Mercado prevê preços baixos para safras de milho e soja
Nesta terça, dia 4, o seminário Perspectivas para o Agribusiness, que ocorre uma vez por ano, discutiu em paineis separados as tendências para cada um dos produtos agrícolas.
Uma das conclusões do evento é de que os produtores de soja e milho devem ficar alertas para a próxima safra. Segundo os analistas, a tendência é de preços iguais ou menores que os atuais. Já os pecuaristas não têm motivo de preocupação. A demanda, tanto aqui dentro como lá fora, está aquecida, o que leva os especialistas a acreditarem que a arroba vai se manter firme nos curto e médio prazo.
O painel de perspectivas do mercado de milho ficou lotado. Talvez devido ao sinal da preocupação que ronda o setor já há algum tempo. Há mais de um ano, produtores do grão enfrentam um ciclo de preços baixos que parece não terminar. O cenário negativo levou o governo a intervir, promovendo leilões para escoar a produção. Porém, o que era pra ajudar acabou atrapalhando, e, segundo Fernando Muraro, da Agrural, está provocando distorções no mercado de milho.
— Sem querer, nós distorcemos outros mercados que estão localizados melhor logisticamente e tem preços desestimulados. Ao incentivar o plantio de safrinha em MT e no Cerrado como um todo, nós desestimulamos o plantio de milho no sul do Brasil. É preocupante — diz Muraro.
Os problemas não param por aí. A estimativa é que os preços se mantenham baixos para a próxima safra. Um dos motivos é boa oferta no mercado mundial.
— A gente corre o risco de os americanos aumentarem a área plantada. Esse a safra americana for boa, a pressão no segundo semestre vai ser grande também para o Brasil, então a tendência é de estabilidade a baixa enquanto chega a safra dos EUA — avalia o especialista.
A tendência também é de preços baixos no caso da soja. Os principais países produtores, Estados Unidos, Brasil e Argentina, projetam grandes safras para o ciclo 20102011, o que, segundo André Pessoa, da Agroconsult, deve elevar os estoques mundiais. O estoque, que na metade deste ano deve ser de 53 milhões de toneladas, vai ser ainda maior no ano que vem. Se sobra produto, o preço cai.
— No ritmo que a gente espera de produção futura para a temporada 2010/2011, nós podemos chegar a mais de 60 milhões de toneladas de soja daqui um ano no mercado internacional, o que seria motivo suficiente para uma pressão baixista sobre os preços. Preços entre US$ 9,5 e US$ 9 o bushel, bem mais baixo dos quase US$ 10 que temos nesse momento — explica Pessoa.
Já no setor da pecuária de corte, as estimativas são otimistas. O analista acredita que a arroba do boi gordo vai se manter nos patamares atuais, acima dos R$ 80. O que, segundo ele, é bom para o pecuarista. A explicação está na oferta reduzida no mercado interno, já que produtores estão retendo fêmeas para aproveitar os altos preços do bezerro. Ao mesmo tempo, demanda aqui e lá fora permanece aquecida.
— Então eu sou razoavelmente otimista do ponto de vista de alguma recuperação de mercado externo que nós perdemos muito por conta da crise no ano passado e acredito que a demanda interna vai estar extremamente aquecida. Quando eu combino uma oferta mais restrita, segurando fêmeas por conta dos bons preços de bezerro com uma demanda aqui dentro e lá fora firmes, mas dá um sentimento de que os preços devem seguir em bons patamares. Não vejo também nenhuma explosão de preços — conclui André Pessoa.
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