Ipea: Agricultores nordestinos estão à margem da modernização tecnológica

Publicado em 09/08/2021 14:13
Estudo comparou censos agropecuários e verificou queda da participação de lavouras da região

A participação das lavouras temporárias nordestinas alcançou 7% da produção agrícola brasileira em 2017, o que indica queda frente a 2006, quando atingiu 15,5%. A comparação, feita a partir de dados dos dois censos agropecuários mais recentes, consta de estudo divulgado, nesta segunda-feira (9/8), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Além de um diagnóstico mais atual da atividade agrícola da região, a publicação ‘Agricultura Nordestina: Análise Comparativa entre os Censos Agropecuários de 2006 e 2017’ avalia, entre outros aspectos, o uso das inovações tecnológicas, uma vez que influencia diretamente a produtividade das lavouras.

O estudo examinou a evolução da agricultura nordestina, em especial, da agricultura familiar que responde pela maior parte dos estabelecimentos agropecuários na região, sob a ótica da estrutura fundiária, da produção agrícola e do uso de insumos tecnológicos, como adubos, defensivos, irrigação, mecanização e orientação técnica. Trata-se de uma publicação, elaborada pelos pesquisadores César Nunes de Castro e Caroline Nascimento Pereira, ambos na Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur/Ipea).

Castro informou que já havia feito um estudo similar baseado no Censo Agropecuário de 2006. “Com a divulgação em 2019 do Censo Agropecuário de 2017, foi possível fazer uma comparação entre ambos e verificar o que mudou em relação ao censo de 2006”, disse. Segundo o pesquisador, muitos dos produtores rurais da região Nordeste, que em maioria são agricultores familiares, estão à margem do processo de modernização tecnológica. Ele explicou que a região se distingue pelas peculiaridades do semiárido, falta de infraestrutura, dificuldades de acesso a crédito e assistência técnica, além da escassez hídrica.

Especificamente quanto ao uso de insumos agrícolas, a avaliação dos dados revela uma menor intensidade no Nordeste, onde 30,3% dos estabelecimentos cultivam suas lavouras com adubação, frente a 42,3% no total do Brasil. “A dificuldade de acesso e uso de tecnologias mais modernas, por falta de informação, orientação ou condições financeiras, reflete em menor produtividade e rentabilidade para os agricultores da região”, disse Castro. Os dados do Censo Agropecuário 2017 indicam que poucos estabelecimentos (23,8%) na região utilizam defensivos, poucos possuem tratores (2,3%) e poucos tiveram acesso a algum tipo de assistência técnica, 8,2%.

Das 10,1 milhões de pessoas ocupadas em atividades agropecuárias no Brasil, 46,6% trabalham em mais de 2,3 milhões de estabelecimentos no Nordeste, onde 79% são da agricultura familiar, e ocupam 7,8 milhões de hectares ou 20% da área total cultivada no país. Somados ao obstáculo tecnológico, esses produtores ainda convivem com desafios históricos, como crédito, acesso à terra, infraestrutura para escoamento e comercialização de produtos. “A superação desses gargalos pode ser estimulada por formuladores de políticas públicas, tendo em vista a situação de pobreza ou extrema pobreza de muitos agricultores familiares”, concluem os pesquisadores.

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Ipea

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