Nova CEO da Petrobras defende apoio à indústria de fertilizantes
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras precisa ajudar a desenvolver o mercado de fertilizantes no Brasil, setor que historicamente enfrenta dificuldades no país devido aos custos mais altos do gás, importante insumo para a indústria, disse a nova presidente executiva da estatal, Magda Chambriard, nesta segunda-feira.
Em sua primeira entrevista a jornalistas após assumir o cargo, ela afirmou ainda que a Petrobras tem "obrigação" de ajudar a reforçar as cadeias produtivas nacionais.
"Está no nosso planejamento estratégico a questão dos fertilizantes. O Brasil importa 80% dos fertilizantes que utiliza, e uma grande parte são fertilizantes nitrogenados. A Petrobras vende petróleo e gás. Então, se ela tem um produto gás, faz sentido ser vendido para fertilizantes", afirmou.
Chambriard afirmou que, se Petrobras tiver que baixar um pouco o preço do gás para ganhar mercado, "está valendo", desde que a operação seja lucrativa também.
Ela reforçou que a venda de gás para indústria de fertilizantes nacional "não será a qualquer preço".
Tanto o desenvolvimento da industria de fertilizantes no país, grande produtor de alimentos, como o reforço da indústria naval, importante geradora de empregos, estão entre as preocupações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que precisam ser atendidas pela Petrobras, segundo pessoas do governo.
Um acordo da Petrobras com a Unigel para a retomada da operação de duas unidades de fertilizantes nitrogenados enfrentou barreiras do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A nova CEO da estatal acrescentou que será preciso explicar aos órgãos de controle que o apoio à produção de fertilizantes pode, ainda assim, ser lucrativo, atendendo ainda uma prioridade nacional, já que o Brasil importa grande parte de suas necessidades de adubos.
Para Chambriard, não pode haver regras de compliance que gerem "um imobilismo" da companhia.
Ela ainda opinou que a exploração de petróleo na Margem Equatorial, que enfrenta desafios ambientais na Foz do Amazonas, precisa ter debates mais aprofundados no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) à luz dos interesses nacionais de desenvolvimento de uma nova fronteira petrolífera.
(Por Rodrigo Viga Gaier e Fábio Teixeira)
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