Sindiveg vê falta de insumos para defensivos agrícolas e risco para oferta no Brasil
Por Nayara Figueiredo
SÃO PAULO (Reuters) - O avanço da Covid-19 na Ásia tem acarretado restrições de matéria-prima para produção de agroquímicos e ligou um alerta para o setor de defensivos sobre o risco de faltar produtos para a safra 2021/22 do Brasil, que será plantada a partir de setembro, disse à Reuters o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) nesta quarta-feira.
"Tivemos aumento generalizado (de preços) das matérias-primas em nossos produtos e começamos a ter falta de produtos também", disse o presidente da entidade, Júlio Borges Garcia.
O executivo afirmou que, historicamente, já houve ausência de alguns insumos, "mas desta vez parece um pouco pior", à medida que a pandemia segue em países como China e Índia.
"A logística também está mais complicada e não é só para o Brasil... Para 2021/22, já tem uma intenção de aumento de área... O produtor se antecipou e tem boa parte dos defensivos negociados, agora precisamos ver se as empresas vão conseguir honrar as entregas", disse.
Ele acrescentou que o incremento de demanda entre os produtores rurais, devido às intenções de elevar a área de plantio e a maior incidência de pragas e doenças nas lavouras, ainda contribui para o avanço de preços dos insumos.
Somente no primeiro trimestre deste ano, a área tratada com defensivos agrícolas cresceu 7% ante o mesmo período de 2020, para 562,7 milhões de hectares --considerando a multiplicação de área cultivada por volume de produtos e quantidade de aplicações realizadas.
Em volume, os defensivos aplicados no Brasil chegaram a 349 mil toneladas no primeiro trimestre de 2021, ante 333 mil em igual período do ano anterior, mostraram dados do Sindiveg com base em pesquisa realizada pela consultoria Spark.
O levantamento indica que houve crescimento no uso de tratamento de sementes (12,6%), fungicidas (11,8%) e inseticidas (6,8%).
O valor do mercado de agroquímicos aplicados recuou 12,9% no primeiro trimestre, para 3,8 bilhões de dólares, em função da forte desvalorização do real ante a moeda norte-americana. Já em reais, houve um avanço de 9,2%, para 20,3 bilhões na comparação com os três primeiros meses de 2020.
Em relação aos cultivos, a soja aumentou sua participação no valor total de mercado de defensivos aplicados, de 41% para 43%, chegando a 1,6 bilhão de dólares.
Segundo Garcia, estes aumentos se devem, primeiramente, à ampliação da área cultivada com a oleaginosa e, em segundo, à maior incidência de pragas e doenças.
"Alguns problemas em particular chamaram a atenção de agricultores no primeiro trimestre de 2021. As aplicações para combater a mosca-branca cresceram 25% em área tratada. Esse inimigo é perigoso para soja, algodão e feijão", disse ele.
O atraso no plantio da primeira safra 2020/21 contribuiu para a expansão da mosca-branca, que, segundo o executivo, teve relação com as condições climáticas ocorridas durante o desenvolvimento da lavoura.
Em meados de março, em plena colheita da soja no país, reportagem publicada pela Reuters mostrou que o excesso de chuvas de verão elevou também a ocorrência de doenças como a ferrugem asiática.
À época, o Sindiveg estimou que a área tratada com agroquímicos para a oleaginosa deve crescer 7,72% na safra 2020/21, para 933,05 milhões de hectares.
Apesar dos gargalos, o Brasil deve alcançar um novo recorde na produção de soja, estimado nesta quarta-feira em 136,34 milhões de toneladas pela consultoria Datagro que, se confirmado, representará alta de 6% sobre a máxima anterior, ocorrida em 2019/20.
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