"Muitos podem morrer", alerta ONU após fim do acordo de grãos do Mar Negro

Publicado em 21/07/2023 13:44 e atualizado em 21/07/2023 14:22

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Por Michelle Nichols

NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - O aumento nos preços dos grãos desde que a Rússia deixou um acordo que permitia a exportação segura de grãos da Ucrânia pelo Mar Negro "ameaça potencialmente a fome e pior que isso para milhões de pessoas", disse o chefe de ajuda da Organização das Nações Unidas ao Conselho de Segurança na sexta-feira.

A Rússia deixou o acordo de grãos do Mar Negro na segunda-feira, dizendo que as demandas para melhorar suas próprias exportações de alimentos e fertilizantes não foram atendidas e reclamando que grãos ucranianos não tinham chegado a países pobres em volumes suficientes.

Os contratos futuros de trigo dos EUA em Chicago subiram mais de 6% esta semana e tiveram seu maior ganho diário na quarta-feira desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, mas reduziram alguns desses ganhos na sexta-feira em parte devido às esperanças de que a Rússia possa retomar as negociações sobre o acordo.

"Os preços mais altos serão sentidos de forma mais aguda pelas famílias nos países em desenvolvimento", disse Martin Griffiths ao Conselho de 15 membros, acrescentando que atualmente cerca de 362 milhões de pessoas em 69 países precisam de ajuda humanitária.

"Alguns passarão fome, alguns morrerão de fome, muitos podem morrer como resultado dessas decisões", disse ele.

O acordo foi negociado há um ano pela ONU e pela Turquia para combater uma crise alimentar global agravada pela invasão da Rússia em fevereiro de 2022. A Ucrânia e a Rússia são os principais exportadores de grãos.

A ONU argumentou que o acordo do Mar Negro beneficiou os países mais pobres ao ajudar a baixar os preços dos alimentos em mais de 23% globalmente. O Programa Mundial de Alimentos da ONU também embarcou cerca de 725.000 toneladas de grãos ucranianos para ajudar as operações no Afeganistão, Djibuti, Etiópia, Quênia, Somália, Sudão e Iêmen.

Mas Mikhail Khan, um macroeconomista que a Rússia pediu para apresentar um informe ao Conselho de Segurança, disse que os países mais pobres receberam apenas 3% dos grãos.

"A avaliação qualitativa do impacto do acordo de grãos em termos de provisões de grãos ucranianos para os mercados globais não é essencialmente muito significativa", disse ele.

"POTENCIALMENTE CATASTRÓFICO"

A Rússia está negociando exportações de alimentos para os países mais necessitados após sua saída do acordo, mas ainda não assinou nenhum contrato, disse o vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Vershinin, em Moscou nesta sexta-feira.

A Rússia atacou as instalações de exportação de alimentos da Ucrânia pelo quarto dia consecutivo nesta sexta. Moscou descreveu os ataques a portos como uma vingança por um ataque ucraniano na ponte da Rússia para a Crimeia na segunda-feira.

"A nova onda de ataques aos portos ucranianos corre o risco de ter impactos de longo alcance na segurança alimentar global, em particular nos países em desenvolvimento", disse a chefe de assuntos políticos da ONU, Rosemary DiCarlo, ao Conselho de Segurança.

A Rússia disse que agora vai considerar qualquer navio que navegue para os portos ucranianos do Mar Negro como possivelmente transportando cargas militares. Kiev respondeu anunciando medidas semelhantes contra embarcações com destino à Rússia ou território ucraniano ocupado pela Rússia.

DiCarlo disse que essas ameaças eram "inaceitáveis".

“Qualquer risco de propagação do conflito como resultado de um incidente militar no Mar Negro – seja intencional ou acidental – deve ser evitado a todo custo, pois isso pode resultar em consequências potencialmente catastróficas para todos nós”, disse ela.

O presidente turco, Tayyip Erdogan, espera se encontrar com o presidente russo, Vladimir Putin, no próximo mês e disse que essas negociações podem levar à restauração do acordo de grãos do Mar Negro, pedindo aos países ocidentais que considerem as demandas da Rússia, noticiaram emissoras turcas nesta sexta-feira.

(Reportagem de Michelle Nichols; reportagem adicional de Sybille de La Hamaide em Paris)

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Fonte:
Reuters

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1 comentário

  • Gilberto Rossetto Brianorte - MT

    Alguém avisa a ONU que o Estado de Mato Grosso sozinho produz anualmente 100 milhões toneladas de COMIDA, soja e milho, fora os 40 milhões de bois (CARNE), bilhões de frangos (CARNE). No entanto, um partido chamado PSOL (base do atual governo) comungado com ONGs ambientalista e diante de uma decisão monocrática do Ministro Alexandre de Moraes, estão a impedir a construção de uma ferrovia (Ferrogrão) para levar toda essa COMIDA para o mundo se alimentar.

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    • leandro carlos amaral Itambé - PR

      Os 3 estados do sul não está tendo vantagem nenhuma em continuar na federação.....já tá passando da hora de separar.... ajuda aos pobres vai tudo pro nordeste, dinheiro do plano safra vai tudo prós barões do MT....o povo só sul só tá sobrando a conta..

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    • CLELITON LIMA DALBEN Capitão Leônidas Marques - PR

      Verdade, pra nós irmos pra frente ou é deixar os estados independentes, ou separar, eu acho mais, que mato grosso do sul e mato grosso entram na separação e se juntam com o estados do sul, aí já libera uma boa parte dos produtores, porque, ficar na mão de uma desgraça dessa na cadeira de presidente e dessa esquerda maldita, ninguém aguenta, vamos ser escravos pra sempre, freio de mão puxado, o sul e o centro oeste já não queria o lula, se somar o sul e centro oeste, deve dar mais de 80% de média de rejeição, falavam do Bolsonaro falar besteira, mas quem assiste os cortes dos discursos do lula vê que o cara fala merda pelo cotovelo, anda com um papo de nazista, chamando bolsonaristas ou quem votou no Bolsonaro ou metade da população de animais e que deveriam ser extirpados, essas frases são Hitler e nazistas sobre os judeus. Nós estamos a passos largos para o comunismo e grande parte do parlamento tem culpa, a justiça desse país nem deve ser considerada, pois não existe.

      Bom, realmente é só separando pra conseguir ir pra frente e se livrar desse âncora chamada esquerda que segura o avanço e a liberdade.

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    • leandro carlos amaral Itambé - PR

      Cleiton,só discordo do MT entrar na separação, pois no MT a riqueza tana mão de POUCOS..

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    • leandro carlos amaral Itambé - PR

      O Sul é uma POTÊNCIA,temos, portos, agricultura,turismo, e o principal uma ideologia diferente...

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    • Leodir Vicente Sbaraine Terra Roxa - PR

      Concordo plenamente com a separação do Brasil com os estados do Sul..., Mas o Centro - Oeste, com certeza quer vir Conosco , e tem o apoio dos estados do Sul , o restante que ficam com o Brasil, isso que tem que acontecer, ou que mude todo o Sistema Político, Judicial , Tributário e até Administrativo do País..., Da maneira que está não dá mais.., tem que dar à Cesar o que é de César, enfim, temos que formar outro País, ou outra Constituição pra tentar remendar o que está Aí...

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    • leandro carlos amaral Itambé - PR

      O duro de o MT vim junto ,e que vem de presente o Gilmar Mendes kkkkkkk

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