"Mundo redescobriu que as commodities são fundamentais", afirma Marcos Jank
"O mundo redescobriu que as commodities são fundamentais", afirmou o coordenador do Centro Insper Agro Global, Marcos Jank, na abertura do do Enssoja 2022 (Encontro Nacional dos Produtores de Sementes de Soja) na noite desta segunda-feira (14). Jank destacou em sua apresentação qual o papel do Brasil no atual macrocenário, principalmente nas discussões sobre segurança alimentar que voltaram a se intensificar nos últimos meses, principalmente com o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, que represou a oferta de milhares de toneladas de grãos em ambos os países.
O número de países que possuem alimentos em volumes excedentes é bastante restrito diante do número daqueles que precisam importá-los, em um movimento que ainda é encabeçado pela China. No entanto, há inúmeras nações na Ásia e na África que continuarão demandando muito e que precisam destes alimentos para continuarem se desenvolvendo.
"A Ásia não teria crescido o que cresceu sem importar o que importou", disse. "E a soja do Brasil não seria o que é hoje se não fosse a Ásia. E as perspectivas continuam sendo muito positivas para a soja do Brasil".
Embora estes conceitos estejam consolidados e tenham promovido uma verdadeira transformação no agronegócio global, as relações internacionais têm sido revisitadas, discutidas e preocupam de alguma forma. Afinal, ainda de acordo com o especialista, há no mundo mais populações no mundo vivendo sob regimes autoritários e ditatoriais, do que democráticos.
"Desde o final dos anos 90 a globalização já dava sinais de que estava andando pra trás", explica Jank, o que justifica o atual quadro geopolítico, o duro conflito em andamento e tudo isso culminando, inclusive, em restrições nas exportações de alimentos por alguns países. "Temos que pensar e promover segurança alimentar e não nacionalismo alimentar", reforça.
SOBRE A CHINA
Ainda assim, Jank afirma que a China seguirá como um dos principais clientes do agronegócio brasileiro, destacando não só a soja, mas também a carne bovina. O consumo atual chinês desta proteína que hoje é de quatro quilos por habitante ao ano - contra 25 quilos no Brasil, por exemplo - deverá continuar subindo e, a cada quilo que se aumenta nesta relação por habitante, são 1,5 milhão de toneladas de carne importada pela nação asiática.
"Há uma relação de interdependência entre Brasil e China", frisa o representante do Insper.
REVOLUÇÕES AGROPECUÁRIAS
Para que tudo isso seja possível e todo esse incremento de oferta continue chegando, o Brasil deverá seguir trabalhando com sustentabilidade, consolidando ainda mais a revolução agropecuária desta década, ainda na visão de Marcos Jank: o sistema Integração Lavoura Pecuária.
"A nossa agricultura vai avançar no pasto. A produtividade das pastagens tem evoluído muito, os pastos têm diminuído sua área e assim a agricultura evolui sobre eles. Essa é a grande revolução desta década, o sistema ILP", diz.
E com custos elevados em todas os elos da cadeia produtiva, a segunda revolução terá que ser logística. Será necessário uma otimização das despesas logísticas para que, entre outros desafios, os produtores mantenham-se competitivos.
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