Indonésia suspeita de óleo de palma virgem misturado às exportações de óleo de cozinha usado

JACARTA (Reuters) - A Indonésia disse nesta quinta-feira que suas exportações de óleo de cozinha usado e resíduos de óleo de palma excederam a capacidade de produção nos últimos anos, indicando que óleo de palma bruto (CPO) estava sendo misturado, o que levou o país a emitir uma regulamentação que restringe embarques nesta semana.

O maior exportador mundial de óleo de palma emitiu na quarta-feira um decreto ministerial restringindo os embarques de óleo de cozinha usado e resíduos de óleo de palma, com o objetivo de evitar um possível déficit de CPO para as indústrias nacionais.

Dados do Ministério do Comércio da Indonésia mostraram que as exportações de efluentes de fábricas de óleo de palma (POME) e de resíduos de óleo de palma de alta acidez (HAPOR) em 2023 e de janeiro a outubro de 2024 excederam em muito a estimativa do governo indonésio de capacidade total de cerca de 300.000 toneladas.

POME e HAPOR são produtos de resíduos de óleo de palma que podem ser usados para fazer biocombustível ou fertilizante.

Os embarques de ambos os produtos atingiram 3,45 milhões de toneladas em janeiro-outubro de 2024 e 4,87 milhões de toneladas em 2023. Isso se compara às exportações de CPO de 2,70 milhões de toneladas nos primeiros 10 meses de 2024 e 3,6 milhões de toneladas em 2023.

O ministério também disse que houve um aumento de 21% nas exportações de POME e HAPOR entre 2019 e 2023, em comparação com uma queda de 20% nas exportações de CPO no mesmo período.

"Isso justifica (a visão) de que o POME e o HAPOR exportados não eram puramente de resíduos ou processamento de CPO usado, mas também eram uma mistura de CPO virgem", disse o ministro do comércio Budi Santoso em comunicado à imprensa.

Budi disse que, sem regulamentações para restringir as exportações, a disponibilidade de CPO para uso doméstico poderia estar em risco.

(Reportagem de Dewi Kurniawati)