Setor produtivo europeu alerta para intensa saída de agricultores da atividade e agravamento da insegurança alimentar

Publicado em 12/07/2022 16:50
Protestos na Holanda - Aleksander Furtula
Protestos na Holanda - Foto: AP Photo/Aleksandar Furtula

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As manifestações de produtores rurais na Europa continuam chamando atenção e seguem dando manchetes na mídia internacional. A pauta é urgente, segundo especialistas, uma vez que são mais fatores que impactam na produção e oferta global de alimentos, já fragilizada. A Holanda, polo das manifestações, é a segunda maior exportadora mundial de alimentos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. 

Nesta segunda-feira (11), bombeiros se uniram aos agricultores holandeses, como mostra um pequeno vídeo divulgado no Twitter:


Os produtores europeus se manifestam contra as mudanças que estão sendo impostas nas leis ambientais, exigindo uma drástica na redução de emissão de algumas substâncias. No entanto, apenas a classe produtora está sendo cobrada no momento, as discussões não os incluíram e os levantes começaram. Até o final da última semana, já eram registradas manifestações não só na Holanda, mas também na Itália e na Polônia. 

Supermercados e centros de distribuição começaram a ficar desabastecidos, estruturas logísticas estavam sendo bloqueadas e até mesmo a polícia foi acionada. O site internacional IndiaToday noticiou nesta segunda-feira que policiais holandeses teriam, inclusive, atirado contra um garoto de 16 anos que estava em um dos tratores. O Serviço Nacional de Investigação de Crimes já estaria cuidando do caso. 

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Fotos: Twitter/Eline Sluijter

Em outro tweet, do economista Steve Hanke, da Johns Hopkins, é possível ver a repercussão dos tiros:

"A polícia holandesa em Heerenveen atira em um agricultor que protesta contra o plano do governo de reduzir as emissões de nitrogênio em 50-95%. (Leia: enviar o gado para o matadouro). Os Greenies parecem ter enlouquecido. Veja o ocorrido". 


Em um artigo publicado no portal Agriland, a jornalista Aisling O'Brien relatou o pedido urgente de um grupo de agricultores europeus de uma intensa e profunda reforma do sistema agrícola da União Europeia, de forma a ajudar na garantia da segurança alimentar global. Segundo ela, a ECVC (Coordenação Europeia Via Campesina) e o European Milk Board (EMB) enviaram uma carta aberta a líderes da Europa destacando sua preocupação com a atual situação. 

Além das mudanças que têm sido impostas sobre os produtores europeus, eles ainda citam os impactos sobre a produção global de alimentos que passam pelos efeitos da pandemia de Covid-19 - que desorganizou completamente cadeias de produção e abastecimento em todo mundo - e da guerra entre Rússia e Ucrânia, que está prestes a completar cinco meses. 

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Os alertas passam ainda pelo grande número de profissionais que estão deixando a atividade na Europa frente a um cenário cada vez mais inviável. 

"Nosso sistema agrícola deve ser reformado agora. Não há tempo a perder porque a UE está pisando em gelo fino que já cedeu em muitos lugares. Sem as pessoas que garantem a produção de alimentos, não haverá alimentos e isso será devastador para a segurança alimentar na UE.

Devido aos preços ao produtor crônicos e baixíssimos que mal cobrem os custos de produção, muitos agricultores já saíram do setor de produção de alimentos.

Os agricultores não têm outra opção a não ser desistir da produção de alimentos porque, apesar de seu trabalho árduo, dificilmente conseguem sobreviver. A principal razão por trás desta situação problemática no setor agrícola é a orientação da política agrícola da UE em favor de produtos baratos e exportações baratas, grande liberalização do comércio, dependência global e desregulamentação interna, juntamente com as muitas crises associadas no setor, que dizimaram as estruturas produtoras.

Uma estrutura produtiva robusta e abrangente evitaria a concentração da produção em um pequeno número de localidades e, portanto, a industrialização doentia da produção agrícola", diz parte da carta. 

Com tantas inseguranças e em um cenário considerado muito instável, as instituições que assinam a carta fizeram algumas proposições ao seus líderes:

Os preços ao produtor devem ser combinados com os custos de produção. Nenhum produto agrícola deve ser vendido abaixo do custo de produção;

A desregulamentação deve ser interrompida ou revertida para alcançar um mercado equilibrado;

Os órgãos da Comissão Europeia devem trabalhar ativamente em uma redistribuição equilibrada e justa do valor agregado para os produtores de leite;

Os agricultores devem ser colocados no centro das estratégias agrícolas e devem ser adequadamente envolvidos na sua elaboração;

O Pacto Verde Europeu deve ser usado para reformar o sistema atual em direção a um modelo socialmente sustentável;

Os alimentos e rações importados devem cumprir os requisitos da UE que devem ser cumpridos;

Reduzir a dependência das importações e prejudicar as exportações baratas, excluindo os produtos agrícolas da Organização Mundial do Comércio (OMC) e dos acordos de livre comércio.

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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