China: Importações de soja recuam em julho, mas acumulado nos 7 meses de 2021 supera mesmo período do ano passado

Publicado em 09/08/2021 12:06

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O balanço das importações de commodities-chave para a China em julho veio sem uma direção única de acordo com dados divulgados nesta semana. As compras de petróleo, apesar de terem aumentado no mês, foram 20% menores na comparação anual, as de carvão marcaram sua mínima em sete meses, o minério de ferro em 14 meses, o milho alcançou seu recorde nos 3,6 milhões de toneladas e as de soja baixaram 14,1% se comparadas à julho de 2020, segundo os dados trazidos pela Administração Geral das Alfândegas. 

Os gráfico abaixo, com dados compilados pelo Saxo Bank e pela Bloomberg, mostram as importações de petróleo, carvão, minério de ferro, cobre, soja e milho. 

Importações China - Julho 2021
Gráficos: Bloomberg e Saxo Bank

No geral, as importações chinesas cresceram 28,1%, aquém do esperado por uma pesquisa feita pela Reuters Internacional de um incremento de 33% e frente ao avanço expressivo do mês passado de 36,7%. Ainda de acordo com a agência de notícias, a melhora mensal nas compras de petróleo se deram "à medida em que as refinarias apoiadas pelo estado aumentaram a produção após voltarem da manutenção".

Do mesmo modo, a Reuters noticia ainda que o ritmo de expansão da atividade fabril da nação asiática também foi mais lento no último mês, dados os valores mais altos das matérias-primas, além de adversidades climáticas afetando também alguns setores. 

IMPORTAÇÕES X EXPORTAÇÕES

Ainda assim, a China fecha julho com um superávit comercial de US$ 56,58 bilhões, contra a projeção da pesquisa da Reuters de US$ 51,54 bilhões e do superávit do mês anterior de US$ 51,53 bilhões. Apesar do superávit forte, as exportações chinesas em julho apresentaram uma desaceleração que não era esperada e, segundo especialistas ouvidos pela agência internacional, em função do aumento dos surtos de Covid-19 causados, principalmente, pelo fortalecimento da variante delta. 

As exportações da China apresentaram uma alta, em julho, de 19,3%, menor do que o crescimento de 32,2% em junho e do esperado pela Reuters de 20,8%. 

O rápido aumento no número de casos de infecções pelo coronavírus, todavia, se deu em diversos pontos do país, exigindo que o governo colocasse em prática diversas medidas de restrições e isolamento de parte de sua população, bem como testagem em massa e o fechamento temporário de algumas fábricas e instalações. Mais do que isso, a produção industrial também foi afetada pelas cheias e pelo mau tempo na China no mês passado. 

"A pandemia piorou em outros países asiáticos em desenvolvimento, o que pode ter levado a uma realocação do comércio para a China. Mas, os principais indicadores sugerem que as exportações podem enfraquecer nos próximos meses", disse Zhiwei Zhang, economista-chefe do Pinpoint Asset Management à Reuters Internacional.

Outro problema que trava o avanço da produção e exportação chinesa é a escassez de semicondutores, gargalos logísticos e elevados custos logísticos, problemas estes comentados ao Notícias Agrícolas pelo analista de mercado da Agrinvest Commodities, Eduardo Vanin, na última semana. 

"Embora os pedidos estejam se recuperando, há muitas incertezas no segundo semestre do ano, como a evolução da epidemia interna e o custo das matérias-primas. E, ao mesmo tempo, a capacidade de produção externa está lentamente se recuperando", disse um exportador gerente de vendas baseado em Suzhou, também à agência. 

IMPORTAÇÕES DE SOJA, CARNES e ÓLEOS VEGETAIS

As importações de soja da China foram de 8,67 milhões de toneladas em julho, 14,1% menores do que no mesmo mês do ano passado. A baixa, ainda como mostram analistas e consultores de mercado se dá pelas margens ruins de esmagamento que vêm sendo registradas nos últimos meses na nação asiática, principalmente pelo momento difícil vivido pela suinocultura local. 

No início de 2021, os chineses intensificaram suas compras de soja, já antecipando sua maior demanda no setor de rações, uma vez que a recomposição do plantel de suínos - após boa parte ter sido dizimada pela epidemia de Peste Suína Africana - vinha acontecendo em ritmo bastante intenso. De janeiro a junho, as importações da oleaginosa somam 57,63 milhões de toneladas, 4,5% a mais do que há um ano, neste mesmo intervalo. 

E mesmo os cálculos dos especialistas sinalizando que a China ainda teria que comprar mais 25 milhões de toneladas de soja até o final de janeiro do ano que vem para estar bem abastecida, o volume de novas compras pode ser menor nos próximos meses. De um lado, as margens ruins na suinocultura alimentam essa expectativa, bem como a busca das fábricas de alimentação animal por itens mais baratos, como o trigo. 

Há meses o governo chinês vem afirmando que seus especialistas em nutrição animal têm trabalhado na revisão das fórmulas das rações de forma a diminuir a utilização do farelo de soja. E assim, ainda de acordo com a Reuters, as margens de esmagamento da oleaginosa em Rizhao, província de Shandong, um importante centro de processamento no leste da China, atingiu seus níveis mais baixos já registrados em junho deste ano, antes de subir novamente.

Na mesma direção, as importações de carne suína pelo país caíram 14,43% na comparação anual e totalizaram 854 mil toneladas, reflentindo o momento de preços locais mais baixos e em uma demanda menor, portanto, por importações da proteína. No entanto, o volume foi maior do que o de junho, quando as compras foram de 743 mil toneladas. 

Nos primeiros sete meses do ano, as compras chinesas de carne de porco alcançaram 5,93 milhões de toneladas, superando os 5,75 milhões do mesmo intervalo de 2020. 

Desde o início de 2021, os preços da carne suína na China já marcam uma queda de mais de 50%, o que também foi um reflexo das altas importações e do aumento da produção com o recuperação dos plantéis pós PSA. 

Apesar dos números, Vanin faz um alerta. "As importações chinesas de soja, óleos vegetais e carnes, no acumulado de 12 meses, bateram seu pico em junho, já perdendo força para julho. A tendência geral é de queda para os próximos meses". 

As importações chinesas de óleos comestíveis da China em julho foram de 826 mil toneladas, 18,7% menores do que as de junho, de 1,016 milhão e 13,6% na comparação com julho/20. No acumulado de 2021 - janeiro a julho - o total chega a 6,619 milhões, 21,7% a mais do que no mesmo período do ano passado. 

Leia mais:

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Com informações da Reuters Internacional, Administração Geral das Alfândegas da China e Bloomberg

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Notícias Agrícolas

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