Pesquisadores publicam artigo sobre Corynespora em algodoeiro
Uma equipe de pesquisadores do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt) acaba de publicar um artigo no American Journal of Plant Sciences sobre Corynespora em algodoeiro. Elaborado em parceria com pesquisadores do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e com uma pesquisadora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o artigo "Corynespora Leaf Blight of Cotton in Brazil and Its Management" traz informações sobre uma doença que ataca diferentes culturas no País, mas ainda pode ser considerada recente causando danos em algodoeiro.
"Como a mancha-alvo ou a mancha de Corynespora em algodoeiro é algo mais recente no Brasil, não sabemos muita coisa a respeito. Diante do aumento na incidência dessa doença, levantamos alguns questionamentos que implicam diretamente no seu manejo", informam os fitopatologistas Rafael Galbieri, do IMAmt e Yeshwant Mehta do Iapar. Um dos aspectos abordados foi investigar se o fungo que provoca a mancha-alvo no algodoeiro é o mesmo que causa a doença nas lavouras de soja e se há diferença na reação de cultivares do algodoeiro a ele.
"Confirmamos que patógeno causador da doença é o mesmo e que todas as cultivares de algodoeiro plantadas atualmente no Brasil são suscetíveis a Corynespora cassiicola", afirma Galbieri, que assina o artigo junto com Dalt C. E. B. Araújo (IMAmt), Leimi Kobayasti (UFMT), Larissa Girotto, Janaina N. Matos, Mariana S. Marangoni, W. P. Almeida e Yeshwant R. Mehta (Iapar).
Na avaliação do pesquisador do IMAmt, a mancha-alvo é um problema emergente e típico do sistema soja-algodão, em que os agricultores se dedicam ao plantio sucessivo das duas culturas, como primeira e segunda safra. "Somos um instituto de pesquisa criado por uma associação de produtores de algodão (a Ampa), por isso é importante que nossos pesquisadores gerem informações para o manejo de patógenos causadores de doenças e outros problemas que podem afetar a sustentabilidade da cotonicultura mato-grossense - hoje responsável por cerca de 60% da produção brasileira de algodão em pluma", comenta Alvaro Salles, diretor executivo do IMAmt.
Não há efetivamente informações consistentes que demonstrem o dano direto da doença em algodoeiro em Mato Grosso. No entanto, a cada ano, de acordo com o pesquisador Rafael Galbieri, a incidência vem aumentando, principalmente após o fechamento da cultura em épocas de alta umidade e em regiões de maior altitude. "É importante que os técnicos fiquem atentos nas próximas safras aos sintomas da doença, já que a maioria deles não está familiarizada com esse patossistema na cultura do algodoeiro", alerta Galbieri.
Durante dois anos, as equipes envolvidas na pesquisa ajustaram as metodologias para o trabalho com a doença. "Em 2015, com as metodologias ajustadas, a equipe vai avaliar diferentes genótipos de algodoeiro. Acreditamos que podemos encontrar linhagens com resistência", conta Galbieri. Paralelamente a esse trabalho, a equipe do Departamento de Fitopatologia do IMAmt está fazendo alguns ensaios in vitro para pesquisar a reação do fungo Corynespora cassiicola a diferentes fungicidas. A conclusão deste trabalho está prevista para o final de 2015.
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