Desenvolvimento é sustentado por 3 setores em MT

Publicado em 25/04/2011 10:26

Nem só do agronegócio sobrevive a economia mato-grossense. O Estado tem o maior Valor Bruto da Produção (VBP) agrícola do país, com R$ 33,3 bilhões previstos para este ano, e ainda possui o título de líder na criação de bovinos, com 28,7 milhões de cabeças. Porém, isso não significa que esses setores são os pilares que sustentam o desenvolvimento do Estado. Ainda restam dúvidas sobre os benefícios destas riquezas para os cidadãos comuns. Especialistas acreditam que os segmentos de comércio e serviços são os principais responsáveis pelo crescimento de Mato Grosso, seja por meio da arrecadação de impostos ou pela geração de empregos. Também são os que diretamente beneficiam os mato-grossenses.

Pelo menos é o que analisa o economista e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), José Manuel Marta. Para ele, os setores do comércio e serviços deixam no próprio Estado os recursos provenientes das atividades. Já o agronegócio gera altos dividendos, mas como os produtos são exportados, acabam beneficiando os países importadores, já que muitos deles realizam o processo de industrialização no destino.

Outro ponto é a diferença na geração de empregos. Para se ter uma ideia da importância do setores comercial e de serviços foram criados 188,2 mil postos de trabalho em todo o ano de 2010 no Estado. Já o agronegócio empregou 84,8 mil trabalhadores no mesmo período, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério de Trabalho e Emprego (MTE).

José Manuel Marta admite que o agrobusiness tem potencial para se ocupar o topo da economia mato-grossense, mas que essa condição esbarra no baixo nível de industrialização no Estado. Explica ainda que boa parte do que é produzido, é revendido in natura, como é o caso da soja. Dos US$ 5,120 bilhões negociados internacionalmente com oleaginosa em 2010, 55% eram em grãos, o equivalente a US$ 3,289 bilhões. No total, Mato Grosso embarcou US$ 8,45 bilhões em produtos oriundos do campo, segundo levantamento da Secretaria de Industria, Comércio, Minas e Energia de Mato Grosso (Sicme).

Os número são diferentes dos relacionados à importação realizada pelo Estado, que nos 12 meses do ano passado alcançou US$ 988 milhões. "As indústrias ainda precisam importar muito para fomentar a produção mato-grossense". O economista acrescenta ainda que o comércio e serviços representam 55% do Produto Interno Bruto (PIB) de Mato Grosso, sustentando a relevância desses segmentos.

Já o economista Paulo Rabello de Castro acredita na importância da agricultura para a economia de Mato Grosso. "É como a chuva que cai na cabeceira de um rio e tem efeito cascata". Mas ele ressalta para a necessidade de incorporação da indústria na etapa de produção. Além disso, acrescenta que há necessidade de políticas públicas voltadas para a atração de empresas ao Estado no intuito de promover a competitividade com as demais regiões do país.

Conforme Castro, além da agregação de valor é preciso criar mecanismos para capacitar com mais precisão a mão de obra mato-grossense. O especialista argumenta que a renda do agronegócio tem potencial para aumentar dos atuais R$ 17 bilhões para R$ 30 bilhões até 2020, alta de 76%. Segundo Rabello esse incremento deve influenciar o PIB de Mato Grosso, que poderá alcançar R$ 127 bilhões nos próximos 9 anos. O volume estimado é 95% maior se comparado ao calculado para este ano, de R$ 63 bilhões.

Para acompanhar as projeções do PIB, o economista afirma que o Estado precisaria de R$ 1,2 bilhão por ano a mais em investimentos para infraestrutura, além dos recursos já programados.

Setores - Seneri Paludo, diretor-executivo da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), defende que o agronegócio influencia diretamente toda a economia do Estado. Ele explica que quanto maior for o valor da produção (que é tudo o que o Estado produz multiplicado pelo preço do produto no mercado) maior é valor dos recursos que circula na região produtora.

O representante do agronegócio pontua que o setor contribui para o faturamento de outras atividades e na continuidade da geração de empregos. "Para cada R$ 1 investido na produção agrícola, por exemplo, são acrescentados R$ 11 na economia do Estado". De acordo com o vice-presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Mato Grosso (Fecomércio/MT), Roberto Peron, o agronegócio deixa "rastros" nos demais setores da economia do Estado. Ele comenta que o comércio e serviços devem acompanhar a expansão da pecuária, agricultura e demais atividades. "Onde há produção no campo deve existir um comércio estabelecido para oferecer opções de consumo aos trabalhadores rurais". Peron observa que os setores estão interligados.

População - Entre os cidadãos o assunto também divide opiniões. O professor Carlos Veiga, 42, acredita que é pequena a relação comércio versus agronegócio. Para ele, tudo o que se é produzido no Estado é enviado a outros países. "Nos derivados de soja, por exemplo, a maioria é industrializada em outras regiões brasileiras e volta para Mato Grosso com valor agregado. O consumidor é o mais penalizado, por ter que pagar mais caro".

Já o bancário Helder Lemes de Almeida, 43, pontua que as relações entre as duas bases econômicas vão desde o fator econômico até o ambiental. Ele explica que se o agronegócio provoca desmatamento há prejuízos para as demais atividades, principalmente para o consumidor. Em valor faturado, Almeida acredita que o agronegócio beneficia os demais elos da cadeia, por promover renda no Estado.

Produção - A produção de grãos mato-grossense representa 18,9% do que se é cultivado nas lavouras do país. Levantamento mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostra que o Estado a safra 2010/2011 será responsável pela produção de 29,8 milhões de toneladas de grãos, enquanto a nacional totalizará 157,4 milhões (t). Mato Grosso só perde a liderança para o Paraná que tem produção de 32,5 milhões (t).

Além de ser o maior produtor de soja com 20 milhões (t), o Estado ainda se destaca na produção de algodão em pluma (1,045 milhão/t) e no cultivo de girassol (69,5 mil/t). Também ocupa a segunda posição na produção de milho (7,1 milhões/t) e a terceira colocação no cultivo de arroz (687 mil/t).

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Fonte:
A Gazeta

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