Com R$90 bilhões em renegociações de dívidas, agro vive momento de juros altos e risco de crise de crédito
Reportagem realizada com o apoio da
A safra 2024/25 está apenas começando, mas já enfrenta um cenário desafiador. O ano de 2024 foi marcado por baixas nos preços das commodities e crises climáticas que afetaram severamente grandes regiões produtoras de grãos. Além disso, a dificuldade de acesso a crédito impactou muitos produtores que não conseguiram quitar suas dívidas da última safra, resultando em cerca de R$90 bilhões em renegociações em um contexto de juros altos, enquanto as instituições financeiras se resguardam para evitar maiores prejuízos.
Esse aumento das dívidas também elevou os pedidos de recuperação judicial no setor, especialmente entre revendedoras de insumos. De acordo com a Serasa Experian, o número de pedidos de recuperação judicial (RJ) de produtores rurais pessoa física aumentou 529% no segundo trimestre de 2024, somando 214 solicitações, em comparação com 34 pedidos no mesmo período de 2023. Entre arrendatários e grupos familiares do setor, foram registrados 99 pedidos.
Os estados de Mato Grosso e Goiás lideram esse movimento, com 57 e 54 pedidos, respectivamente. Embora o número absoluto ainda seja pequeno comparado ao universo de 1,4 milhão de produtores que tomaram crédito rural nos últimos dois anos, a concentração de RJs nesses estados têm preocupado credores, principalmente os que começaram a operar recentemente na região. O setor agropecuário brasileiro registrou também um aumento expressivo nos pedidos de RJ entre produtores rurais pessoa jurídica (PJ), com 121 solicitações entre abril e junho, um aumento de 40,6% em relação ao trimestre anterior.
“O risco é que essa situação limite o crédito, um dos motores de crescimento do consumo e de investimentos. Embora uma crise de crédito, o chamado 'credit crunch,' não seja o cenário mais provável, o aumento do risco pode levar os bancos a aplicar taxas mais altas e serem mais seletivos nas concessões”, comenta Carlos Cogo, consultor da Cogo Inteligência em Agronegócio.
Dados do Banco Central mostram que o crédito rural concedido entre julho e setembro de 2024, período de maior captação de recursos para o plantio da soja, somou R$ 121,8 bilhões, uma queda de 25,6% em relação ao mesmo período de 2023, devido a crédito mais restrito, embargos ambientais, inadimplências e falta de recursos.
“A maior dificuldade foi lidar com as negativações por atrasos, o que gerou escassez de crédito. Outra dificuldade, que afetou todos os produtores, mesmo os que pagaram suas contas, foi o aumento das exigências de garantias para a concessão de crédito”, argumenta David Télio, especialista em crédito da TerraMagna.
O aumento da inadimplência também afetou fornecedores, levando a atrasos na entrega de insumos para o plantio e complicando o início da nova safra, especialmente em Mato Grosso, onde as chuvas atrasaram.
“Para a soja 2024/25, o maior desafio é o preço. Segundo a Safras & Mercado, as vendas antecipadas da safra estão em torno de 24,8% da produção, abaixo do usual. Com a perspectiva de grandes estoques globais de soja em 2025 e uma demanda fraca, os preços em Chicago devem permanecer nos níveis atuais. Somado ao possível impacto da queda do câmbio, caso investidores estrangeiros invistam no Brasil, os produtores mantêm uma postura especulativa em relação aos preços futuros da soja”, finaliza Télio.
Leia mais:
+ Agrural: Plantio de soja vai a 54% no Brasil e é o 2º mais acelerado da história
+ PODCAST DO NA #54 - Novo Centro de Tecnologia impulsiona inovação e sustentabilidade na agricultura brasileira
Golden Harvest projeta safra de alto rendimento e traz alternativas para os sojicultores brasileiros
Diante de um cenário de crise de crédito rural no Brasil, devido a duas safras de grande desafio para o produtor brasileiro, a busca por um portfólio de cultivares que proporcione alto teto produtivo, trazendo rentabilidade para o produtor, é fundamental para um ano que existe uma boa percepção dos pesquisadores com relação a clima e potencial de produção.
Esse portfólio pode ser encontrado na Golden Harvest, marca de sementes de soja da Syngenta que há dois anos chegou dos Estados Unidos para o mercado do Brasil, com o propósito de trazer inovação e tecnologia que proporcionarão melhores rendimentos aos produtores.
Com cultivares amplamente adaptadas às condições do país e de alto teto produtivo, a Golden é uma ótima alternativa para os produtores que buscam uma recuperação diante do cenário difícil.
Com ritmo de plantio acelerado, onde as cultivares foram posicionadas dentro da janela de semeadura ideal, a projeção da safra 24/25 é muito promissora, trazendo uma possibilidade para os produtores que planejam realizar uma segunda safra, alcançando rentabilidades ainda maiores.
0 comentário
Prosa Agro Itaú BBA | Perspectivas para a indústria da soja e a Lei "Combustível do Futuro"
Fertilizantes produzidos com tecnologias sustentáveis reduzem emissões de gases nocivos e integram nova etapa da agricultura regenerativa
FPA leva produção agropecuária do Brasil para a COP-29
Brasil e China estão perto de acordo em miúdos suínos e pescados, dizem fontes
Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul
Pedidos de recuperação judicial de empresas do setor agro crescem no País