CNA diz que vai adotar medidas contra Carrefour e outras empresas francesas em Bruxelas
SÃO PAULO (Reuters) - A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) anunciou nesta terça-feira vai adotar medidas junto à União Europeia contra o Carrefour e outras companhias francesas, após o presidente do grupo supermercadista francês se manifestar contra carne do Mercosul, questionando sua qualidade.
Segundo o consultor jurídico da CNA, Carlos Bastide Horbach, a entidade já está em tratativas com o escritório que atende a confederação em Bruxelas para avaliar a manifestação do Carrefour e de diversas outras empresas francesas.
A polêmica se seguiu a um boicote momentâneo de vendas de frigoríficos brasileiro para o Carrefour Brasil, maior rede de supermercados do país. Nesta terça-feira, a situação começou a voltar ao normal, depois que o presidente mundial do grupo pediu desculpas ao setor agropecuário brasileiro por críticas feitas na semana passada.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro afirmou que, com o pedido de desculpas do presidente do Carrefour, o episódio foi superado. Mas, segundo ele, a situação mostrou que quem "ofender" o agronegócio brasileiro terá "resposta à altura".
"Nós fomos surpreendidos pela atitude do Carrefour e outras empresas que, de uma hora para outra, procuraram mostrar uma imagem de que a carne que estamos colocando na Europa não é uma carne de qualidade, não atende os padrões europeus", disse o presidente da CNA, João Martins, em nota.
"Isso não é verdade porque o Brasil se tornou o maior exportador do mundo, não só atendemos Estados Unidos, Europa, Oriente Médio como também China e países asiáticos", acrescentou ele.
Segundo Horbach, falas de empresas francesas que contariam com o apoio do governo da França, contrário a um acordo do Mercosul com a União Europeia, "podem caracterizar uma violação das regras de defesa da concorrência da União Europeia".
"Por isso, a CNA vai formalizar uma reclamação junto aos órgãos da União Europeia para fazer valer a liberdade econômica e a proteção da produção brasileira naquele mercado específico", disse o consultor.
A entidade está avaliando ainda quais medidas podem ser tomadas.
Além do caso Carrefour, um alto executivo da francesa Danone na França afirmou à Reuters em outubro que a empresa não compraria mais soja brasileira, em posição contrária à da companhia no Brasil, que afirmou que segue comprando a oleaginosa brasileira. A CNA não citou a Danone em nota.
(Por Roberto Samora)
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