Vendas de fertilizantes do Canadá para o Brasil disparam, diz Agrinvest
Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil importou volumes recordes de cloreto de potássio (Kcl) do Canadá no primeiro semestre do ano, um sinal de que os agricultores terão boa oferta de fertilizantes para nutrir as lavouras, aumentar a produtividade e potencialmente expandir a área quando o plantio começar em setembro.
De acordo com dados compilados pela consultoria Agrinvest Commodities e enviados à Reuters nesta quinta-feira, o Brasil importou 2,291 milhões de toneladas de potássio canadense entre janeiro e junho, um aumento anual de 71,2%.
"O Canadá fornece apenas cloreto de potássio para o Brasil", disse Jeferson Souza, analista da Agrinvest. "Mas o volume de Kcl importado pelo Brasil no primeiro semestre foi tão grande que o Canadá se tornou o segundo maior fornecedor de fertilizantes em geral no período."
A Rússia foi o maior fornecedor de fertilizantes ao Brasil, com a China em terceiro, acrescentou.
As compras totais de fertilizantes pelo Brasil avançaram 13% no primeiro semestre, segundo dados da agência marítima Cargonave.
No período, as importações de cloreto de potássio da Belarus caíram 16%, para 949.708 toneladas, embora ainda seja o terceiro maior fornecedor de Kcl do Brasil, uma vez que o país foi alvo de sanções ocidentais.
As importações de Kcl do Brasil da Rússia, um país também atingido por sanções após a invasão da Ucrânia, aumentaram 27%, para 1,935 milhão de toneladas, mostram os dados.
Segundo Souza, os russos estão vendendo fertilizantes para importadores brasileiros e norte-americanos, situação "impensável" em meados de março.
Apesar da guerra e das sanções, os negócios estão sendo conduzidos pela Rússia e as cargas são enviadas.
Com os fluxos comerciais ininterruptos, os produtores do Estado de Mato Grosso, principal grão do Brasil, adquiriram praticamente todos os nutrientes necessários para começar a plantar as safras de verão, observou Souza.
Cerca de 45% do consumo de fertilizantes vai para a safra de soja no Brasil, que é o maior produtor e exportador mundial da oleaginosa.
Na próxima temporada, se as condições climáticas permitirem, os produtores de soja brasileiros poderão aumentar a produção em 18,5%, para quase 148 milhões de toneladas, de acordo com uma pesquisa da Reuters, que projeta uma expansão potencial de área de quase 3%.
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