Reuters: Desmatamento ilegal "fere de morte agronegócio", diz futuro ministro da Agricultura

Publicado em 29/12/2022 14:26 e atualizado em 29/12/2022 18:10

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BRASÍLIA (Reuters) - Logo após ser anunciado como futuro ministro da Agricultura, o senador Carlos Fávaro (PSD-MT) disse nesta quinta-feira que está do mesmo lado de Marina Silva, anunciada como ministra do Meio Ambiente, até porque o "desmatamento ilegal fere de morte o agronegócio".

"Primeiro queremos buscar a pacificação através das boas práticas agrícolas. Combater o desmatamento ilegal, isso fere de morte o agronegócio, perde mercado. Além de perdermos o clima, perdermos o principal ativo que temos para a produção brasileira, que é um clima estável --por isso temos essa grande produção--, estamos perdendo mercados mundo afora", declarou ele a jornalistas.

Ele destacou que o novo governo deverá trabalhar linhas de crédito "para que possamos converter pastagens degradadas em áreas de agricultura", o que reduz pressão para o desflorestamento.

"Isso vai fomentar o crescimento da produção, a ideia é que em 20 anos podemos dobrar a área produtiva e tirar a pressão sobre o desmatamento", comentou, em referência ao uso de pastagens degradadas para ampliar as terras agricultáveis.

Ele disse que já começou a conversar com a futura ministra do Meio Ambiente.

"O principal ponto: estamos todos do mesmo lado, queremos ter produção agrícola carbono neutro, que ganhe mercados internacionais e precisamos de licenças e parcerias com o meio ambiente para fazer os produtos mais equilibrados e sustentáveis do mundo."

Fávaro, que integrou o grupo de agricultura da equipe de transição de governo, reforçou que o governo não vai tolerar o desmatamento ilegal, mas indicou que o desflorestamento feito legalmente, conforme está previsto no Código Florestal, poderia ocorrer em um primeiro momento.

"Não podemos admitir o ilegal, para ter o líquido zero precisamos ter pagamento por serviços ambientais", afirmou, em referência ao fato de agricultores precisarem ser pagos, se renunciarem ao direito de cultivar em áreas que podem ser legalmente desmatadas.

A aceitação do desmatamento legal, contudo, está com os dias contados, pelos menos de acordo com importantes compradores de grãos e oleaginosas.

Pressionadas por consumidores, as principais tradings multinacionais estabeleceram metas para excluir da cadeia produtiva os agricultores que cultivem em áreas desmatadas, ainda que legalmente, a partir de 2025 e 2030.

O futuro ministro também deu um recado aos integrantes do setor que não o apoiaram em um primeiro momento.

O senador, que foi presidente da associação de produtores de soja e milho de Mato Grosso há cerca de dez anos e vice-governador do Estado, foi contestado por integrantes da Aprosoja-MT, logo após a eleição.

"O governo de Lula é de diálogo, está aberto a conversar com quem está fazendo as coisas certas. E a imensa maioria está fazendo as coisas certas. Com esses, estamos abertos, para o Brasil produzir cada vez mais alimento", declarou.

Ele ainda falou que o novo governo vai fortalecer o orçamento da Embrapa e seguirá priorizando o seguro rural, cujos valores para subvenção poderão ser aumentados.

O futuro ministro acredita que Lula poderá atuar como "maior embaixador do Brasil" para a expansão de mercados aos produtos do agronegócio brasileiro.

"E, mais importante, usar o excesso de produção para matar a fome, para que o brasileiro possa viver melhor, e cumprirmos o principal compromisso de Lula, para todo brasileiro tomar café da manhã, almoçar e jantar...".

 

(Por Lisandra Paraguassu)

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Fonte:
Reuters

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1 comentário

  • Gilberto Rossetto Brianorte - MT

    Quem quer desmatar ilegalmente? Viver como bandido ambiental!!!?? Nenhum proprietário quer isso. Porém, se o Estado é burocrático e não concede a licença em prazo razoável é evidente que proprietário procurará uma alternativa. A ilegalidade nasce da burocracia estatal, levando o cidadão a tomar atitude que normalmente não tomaria. Outra coisa são as áreas sem título. Sem esse documento não tem como pedir licença para desmatar. É necessário que o Estado titule com urgência todas essas áreas, acabando com a clandestinidade. Mas o PT não quer dar esse documento a quem de direito. Então o Estado antes de dar de dedo em alguém, chamá-lo de bandido, deveria fazer sua parte, sendo ágil e atender o cidadão na hora certa.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      O PT se lamenta pela morte de Trofim Lysenko, agrônomo ucraniano que trabalhou com Stalin e Mao Tse Tung. Se estivesse vivo, com certeza, seria o escolhido para mostrar o melhor caminho do agronegócio brasileiro.

      Àqueles que não conhecem a "estória" desse senhor. Recomendo dar uma clicada no GOOGLE !!!

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Esse texto é parte de um artigo do JORNAL GAZETA DO POVO:

      Trofim Lysenko, o pseudocientista que matou milhões de fome com o apoio de Stalin e Mao.

      Com o apoio explícito de Stalin, Lysenko eliminou seus adversários e implementou um programa de reforma agrícola desastroso.

      Selecione um jovem do povo, sem pesquisas acadêmicas relevantes, para conduzir o departamento de genética de um país inteiro de 170 milhões de habitantes. Permita que ele desenvolva um raciocínio pseudocientífico, sem nenhuma base em fatos. Mande para campos de trabalho forçado e manicômios os pesquisadores que discordarem dele.

      Na sequência, com base nos conceitos desse jovem do povo, force uma mudança nos métodos centenários de plantio. Exporte esses métodos para um país vizinho, com 550 milhões de habitantes, também controlado por uma ditadura. E pronto: você tem a receita para matar de fome milhões de pessoas – só na China, foram 35 a 45 milhões de vítimas.

      O artigo cita muitas atrocidades. Veja que em nome da ciência malucos instituem uma pseudociência e o resultado SEMPRE É A CATASTROFE !!!

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