Grão do ano de 2023 pela ONU, cultura do milheto avança no Brasil
Os agricultores brasileiros caminham para concluir a colheita do híbrido de milheto granífero, cultura que teve alta demanda nesta safra devido ao alongamento da safra de soja. O milheto tem um conjunto de características que otimiza os recursos dos produtores, sendo que apresenta menor necessidade hídrica que o milho e o sorgo e produz grãos de alta qualidade e liquidez no mercado.
O milheto teve um cenário favorável nesta safra devido ao seu período de plantio, que vai de início de fevereiro a 10 de março. Como a soja teve um ciclo mais longo, ficou arriscado para o agricultor plantar o milho safrinha após o dia 25 de fevereiro. “Costumamos dizer que onde o milho é risco, o milheto é lucro”, conta Dienaro Bastos Spanholi, gerente comercial da ATTO Sementes, empresa líder na produção de sementes de milheto no Brasil.
Plantar milho depois de 25 de fevereiro é muito arriscado devido à redução da quantidade de chuva. Já o milheto é uma cultura que tem tolerância ao estresse hídrico, produzindo bem para o agricultor. A ATTO Sementes conta com os Híbridos de Milheto Graníferos ADRg 9060 e ADRg 9070.
“Além de deixar uma palhada de qualidade, controlar nematoides, promove reciclagem de nutrientes e tem uma excelente produtividade em grãos. Com todos os manejos corretos, a produtividade tem dado entre 40 e 50 sacas por hectare. ”, reforça Spanholi.
Primeira vez plantando o milheto, o agricultor Mauro Gomes Filho, de Primavera do Leste (MT), é um exemplo do uso da cultura devido ao alongamento da safra de soja. “Resolvemos fazer uma cobertura de milheto, para não deixar a terra exposta ao sol e aproveitar seu potencial produtivo. O investimento do milheto é menor, não preciso adubar”, destaca o produtor.
Potencial
Não há dados oficiais da produção de grãos de milheto no Brasil, mas a ATTO Sementes afirma ter comercializado só dos seus híbridos graníferos, únicos no mercado destinados à produção de grãos, cerca de 300 mil hectares. Com uma produtividade média de cerca de 2100 kg/ha, estima que a produção de grãos tenha ultrapassado meio milhão de toneladas, tendo crescido 226% nos últimos 5 anos. “Todo esse grão produzido anualmente tem sido facilmente absorvido pela indústria de rações e granjas. O mercado do grão de milheto no Brasil já é altamente demandante.” complementa Dienaro.
O milheto é o sexto grão mais consumido no mundo, e em países como Índia e África é a base da alimentação humana. No Brasil, o mercado de grãos atualmente é voltado para a produção de ração, mas, devido a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), desde 2021 o grão é classificado como um ingrediente integral para ser utilizado na produção de alimentos, o que pode abrir um grande mercado para a cultura.
O milheto tem 50% a mais de proteína comparado ao milho, tem maior teor de óleo e aminoácidos e não contém glutén. Ele pode ser usado para fazer pães, biscoitos, bolos, farinha, mingau, cereais integrais, entre outros.
Os benefícios que o grão apresenta fizeram com que a ONU promovesse em 2023 o “Ano Internacional do Milheto”. Entre esses benefícios, estão o impulso ao desenvolvimento sustentável, a eliminação da fome, a adaptação às mudanças climáticas, a promoção da biodiversidade e a transformação dos sistemas agroalimentares.
Desde 2002, a ATTO Sementes investe em melhoramento genético para milheto e um dos pilares desse investimento é a Bonamigo ATTO Melhoramento (BAM), principal centro de pesquisa da cultura no Brasil, localizado em Campo Grande (MS) e que tem o segundo maior banco de germoplasma de milheto no mundo. A BAM realiza mais de 40 mil cruzamentos genéticos e testa mais de 4000 híbridos por ano. O centro de pesquisa integra o Grupo ATTO (holding proprietária da ATTO Sementes).
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