Defensivos com patentes recuperam espaço
Levantamento realizado pelo Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag), entidade que representa as companhias de especialidades e de genéricos - também chamados de "pós-patente" -, mostra que os produtos com patentes vendidos representaram 58% do faturamento do segmento, que no ano passado foi de US$ 7,3 bilhões. Em 2009, quando as vendas somaram US$ 6,6 bilhões, as especialidades tiveram uma fatia seis pontos percentuais menor, de 52%.
"Quando o produtor está mais capitalizado, ele opta pela especialidade. São produtos com uma tecnologia superior à dos genéricos e em períodos de dólar em baixa passam a ser ainda mais atraentes", afirma Ivan Amancio Sampaio, gerente de informação do Sindag.
Em uma análise mais simplista, a queda da participação dos genéricos na receita do ramo poderia ser justificada pela redução dos preços de alguns produtos, especialmente o glifosato. Essa avaliação justificaria a fatia menor e, teoricamente, elevaria o volume dos genéricos adquiridos pelos agricultores no ano passado. O estudo revela, no entanto, que os genéricos também perderam espaço no volume dos produtos comerciais vendidos.
No ano passado, foram consumidas no Brasil 790,8 mil toneladas de produto comercial - princípio ativo com a adição de solventes, fixadores entre outros produtos químicos. Desse total, 27% foram de defensivos vendidos sob patentes, ficando os genéricos com os 73% restantes. Já no ano anterior, o volume total foi de 725,5 mil toneladas, das quais 19% foram de especialidades e 81% de genéricos.
Situação semelhante ocorre quando se compara a venda dos princípios ativos, a matéria-prima principal para o defensivo comercial. Foram vendidas no ano passado 342,6 mil toneladas de produto, sendo 19% de produtos ainda com patentes e 81% já sem a restrição. Em 2009, a divisão foi de 85% para os genéricos e apenas 15% para as especialidades.
Até mesmo a Associação Brasileira dos Defensivos Genéricos (Aenda) - entidade que representa as companhias de genéricos - reconhece que os recentes avanços em produtividade obtidos pela agricultura brasileira estimulam os produtores a buscar novas tecnologias. "As recentes reavaliações realizadas pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] também retiraram do mercado genéricos importantes e conhecidos, caso do Endosulfan [inseticida] e da Cihexatina [acaricida]", afirma Tulio Teixeira de Oliveira, diretor executivo da Aenda.
Segundo Oliveira, a entrada no Brasil de genéricos vindos especialmente da China e da Índia é outro fator que explica a queda na participação desse tipo de produto no faturamento do setor. Com o dólar em baixa a importação é favorecida, o que acaba fazendo com que as empresas instaladas no país reduzam os preços para tentar não perder espaço para as concorrentes.
Aliado à pressão de preços na indústria dos genéricos e à busca por novas tecnologias, outro fator que levou o produtor a procurar mais as especialidades no ano passado foi a resistência a alguns defensivos. Para Eduardo Daher, diretor executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) - entidade que representa as empresas de produtos com patentes -, as novas pragas e doenças que surgem na agricultura levam o produtor a buscar outras alternativas.
"O que vale na agricultura é a relação de troca, que está favorável ao produtor devido aos preços das commodities. Quando isso acontece, o agricultor tende a cuidar melhor de sua lavoura e correr menos riscos", afirma Daher.
Do ponto de vista dos negócios, a expectativa é que as especialidades continuem ganhando espaço. Líder no mercado de defensivos no Brasil, atuando tanto no segmento de especialidades quanto de genéricos, a suíça Syngenta acredita que a tendência será mantida. "Quando o produtor tem contato com a tecnologia mais avançada, dificilmente ele volta para a antiga, mesmo que os preços das commodities recuem. Ele passa a fazer a conta pelo tento que a planta fica protegida e não olha mais apenas para o valor do produto", afirma Alexandre Gobbi, diretor de marketing no Brasil.
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