"Estamos começando uma argentinização", diz consultor sobre aprovação da taxação em Goiás

Publicado em 18/11/2022 14:44 e atualizado em 18/11/2022 16:06

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A aprovação da tributação sobre o agronegócio de Goiás na primeira votação na Assembleia Legislativa do estado (Alego) nesta quinta-feira (17) continua repercutindo e desagrando o setor produtivo nesta sexta (18), trazendo análises importantes e comparações que podem preocupar ainda mais os produtores rurais goianos. 

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"Assim foi o início na Argentina e a bancarrota da Argentina. Esqueceram de avisar que a soja, em média, dá uma margem de lucro perto de 8% e isso já come de 20% a 25% do bolo que, na média histórica, sobra para o produtor", afirma o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. "A pecuária está dando prejuízo já faz tempo e colocar mais uma taxação é colocar mais prejuízo. Ou seja, estamos começando uma 'argentinização' e isso não é nada bom para o setor. O setor mais importante da economia brasileira não pode levar isso nas costas". 

O consultor afirma ainda que o governo poderia buscar outras alternativas, como reduzir seus gastos e despesas públicas, ao invés de "taxar quem trabalha. "Isso não é favorável ao produtor, à produção e, certamente, terá impactos negativos ao setor agrícola. Isso vai chegar ao consumidor final, já que vai aumentar custos, o Brasil perde competitividade. O tributo só é vantajoso para o governo, e quando é vantajoso só para um lado tende a não dar certo". 

Antes de seguir para a sanção do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), o projeto de lei terá uma segunda etapa da votação na Alego na semana que vem e, enquanto isso, o setor segue mobilizado para tentar reverter a pauta. Afinal, ainda como explica Brandalizze, a média das margens deverá ser menor neste ano, perto de 5%, ou menos, - no caso da soja, por exemplo - em uma safra que contabilizou um dos mais elevados custos de produção da história. "Isso pode tirar parte ou zerar a lucratividade. Como o produtor vai investir em um setor que não dá lucro?". 

E as associações de classe já têm se manifestado reafirmando que continuam alinhadas e articuladas, inclusive juntos aos parlamentares, para 'virarem o jogo' na segunda etapa do pleito, que deve acontecer na terça-feira, dia 22 de novembro. Nesta quinta, o placar da votação ficou em 22 a favor da criação do fundo e 21 contra, em um processo exclusivamente presencial. 

Votação Funderinfra - Novembro 22
Foto: Aprosoja Goiás

"Vamos manter a mobilização de produtores para reverter votos e conseguirmos a maioria contra a taxação do agro. Agradecemos aos produtores que se mobilizaram nas sessões de quarta e quinta e acionaram deputados", afirmou a Aprosoja Goiás. "E desde já convocamos os produtores rurais a estarem presentes na Assembleia Legislativa na próxima semana".

A Aprosoja Goiás também emitiu uma nota de repúdio ao deputado Bruno Peixoto, líder do governo na Alego. "Ao citar projetos apoiados pelo setor produtivo, o deputado insinuou o apoio das entidades a esse projeto de taxação da agropecuária goiana. A Aprosoja-GO é totalmente contrária à criação do Funderinfra, símbolo de atitude impositiva e irresponsável do governo do estado", traz a nota assinada pelo seu presidente, Joel Ragagnin. 

A Faeg (Federação de Agricultura do Estado de Goiás) também tem acompanhado de perto e se posicionado contra o tributo, reforçando o atual momento do campo e os altos custos. 

"É importante lembrar que a realidade do campo requer cautela, devido ao aumento dos custos de produção e os produtores dos diversos segmentos da agricultura e pecuária têm lutado para não operar no prejuízo. Todos sabem da necessidade de se investir em infraestrutura no estado. Contudo, não é momento de se pensar em mais custos, é preciso pensar em mais estímulos para a produção", afirmou a Faeg por meio de suas redes sociais.

Mais cedo, o vice-presidente do Sindicato Rural de Rio Verde, Everaldo Pereira, falou ao Notícias Agrícolas reforçando a necessidade da manutenção da uniãodo setor neste momento. 

"Não vamos abaixar a cabeça, vamos continuar fazendo o que sabemos que é produzir alimentos. O Brasil está dando a resposta, crescendo cerca de 40 milhões de toneladas na projeção desta safra e é isso. Vamos tentar reverter na sessão da próxima semana", completa. 

Cálculos da Pátria Agronegócios mostram qual seria o peso da alíquota de 1,65% sobre a comercialização da soja, do milho e do boi gordo em Goiás, a depender da realidade de cada produtor e contabilizando preços médios próximos aos atuais para cada setor. 

Veja:

Taxação em GO - Soja

Taxação em GO - Milho

Taxação em GO - Boi
Tabelas - Pátria Agronegócios

"É compreensível que o Governo repense as formas de arrecadação, mas onerar o principal setor do Estado não é apenas chutar a maior base de sustentação econômica de Goiás, mas também deixar a cesta básica mais cara. A fatura final não ficará restrita aos grandes produtores, que podem sofrer prejuízos entre 5% e 10% do seu lucro atual, mas a toda a população que sentirá profundamente a elevação dos preços nos itens da cesta básica", explica o advogado tributarista Leonardo Amaral, que deu entrevista ao Notícias Agrícolas na última terça-feira (15). 

Reveja:

Votaram A FAVOR da taxação do agro: Álvaro Guimarães (UB), Bruno Peixoto (UB), Dr. Antonio (UB), Rubens Marques (UB), Talles Barreto (UB), Tião Caroço (UB), Virmondes Cruvinel (UB), Amilton Filho (MDB), Charles Bento (UB), Francisco Oliveira (MDB), Lucas Calil (MDB), Thiago Albernaz (MDB), Zé da Imperial (MDB), Cairo Salim (PSD), Max Menezes (PSD), Wilde Cambão (PSD), Coronel Adailton (PRTB), Dr. Fernando Curado (PRTB), Julio Pina (PRTB), Jeferson Rodrigues (Republicanos), Rafael Gouveia (Republicanos) e Henrique César (PSC).

Votaram CONTRA a taxação do agro: presidente Lissauer Vieira (PSD), Antônio Gomide (PT), Delegada Adriana Accorsi (PT), Alysson Lima (PSB), Amauri Ribeiro (UB), Sérgio Bravo (PSB), Hélio de Sousa (PSDB), Major Araújo (PL), Zé Carapô (Pros), Claudio Meirelles (PL), Delegado Humberto Teófilo (Patriota) e Delegado Eduardo Prado (PL), Paulo Cezar Martins (PL), Chico KGL (UB), Paulo Trabalho (PL) e Gustavo Sebba (PSDB). 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • Mauricio Villas Boas Formosa - GO

    Tem coisa por tras disso dai. Caiado é da velha politica nunca apoiou o Presidente Bolsonaro, a unica Direita existente nesse país, e quem não é de direita é de esquerda simples assim , não existe terceira via, tanto que todos os outros candidatos a presidente apoiaram o Nine ,essa taxação é descabida sendo que Goiás é AGRO, tem um propósito nissso dai e com o avanço do comunismo ele quer é forçar os produtores a parar mesmo dai o Governo vai culpa-los pela não produção de alimentos e vai estatizar todas as propriedades rurais!!!

    Alegando estado de emergencia

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    • Nadir Sousa Gameleira de Goiás - GO

      Caiado nunca apoio Bolsonaro? Onde vc arrumou essa loucura? E os votos contrários a "contribuição" por incrível que pareça 2 são do PT

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