Entidades buscam destravar impeditivos sobre reservação de água
O Instituto Desenvolve Pecuária abriu na noite desta segunda-feira, 21 de fevereiro, seu ciclo de palestras sobre irrigação, com o intuito de debater o tema junto aos produtores e apresentar o que vem sendo feito nesta área para evitar os problemas causados pela estiagem. O painel contou com a participação do vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Domingos Velho Lopes, que falou sobre as ações da entidade a respeito desta questão.
Segundo o dirigente, apesar dos problemas causados pela estiagem neste período do ano, não existe uma falta de regime de chuvas. Mesmo com esse déficit, se o produtor tiver a possibilidade de armazenamento, terá o recurso para irrigação. “Temos variabilidade de 1,1 a 1,2 mil milímetros onde chove menos e até 1,8 mil milímetros onde chove mais. Isso significa pegar um metro quadrado e se fizermos a reserva, teríamos 1,80 metro reservado”, destaca.
Velho Lopes explicou que a Fepam, como órgão licenciador que tem a competência em relação à irrigação e armazenagem de água, recebe do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) o aval para a liberação para construção destes sistemas de armazenagem conforme o porte delegado aos municípios. “Tendo o acordo de competência e delegação com a Fepam, o município pode fazer seu licenciamento municipal que, no Rio Grande do Sul, são em áreas de alagues de até 10 hectares”, salientou.
O vice-presidente da Farsul disse que hoje são poucos os projetos existentes em andamento e que o grande problema são entraves legais que impedem o avanço da irrigação no Estado. “Você tem a verba, tem a energia, tem a área para realizar a reserva de água. Você entra com o processo no licenciamento ambiental no órgão licenciador. Se houver intervenção em Área de Preservação Permanente (APP), e em 95% das áreas haverá essa intervenção, o órgão não vai permitir por causa da legislação federal. Isso faz com que os consultores técnicos não consigam entrar com o processo no órgão licenciador”, comentou.
Na metade Sul, a situação é agravada pelo preenchimento do Cadastro Ambiental Rural (CAR) que tinha a figura das áreas consolidadas pastoris. “O fato é que nas áreas de pecuária elas são consolidadas, mas o Ministério Público Estadual, não concordando com esta interpretação, entrou com uma ação civil pública contra o governo do Estado e obteve uma liminar que precisaria deixar reservado 20% de reserva legal na matrícula. E nessa reserva legal se faria extrativismo vegetal natural ou pecuária extensiva, mas não que se possa fazer roçadas ou introdução de forrageiras exóticas. A nossa ótica é a favor de qualquer atividade, mas que seja uma opção do produtor, mas não uma obrigação imposta”, observou, acrescentando que com a promulgação do código estadual em 2020 foi sanada parte da questão.
O dirigente ressaltou ainda que os dois imbróglios que persistem estão na legislação federal que impossibilita a intervenção em APP para a finalidade da irrigação e os 20% de reserva legal na qual acredita que será rechaçada assim que for a mérito. Velho Lopes lembrou que em 2019 foram apresentados os problemas aos poderes legislativo e executivo e que acompanharam o pleito dos produtores. “O que nos faltava era a questão federal que já estamos vendo e trazer o Ministério Público Estadual para a construção dessa solução quanto à interpretação. É uma tarefa que temos que alertar a sensibilidade dos promotores e estamos trabalhando neste sentido, principalmente mostrando que em 2020 tivemos uma perda de R$ 36 bilhões e agora vivemos a maior seca dos últimos cem anos”, frisou.
O vice-presidente da Farsul explicou que estão buscando uma construção coletiva sobre os temas estaduais, e em nível federal está se trabalhando um decreto legislativo, que é uma das hipóteses que vem sendo arquitetada junto ao Congresso Nacional, além de um projeto de lei para transformar a irrigação como atividade de interesse público, ou então a possibilidade de um decreto do executivo que pode transformar a irrigação em atividade de interesse social ou utilidade pública mediante normas técnicas na qual este sistema já cumpre.
Velho Lopes lembra que a médio e longo prazo a sociedade ganha com a implementação dos sistemas de irrigação que, além de proteger a produção agrícola e a economia, traz ganhos para a flora e a fauna das regiões onde são implementadas.
0 comentário
Sérgio Souza: “Dialogamos com todos os envolvidos e consolidamos um texto robusto”
CAE rejeita emendas ao Estatuto Profissional dos Trabalhadores Celetistas em Cooperativas
Comissão de Agricultura na Câmara aprova projeto que reduz dependência de fertilizantes importados
Unem participa do Encontro Nacional do Agro e dos Adidos Agrícolas em Brasília
Abrasel classifica retratação do Carrefour como incompleta e reforça apoio ao agronegócio brasileiro
Tarifas de Trump podem aumentar a conta do supermercado – da carne bovina à suína, do abacates à tequila