Mulheres estão buscando capacitação para assumirem seus espaços no agro, diz Carminha Missio
"Eu nasci na agricultura, cresci na agricultura. O meu amor à terra é indescritível. O meu amor ao agro não tem palavras que possam descrever". É assim que Carminha Missio, líder de uma das grandes empresas sementeiras do Brasil, produtora rural no oeste baiano, vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb), descreve sua relação com o setor agrícola.
Ela liderou um painel sobre a presença das mulheres baianas no agronegócio durante o evento E-Agro, realizado entre os dias 7 e 9 de novembro em Salvador, na Bahia. Entre os temas do evento, estiveram assuntos como oportunidades com utilização de inteligência artificial, práticas sustentáveis no agro, além da relevância do setor sindical.
"Eu diria que a mulher passou a procurar o lugar dela, se capacitar para assumir o espaço dela. Demorou muito tempo para a atuação das mulheres ser vista. Elas já atuavam nos bastidores, mas anonimamente, e de alguns anos para cá começou a ganhar um espaço em virtude disso".
Ela cita que isso se deve ao advento da tecnologia e da comunicação, explicando que quando as produtoras têm contato com vários veículos de comunicação abordando os assuntos referentes ao agro com responsabilidade, com ética, respeito à cadeia produtiva e seus vários assuntos, isso faz com que as mulheres sintam confiança para ocuparem os espaços delas e enfrentarem os desafios do cotidiano dentro e fora das porteiras de suas propriedades.
Por falar em comunicação, Carminha relata que o grupo Faeb Mulher está fazendo um trabalho para criar uma comunicação mais abrangente em todo o Estado da Bahia, encaminhando ofícios para cada presidente de sindicatos rurais para que identifiquem mulheres que possam atuar como multiplicadoras de informação e agregadoras para outras mulheres.
"São pouco mais de 100 sindicatos, e solicitamos que eles identificassem algumas mulheres que tenham v[inculo com o agro e possam se tornar lideranças, vozes e ouvidos para outras produtoras. E aí tivemos 96 mulheres indicadas por 53 sindicatos. A intenção é que elas nos ajudem a comissão das mulheres a fazer o trabalho efetivo de comunicação e orientação para que cada uma se fortaleça dentro da sua área de atuação para ser voz e ouvido nesta cadeia produtiva".
De acordo com Carminha, falta justamente conhecimento para que mais mulheres ligadas ao agro emerjam. "Quando nós falamos sobre a Faeb, ela abraça todas as demandas, trabalhando para o pequeno, médio e grande produtor. E quando nós falamos do pequeno produtor, às vezes ele não consegue acessar determinados cursos que capacitem as mulheres, ou determinadas formações que mostrem a importância do aprender correto para poder crescer e prosperar na atividade rural".
Ela explica que um dos papéis principais da Faeb Mulher da Federação em si é alcançar os pequenos e torná-los grandes produtores rurais ou pessoas que, pelo menos, realizem os próprios sonhos e que sustentem suas próprias famílias, retirando da terra aquilo que precisam para viver e crescer.
"É preciso que a mulher tenha um legado no campo, uma capacitação para que ela consiga assumir atividades na propriedade. É também sobre a sucessão familiar que a Federação se preocupa, e a mulher é um fator preponderante para a sucessão familiar. Por mais que a mulher seja , dentro de vários cenários possíveis de famílias inseridas no agro, com suas diferentes demandas, um agricultor médio, por exemplo, a mulher às vezes faz a parte de recursos humanos, mas ela não tem a palavra final e muitas vezes não conhece os processos que envolvem a gestão na integralidade de sua propriedade. Estamos abordando isso trazendo cursos técnicos que tragam esta capacitação".
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