Emater apresenta informações inéditas sobre broca-do-tronco que ataca pequizeiros
O Ciclo de Palestras sobre Fitossanidade do Pequizeiro, realizado na última semana, inaugurou um importante momento para as pesquisas envolvendo o Caryocar brasiliense Cambess, nome científico do pequi. Especialistas da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater) e da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) apresentaram durante o evento, de maneira inédita, os avanços em relação à broca-do-tronco, praga que vem atacando pequizeiros em Goiás e Minas Gerais.
Pela primeira vez, foram divulgadas imagens detalhadas da lagarta e informações sobre sua fase adulta, quando se torna uma mariposa. A broca-do-tronco é uma praga que vem atacando o tronco de pequizeiros, podendo levar as árvores à morte. Os primeiros registros em quantidades significativas de broca-do-tronco aconteceram há cerca de dois anos em Janpovar, cidade da região Norte de Minas Gerais. Em Goiás, a ocorrência já foi detectada em alguns municípios, como Sítio D’Abadia, Damianópolis, Mambaí e Buritinópolis.
A pesquisadora do Laboratório de Entomologia e Controle Biológico da Emater, Karin Collier, apresentou o ciclo da broca, que se inicia com a observação das lesões no tronco, sendo os primeiros sinais de ocorrência no campo os caminhos realizados pela lagarta no pequizeiro, com fezes e teias. Em seguida, vem o período em que possivelmente o inseto fica do lado de fora do tronco, entre os meses de fevereiro e março. Já em dezembro, quando está próxima a emergência da mariposa, começa-se a observar que as lesões se tornam mais intensas.
Imagens inéditas da lagarta atravessando o tronco foram exibidas pelo pesquisador da Epamig, Antônio Cláudio da Costa. O cientista acredita que o inseto registrado na fotografia encontra-se no ponto máximo de desenvolvimento, ou seja, quase em estágio de pupa. Nessa etapa, o casulo é formado dentro das próprias galerias construídas pela lagarta no tronco, onde a pupa se arrasta para a saída da mariposa. O registro em imagens da mariposa também foi revelado ao público pela primeira vez.
Para Antônio Cláudio, é importante que a espécie seja identificada para que se possa compreender o comportamento do animal. Já se sabe que a broca-do-tronco do pequizeiro faz parte da família Cossidae, da ordem Lepidoptera. Por isso, o também pesquisador Eduardo Carneiro, do Laboratório de Estudos de Lepidoptera Neotropical, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), também participou da palestra para explicar aspectos taxonômicos dos cossídeos.
“O evento mostrou que existem várias questões fitossanitárias relacionadas ao pequizeiro que precisam ser mais estudadas, que há muito conhecimento para ser gerado nessa área e serviu para instruir e trazer informações sobre pragas e doenças para quem está no campo”, afirma a cientista Karin Collier. “Proporcionou uma ótima oportunidade para estabelecer um canal de comunicação para os resultados das pesquisas, unindo pesquisadores, extensionistas, proprietários rurais, catadores e todos os demais envolvidos no extrativismo do pequi”, completa o pesquisador Antônio Cláudio.
Fitossanidade do pequizeiro
Outra novidade apresentada durante os seminários foi a nova praga identificada em Minas Gerais, o percevejo Edessa rufomarginata, que vem atacando a flor de pequizeiros. Conduzida pela professora Eliane Souza, do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG), a palestra revelou detalhes sobre o inseto, que é caracterizado pelo corpo ovalado, coloração da face texturizada, entre outros atributos.
Segundo a especialista, o dano mais comum causado para as plantas é a queda prematura de frutos e flores. A recomendação ainda em análise é a utilização de inimigos naturais, com aplicação de técnicas de manejo conservacionista que possibilitem o aumento populacional desses inimigos já ali presentes.
Além disso, o Ciclo de Palestras contou com a participação de diversos profissionais para abordarem diferentes tópicos fitossanitários do pequizeiro. A pesquisadora da Emater Goiás, Elainy Botelho, que coordena o maior banco de germoplasma de pequi do mundo, na Estação Experimental Nativas do Cerrado, mostrou detalhes sobre relatos de pragas em pequizeiros no Estado.
Também participaram da programação a professora Nilza de Lima, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o pesquisador Ailton Pereira, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), unidade Cerrados, a pesquisadora da Emater Goiás, Tais Ferreira, o estudante do curso de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Herick Nogueira. Foram promovidas ainda duas rodas de conversas com os pesquisadores e técnicos da extensão rural de Goiás e do Tocantins.
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