Boletim agropecuário de fevereiro: estiagem afeta produção e impulsiona preços pagos ao produtor em SC
O Boletim Agropecuário de fevereiro traz relatos de impactos da estiagem na produção catarinense de maçã, milho, soja e feijão. O lado positivo é que os preços pagos ao produtor de grãos seguem em tendência de alta, tendo em vista a queda da oferta. O Boletim Agropecuário é emitido mensalmente pela Epagri/Cepa com análise econômica das principais cadeias produtivas do agronegócio catarinense.
SC deve colher um milhão de toneladas a menos de milho, devido à estiagem
Milho
Segunda avaliação da Epagri/Cepa, Santa Catarina deve colher um milhão de toneladas a menos de milho na primeira safra 2021/22, quando comparado com a estimativa inicial, que era de 2,79 milhões de toneladas. A redução é reflexo da estiagem, que está impactando o rendimento das lavouras em diferentes intensidades.
Um dos reflexos da quebra de safra é o avanço dos preços pagos ao produtor catarinense, que registraram cotações acima de R$90,00 a saca em janeiro. Para ajustar o suprimento do cereal, o Estado precisará importar o grão no primeiro semestre.
Soja
Santa Catarina enfrenta uma queda de 22% na safra 2021/22 de soja em relação ao estimado inicialmente pela Epagri/Cepa. Isso representa cerca de 600 mil toneladas a menos, com perda de cerca de R$1,67 bilhões para a economia catarinense.
Diante do cenário de estiagem no Brasil e na Argentina, os preços da soja em Santa Catarina chegaram em janeiro ao maior nível da série histórica, R$174,64 a saca, com tendência de alta.
Feijão
A primeira safra 2021/22 de feijão em Santa Catarina deve ser 29% menor do que o estimado incialmente pela Epagri/Cepa, que tinha expectativa de um ciclo agrícola bom para o grão, que acabou prejudicado pela estiagem. Falta colher pouco menos de 25% da área plantada e os números também são inferiores à safra passada, que não foi expressiva. No ciclo 2021/22 Santa Catarina dever ter uma produção 6% menor do que na safra 2020/21, com redução de 8% na produtividade média.
Os preços pagos ao produtor seguem em movimento de alta no Estado. O preço médio estadual da saca de 60kg do feijão-carioca foi cotado a R$257,82 e do feijão-preto foi de R$274,14. Com uma primeira safra de feijão menor em todo Brasil, muitos compradores estão atuantes nas regiões produtoras e negociando prazos de pagamento, já que os preços não estão recuando.
Arroz
Começou a colheita da safra 2021/22 de arroz em Santa Catarina. As lavouras seguem apresentando boas produtividades, confirmando o bom desempenho da safra. Os preços apresentaram aumento nos últimos dias em função da quebra de produção prevista para o Rio Grande do Sul e aumento das exportações.
Trigo
Os preços pagos ao produtor catarinense de trigo em janeiro estavam 21,84% acima dos registrados no mesmo mês de 2021. O valor da saca de 60kg fechou o primeiro mês de 2022 em R$89,05, aumento de 2,71% em relação a dezembro.
A Epagri/Cepa tem expectativa de aumento da área na próxima safra catarinense, que começa a ser plantada em maio. A tendência de alta do dólar em 2022 anunciada pelo Banco Central inibe a aquisição de trigo importado e favorece o mercado interno.
Maçã
A Epagri/Cepa reduziu em 9,1% a estimativa de produção da safra 2021/22 de maçã em Santa Catarina, diante das perdas decorrentes da estiagem que afeta as regiões produtoras. Alguns municípios já decretaram estado de emergência em função da crise hídrica, mas a expectativa é de que a ocorrência de chuva nos próximos meses não afete tanto a produção de maçã Fuji nos Campos de Lages.
Os preços da fruta estão desvalorizados no atacado, devido ao aumento de oferta. A exportação ganhou impulso entre 2020 e 2021, com ampliação da participação no volume exportado da fruta e aumento em 111,8% nos valores negociados.
Alho
Santa Catarina plantou 1.808 hectares de alho para safra 2021/22, crescimento de 5,3% em relação à estimativa inicial da Epagri/Cepa. A expectativa de produção é de 19.109,5 toneladas, com um rendimento médio esperado de 10.569 kg/ha.
Em 2021, o alho nacional se manteve em alta no mercado, resultado da boa aceitação do produto pelos consumidores em função da qualidade da hortaliça e também pela perda de competitividade do alho importado. O Brasil fechou o ano com importação de 125,7 mil toneladas, a menor dos últimos anos. Nesse sentido, 2021 pode ser considerado um bom ano para a cultura do ponto de vista produtivo e da rentabilidade da atividade. Para a atual safra já se registra aumento no custo de produção.
Cebola
O ano de 2021 foi positivo para a cultura da cebola em Santa Catarina. A comercialização da safra 2019/20, apesar das perdas ocorridas pela estiagem e granizo, obteve preços médios acima de R$2,00/kg. Com isso, a maioria dos produtores comercializaram a produção com boa rentabilidade. A comercialização da safra 2020/21 segue normal, com preços entre R$1,80/kg e R$1,90/kg. Embora a margem seja menor que na safra passada, a atividade segue rentável para a maioria dos produtores.
Na safra 21/22 da cebola em Santa Catarina foram plantados 17.458 hectares, com expectativa de produção em torno de 500 mil toneladas. A boa recuperação das lavouras no final de novembro propiciou a produção de bulbos de excelente qualidade para o mercado, facilitando o processo de comercialização para os produtores, tanto pela valorização da mercadoria quanto pela possibilidade de armazenamento por tempo maior.
Bovinos
Os preços do boi gordo em Santa Catarina apresentaram leve alta de 0,2% nas primeiras semanas de fevereiro. O cenário estadual é diferente do nacional, onde predominaram quedas significativas na maioria dos estados. Na comparação com fevereiro de 2021, registra-se alta de 16,1% na média estadual.
Os preços de atacado da carne bovina apresentaram altas nas primeiras semanas de fevereiro: a carne de dianteiro subiu 1,8% em relação ao mês anterior, enquanto a carne de traseiro registrou aumento de 1%. Na média dos dois tipos de corte, a variação foi de 1,4%.
Frango
Santa Catarina exportou 83,02 mil toneladas de carne de frango em janeiro (in natura e industrializada), queda de 7,6% em relação ao mês anterior, mas alta de 37,4% na comparação com janeiro de 2021. As receitas foram de US$157,51 milhões, -5,2% em relação ao mês anterior e alta de 58,2% na comparação com janeiro de 2021. O estado foi responsável por 24,4% das receitas geradas pelas exportações brasileiras de carne de frango no mês passado.
Apesar do bom retrospecto internacional, os custos de produção seguem sendo uma preocupação recorrente do setor avícola. De acordo com a Embrapa Suínos e Aves, em janeiro os custos de produção de frangos apresentaram alta de 5,6% em relação ao mês anterior. A alta acumulada nos últimos 12 meses é de 20,4%, decorrente essencialmente do aumento nos gastos com nutrição e pintos de um dia.
Suínos
Santa Catarina exportou 44,59 mil toneladas de carne suína (in natura, industrializada e miúdos) em janeiro, queda de 3,7% em relação ao mês anterior, mas alta de 47,4% em relação a janeiro de 2021. As receitas foram de US$98,04 milhões, -3,9% em relação ao mês anterior e alta de 38,6% na comparação com janeiro de 2021. Santa Catarina respondeu por 61,5% das receitas e 60,4% do volume de carne suína exportada pelo Brasil no mês passado.
Nas três primeiras semanas de fevereiro verificou-se quedas nas cotações do suíno vivo em todos os principais estados produtores, movimento que vem sendo observado desde outubro de 2020. Em Santa Catarina, esse índice chegou a -8,7%. Quando se comparam os preços preliminares de fevereiro com aqueles praticados no mesmo mês de 2021, observa-se queda de 18,4% em Santa Catarina.
De acordo com cálculo realizado pela Embrapa, o custo de produção de suínos em ciclo completo em Santa Catarina foi de R$7,48/kg de peso vivo em janeiro, alta de 6,8% em relação ao mês anterior. A alta nos últimos 12 meses é de 12,8%. A alimentação representou 82% dos custos de produção dos suínos no último mês.
Leite
A quantidade de leite recebida pelas indústrias inspecionadas em 2021 foi 2,2% menor do que a de 2020. A queda mensal mais significativa se deu no mês dezembro, com redução de 7% em relação a dezembro de 2020. A expectativa é que com a chegada da entressafra nacional, a partir de abril, os preços dos lácteos e os recebidos pelos produtores apresentem recuperações mais significativas e generalizadas do que as observadas em janeiro e fevereiro.
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