FPA discute soluções para atenuar crise mundial de fertilizantes
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) recebeu, nesta terça-feira (12), o embaixador da Belarus no Brasil, Sergey Lukashevich, para reunião que tratou, entre outros assuntos, da crise mundial de fertilizantes. O vice-presidente da FPA na Câmara, deputado federal Neri Geller (PP-MT), crê em uma ação estratégica junto ao Itamaraty.
Na opinião dos deputados presentes na reunião e dos convidados, as questões políticas por si só, não podem punir o mundo inteiro com barreiras logísticas e atrapalhar a produção de alimentos. Ainda mais, segundo Neri, o Brasil, “que é reconhecidamente um produtor mundial”.
Para o parlamentar, as questões referentes aos fertilizantes extrapolam a questão econômica e ficam atreladas a conceitos humanitários. “Eliminar os gargalos que existem no envio de fertilizantes é não penalizar o povo que passa fome no mundo. Isso ultrapassou os problemas econômicos. É urgente a necessidade de montar um time para acompanhar de perto com o Itamaraty a evolução das sanções aplicadas à países que dispõe de recursos essenciais à produção de alimentos” apontou Neri.
O vice-presidente destacou o fato de ser produtor e conhecer de perto as dificuldades que ora são vividas pelo setor produtivo e reforçou a necessidade de acelerar a resolução dos problemas. “A fome não espera. Não podemos deixar para daqui um ano. A FPA e nosso corpo técnico são fortes, ou seja, condições nós temos para seguir juntos e monitorar as decisões”, frisou.
Sergey Lukashevich fez questão de mencionar que, enquanto jovem, trabalhou no campo e no arado, além de ter experiência no cultivo de batata e centeio. O embaixador reforça que, em Belarus, se colhe uma safra única, o que o condiciona a entender o papel dos fertilizantes e do potássio de forma geral. “O cloreto de potássio para o Brasil, assim como meu país, tem um valor muito maior do que o de compra e venda. Ele é essencial para a sobrevivência do nosso povo. É o sinônimo de alimento”, comentou.
Acerca das dificuldades de envio de fertilizantes para o Brasil e o resto do mundo, Sergey lembra que, historicamente, Belarus é um famoso exportador, mas por diversas razões políticas, os canais de escoamento das exportações foram bloqueados.
“Precisamos juntos superar essa situação. Temos que procurar como substituir os intermediários e nos conectar ao Brasil. Já me encontrei com outras autoridades e sempre discutimos como estreitar laços para restabelecer os reenvios de cloreto de potássio. O que posso dizer mais. Moramos num mundo conectado, onde todos precisam uns dos outros e nossa importância para o agro é muito grande”, salientou Lukashevich.
O embaixador reforça que para reconstruir os envios é imprescindível que a diplomacia e os políticos brasileiros ajam conjuntamente. Para ele, no tempo atual é importante a celeridade, resolver o que está acontecendo agora. “Enquanto produtores, temos grande interesse em superar essa situação difícil e achar benefícios para os dois lados de imediato. Sabemos que a representatividade do agro no parlamento é muito significativa, portanto, se tivermos o auxílio de vocês, tenho certeza que as coisas irão caminhar”, concluiu.
Segundo o deputado federal Zé Silva (SD-MG), por ter a história ligada ao agro, o embaixador de Belarus compreende o sofrimento que o mundo presencia. “Ele vem de uma das terras mais ricas em cloreto de potássio, item que tem elevado o custo de produção de nossos alimentos. Por isso, sabe o quanto pesa na mesa e no bolso dos brasileiros, ainda mais diante dos desafios que o mundo vive no momento pós-covid, e diante da situação desafiadora no oriente. Tudo aumenta muito mais”, explicou.
Mas, na opinião do coordenador de Comunicação da FPA, a diplomacia brasileira e de Belarus podem contornar, ao menos, o que cabe ao Brasil e àquele país. “O diálogo pode e vai vencer as dificuldades. Acredito que a vinda do Embaixador à FPA, local mais democrático e representativo do agro brasileiro, diz muito sobre como vamos enfrentar os problemas”, afirmou.
De acordo com o deputado federal Paulo Bengston (PL-PA), deve-se atentar também para os alertas emitidos pela ONU e pela FAO nos dados anuais, que indicam falta de alimento para os próximos anos. “Está muito claro que se não acompanharmos o crescimento produtivo teremos graves consequências para alimentar o mundo. Se a produção continua e o empecilho está na logística para a exportação, que possamos agir imediatamente enquanto Frente. Seria importante, inclusive, entrarmos em contato com a embaixada da Lituânia para tratar disso também”, disse Bengston.
0 comentário

Mercado do boi segue firme mas com alerta para exportações e oferta de fêmeas em abril ; estoques trimestrais surpreendem mais que área plantada para milho e soja

Insegurança jurídica afasta investidores do Brasil e gera preocupação para o trabalho dentro do campo

Cotrijal debate sobre desafios da agropecuária no Rio Grande do Sul junto de entidades e governo estadual

CNA discute plano de ação para aquicultura em 2025

Aprosoja MT intensifica orientação sobre ratificação de registro de imóveis rurais em faixa de fronteira

Comissão debate proposta que financia armazenagem rural nesta terça-feira