é um agente de controle biológico desenvolvido pela Fábrica de Produtos Biológicos (Biofábrica). O produto foi testado e aprimorado ao longo dos últimos anos nas propriedades dos associados com bastante sucesso e eficiência no controle de pragas da ordem lepidóptera nas culturas do algodão, soja, milho, ervilha, feijão e tomate.
“É gratificante ver aqui pessoas de São Paulo, Bahia, Goiás. Também pesquisadores da Embrapa de Campina Grande e Sete Lagoas. O intuito é esse, agregar, quanto mais pessoas tivermos aqui, mais conhecimento, mais troca de informações”, observou o presidente da AMIPA, Daniel Bruxel.
Minas deve ter nesta safra aumento de 67,3% e chegar a 73,2 mil toneladas colhidas de algodão em pluma, contra 43,7 mil toneladas na safra anterior, que foi maior 59,2% em relação à temporada 2016/17 que rendeu 27 mil toneladas, segundo dados da própria AMIPA.
O volume de área cultivada saltou de 25,23 mil/ha em 2017/18 para atuais 42,8 mil/ha, 69,6% a mais. A produtividade mineira com 285 arrobas por hectare também está acima da média nacional. “Os números desta safra fazem com que Minas alcance a terceira posição entre os estados maiores produtores de algodão no Brasil, atrás somente de Mato Grosso e Bahia”, salientou o diretor executivo da associação, Lício Pena.
Segundo Pena, das 73,2 mil toneladas de algodão em pluma estimadas para a safra 2018/2019, cerca de 20 mil toneladas estão contratadas com tradings e outras 52 mil toneladas serão destinadas ao mercado interno. A produção mineira já é exportada para 34 países.
Nelci Caixeta, da Cooperação Técnica Ásia/África e Oceania, órgão do Ministério das Relações Exteriores, destacou o papel que deverá ter o Centro de Difusão de Tecnologia do Algodoeiro de Catuti, localizado no Norte de Minas. “Essa iniciativa beneficiará o setor algodoeiro local e permitirá compartilhar experiências de desenvolvimento nessa área com 16 países da África, a exemplo do Benim, Burquina Faso, Burundi, Camarões, Costa do Marfim, Chade, Etiópia, Mali, Quênia, Tanzânia, Moçambique, Malaui, Togo, Senegal, Sudão e Zimbábue”, disse.
Ele lembrou ainda que os cotonicultores do Norte de Minas já puderam colaborar tecnicamente com uma centena de técnicos africanos nos últimos anos. “Esse centro terá uma área construída de 1.204 m², onde abrigará a usina beneficiadora de algodão, escritórios, salas de reuniões e de treinamentos, galpões para máquinas agrícolas e oficina mecânica. Há previsão de conclusão das obras em abril de 2020, cujo financiamento é garantido pela Agência Brasileira de Cooperação, do Ministério das Relações Exteriores”, disse Caixeta.
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