Relações de preços entre as fibras sintéticas, o algodão e o petróleo
A transformação do consumo da indústria têxtil acarretou mudanças nas relações de preços entre as fibras sintéticas, o algodão e o petróleo. Com a mudança brusca de patamar das cotações deste último, as fibras sintéticas (que são derivadas dele) se descolaram da tendência levemente altista do algodão e passaram a seguir mais de perto os preços de sua matéria-prima, ganhando competitividade e ainda mais mercado consumidor.
“Existe um limite inferior nos preços do petróleo, a partir do qual a correlação entre ele e as fibras sintéticas se fortalece, que parece estar próximo dos US$ 86 por barril”, avalia o consultor de algodão da INTL FCStone, Éder Silveira.
Enquanto o petróleo se manteve mais próximo dos US$ 100 por barril, sem grandes oscilações (entre 2011 e 2014, a média foi 95), os preços das fibras sintéticas tendiam a seguir o algodão, seu principal concorrente. Neste período, os preços da commodity agrícola se elevaram significativamente em função de uma restrição de oferta, e as fibras acompanharam.
No entanto, a partir do momento que os preços do petróleo começaram a despencar, em meados do ano passado, e o algodão se manteve em um patamar relativamente estável, os tecidos artificiais passaram a seguir a mesma tendência de preços do combustível fóssil, de maneira muito forte e direta.
A correlação entre eles nos dois últimos anos foi de 0,93. Essa diferença de preço que se abriu entre o algodão e as fibras sintéticas aumentou muito a competitividade da última, que passou a ganhar ainda mais participação no mercado mundial.
A transformação no mercado têxtil também ocorre, segundo estudo divulgado pela consultoria INTL FCStone, por conta da constante mudança tecnológica, que tem melhorado a qualidade e a aceitação dos produtos artificiais pelo mercado consumidor.
Nos últimos dez anos, o uso anual (em kg per capita) de fibras têxteis aumentou significativamente. Enquanto em 2006 este número era 9,9 kg, em 2014 ele saltou para 12kg, um aumento de 2,6% ao ano. Observando apenas a participação das fibras sintéticas, o crescimento anual neste período é ainda maior, de 4,5%, levando a concluir que a elevação do consumo se deu, unicamente, em função dos tecidos artificiais, enquanto a demanda absoluta de algodão permaneceu praticamente estável.
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