Governo cita Japão e Coreia entre prioridades em carne após novo status sanitário
Japão e Coreia do Sul estão entre os mercados que o Brasil deverá focar para ampliar suas vendas de carnes, após o reconhecimento nesta quinta-feira do status sanitário de área livre de febre aftosa sem vacinação para mais Estados da federação, segundo autoridades.
Esses mercados, que hoje já compram carne suína de Santa Catarina, desde 2007 o único Estado brasileiro com status internacional sanitário mais avançado, terão agora à disposição a produção da carne bovina de outras regiões do país, o maior exportador global desta proteína.
Rio Grande do Sul, Paraná, Rondônia, Acre e parte de Amazonas e de Mato Grosso foram reconhecidos nesta quinta-feira pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês) como áreas livres de aftosa sem vacinação, e podem ser beneficiados por melhores preços pagos pela carne proveniente de tais áreas com esse status.
"Mercados novos, preços novos e o reconhecimento da qualidade dos nossos produtos", disse a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, ao fazer o anúncio ao lado de governadores de Estados com o novo reconhecimento.
A discussão sobre a abertura efetiva dos mercados, contudo, será feita com cada país e o setor privado, lembrou o secretário de Defesa Agropecuária, José Guilherme Leal, em conversa com jornalistas por videoconferência.
"Abre negociação com cada país, quando falamos de áreas que não temos acesso, por exemplo, bovino, Japão e Coreia, se já existe negociação em andamento, agora vamos apresentar relatório, toda a documentação apresentada à OIE, e pede para fazer a análise e o reconhecimento", afirmou.
Ele explicou que alguns países demandam auditorias e verificação do sistema brasileiro, mas há casos, como o Canadá, no qual o Brasil tem equivalência sanitária, o que pode facilitar o processo.
"Para a carne suína, mercados já abertos, que já compram de Santa Catarina, vamos apresentar agora os demais Estados, principalmente Rio Grande do Sul e Paraná, na mesma condição de Santa, e pedindo aprovação do certificado", detalhou.
A remuneração da carne proveniente de animal sem vacinação é maior no mercado internacional, chegando a ser de 25% a 30% superior, disse a coordenadora de Produção Animal da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Lilian Figueiredo, em uma nota nesta quinta-feira.
Ele lembrou que Japão e Coreia, além de Estados Unidos, México, Canadá, exigem que o Brasil não faça a vacinação --embora não cause problemas ao ser humano, a febre aftosa pode reduzir fortemente a produtividade de um rebanho.
"Abre negociação com cada país, o ritmo depende do tipo de avaliação que cada país vai fazer", acrescentou Leal.
Segundo ele, novos produtos, como carne com osso, para mercados já abertos podem ter avaliação mais rápida de alguns países com o novo status.
"Estamos trabalhando em várias frentes para garantir esta ampliação."
IMPACTO DE PREÇOS
Questionado sobre o impacto nos preços da carne, que já estão em patamares historicamente elevados, Leal comentou que o Brasil tem capacidade de aumentar a produção, e que na pecuária já há sinais de aumento de disponibilidade de gado após um ciclo de baixa oferta de animais para abate.
Ele disse ainda que a suinocultura está investindo para ampliar o plantel, mas admitiu que a questão do preço alto do milho e soja, principais insumos para a ração, é uma preocupação, não só no Brasil mas em outros países.
O secretário comentou que a ministra tem trabalhado uma série de pontos para permitir o crescimento sustentável da produção de grãos e amenizar a alta de custos dos insumos.
DEFESA SANITÁRIA
Segundo a ministra, que classificou a decisão da OIE como um "marco", a responsabilidade do serviço de defesa agropecuária aumenta com o reconhecimento de mais Estados como livres de aftosa sem vacinação e exigirá coordenação entre as federações para a garantia da sanidade do rebanho.
O secretário lembrou ainda que a pasta tem reiterado pedidos para a realização de novos concursos de fiscais agropecuários, e que o Ministério da Economia aguarda questões relacionadas à reforma administrativa para avançar com tais processos.
Com a liberação dos outros Estados, cerca de 20% do território nacional se torna livre de aftosa sem vacinação, gerando uma economia de aproximadamente 90 milhões de reais ao produtor rural, que não precisará mais vacinar o rebanho nestas áreas, segundo nota do Ministério da Agricultura.
As autoridades explicaram que, além dos Estados totalmente liberados, 14 municípios do Amazonas, na divisa com Acre e Rondônia, não precisarão do imunizante, algo que foi acertado considerando a dinâmica de movimentação de animais.
Esses municípios respondem por cerca de 70% rebanho do Amazonas. No caso de Mato Grosso, maior produtor de gado do Brasil, a parte liberada, perto de Rondônia, tem cerca de 350 mil bovinos, ou 1% do rebanho bovino do Estado.
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