Dólar se aproxima dos R$5,27 impulsionado por exterior; BC só observa

Publicado em 16/04/2024 17:57 e atualizado em 16/04/2024 19:01
Apesar do forte movimento, o Banco Central do Brasil se manteve novamente fora do mercado.

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Por Fabricio de Castro

(Reuters) - O dólar à vista fechou a terça-feira em forte alta no Brasil, na quinta sessão consecutiva de valorização, e atingiu o maior valor visto em mais de um ano, em meio ao avanço generalizado da moeda norte-americana no exterior, com investidores reagindo à perspectiva de juros altos nos EUA por mais tempo e às tensões no Oriente Médio, além de, localmente, às preocupações com as contas públicas.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 5,2686 reais na venda, em alta de 1,64%. Este é o maior valor de fechamento para a moeda norte-americana desde 23 de março de 2023, quando encerrou em 5,2898 reais. Em cinco dias úteis, a divisa acumulou elevação de 5,23% ante o real. Apesar do forte movimento, o Banco Central do Brasil se manteve novamente fora do mercado.

Às 17h47, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,67%, a 5,281 reais na venda.

Assim como em sessões anteriores, a moeda norte-americana se firmou em alta logo no início da sessão, em meio ao movimento global de reprecificação dos cortes de juros pelo Federal Reserve após a divulgação de dados fortes sobre a economia norte-americana.

Com o avanço firme das taxas dos Treasuries, o dólar também subia ante as demais moedas, incluindo o real.

“Haverá ou não dois cortes de juros este ano nos EUA? Esta é a grande pergunta”, comentou o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, ao justificar o forte movimento de alta para o dólar em todo o mundo.

“Chama a atenção o grande movimento de ‘stop’ na posição dos bancos norte-americanos em juros, com eles mudando para setembro ou dezembro o início dos cortes”, acrescentou.

Também contribuíam para o avanço do dólar os receios em torno dos conflitos no Oriente Médio, após o Irã atacar Israel no fim de semana, e localmente as preocupações com o equilíbrio fiscal brasileiro, após o governo anunciar a redução da meta fiscal para 2025.

Neste cenário, o dólar à vista variou da mínima de 5,1866 reais (+0,06%) às 9h, na abertura, à máxima de 5,2879 reais (+2,01%) às 11h59.

Apesar da disparada do dólar durante a sessão, o Banco Central novamente apenas observou os negócios, sem realizar leilões extras de swap cambial ou de venda de dólares com compromisso de recompra -- ações que, em outros anos, a instituição adotou para reduzir a volatilidade.

Para alguns profissionais, a forte alta do dólar ante o real já justificava a atuação do BC.

“Acho que era o momento sim de fazer algo para conter a volatilidade, principalmente porque não vejo fundamentos claros para o dólar estar no atual patamar”, comentou Matheus Massote, especialista de câmbio da One Investimentos. “Mas a gestão do Roberto Campos Neto no BC nunca foi intervencionista e sempre demonstrou cautela ante de atuar no câmbio”, acrescentou.

Para Cleber Alessie Machado, gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, o fato de o dólar estar subindo em todo mundo -- e não apenas no Brasil – desestimula a intervenção do BC. Na prática, a venda de dólares por parte da autarquia seria como “enxugar gelo”, já que o movimento de alta é global.

“O mercado vem se adequando a uma leitura de que não apenas o Fed deve retardar o início do corte de juros, como também o tamanho do ciclo deve ser menor”, avaliou Machado. “Com isso, há um reajuste muito profundo das carteiras globais, que leva não apenas a curva de juros norte-americana para cima como também o dólar.”

No mercado brasileiro de juros futuros, os efeitos desta reprecificação dos cortes pelo Fed também são perceptíveis.

Profissionais ouvidos pela Reuters pontuaram ainda que, em função do ambiente nebuloso, hoje é difícil saber em quais níveis o dólar vai se estabilizar. Um cenário de cotações mais próximas de 5 reais, no entanto, parece improvável neste momento, segundo eles.

Em conversa com jornalistas em Washington nesta terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, atribuiu a maior parte da alta do dólar ao cenário externo.

"Tem muita coisa que está fazendo com que o mundo esteja atento ao que está acontecendo nos EUA, e o dólar está se valorizando frente às demais moedas. Eu diria que isso não explica o que está acontecendo no Brasil, mas explica dois terços do que está acontecendo no Brasil", defendeu.

No exterior, o dólar seguia em alta firme ante as demais moedas no fim da tarde.

Às 17h46, o índice do dólar --que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas-- subia 0,17%, a 106,380.

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Fonte:
Reuters

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