Nordeste terá programa de ampliação de agricultura irrigada
Você sabia que 100% da produção nacional de melão está localizada no Nordeste do Brasil? E que 80% das frutas exportadas são cultivadas nessa região? Esses resultados têm larga relação com a agricultura irrigada, tendo vários de seus polos baseados no desenvolvimento dessa tecnologia.
Para estimular o crescimento da agricultura irrigada no Nordeste, norte de Minas Gerais e norte do Espírito Santo, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o Banco do Nordeste (BNB) lançaram, nesta quinta-feira (29), o Programa de Fomento à Agricultura Irrigada no Nordeste (Profinor).
O programa tem como meta ampliar a área de agricultura irrigada na região em 80 mil hectares em quatro anos, além da modernização de 8 mil hectares de sistemas de irrigação obsoletos.
A promoção do desenvolvimento sustentável ocorrerá por meio de crédito aos produtores rurais para que possam instalar ou trocar equipamentos de irrigação por outros mais eficientes e também instalar sistemas de energia alternativa.
“A partir da linha de crédito criada pelo BNB, os pequenos e médios produtores rurais da região poderão agora ter acesso facilitado tanto a recursos para a implantação ou expansão de projetos de irrigação e drenagem, como também à assistência técnica necessária para que seus projetos sejam economicamente viáveis e ambientalmente sustentáveis”, destacou a ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) na live de lançamento.
A ministra acrescentou que a missão do Mapa é oferecer ao Nordeste “as mesmas condições da produção agropecuária do Centro-Sul”. “Conciliaremos aumentos de produtividade e diversificação da produção com incrementos na renda e na qualidade de vida do produtor, além de benefícios incontestes para o meio ambiente”.
Recursos
Produtores rurais e empresas da Região Nordeste, do norte de Minas Gerais e do norte do Espírito Santo que tenham interesse em implantar a agricultura irrigada ou que precisem modernizar ou expandir o sistema de irrigação poderão contar com R$ 900 milhões em crédito por meio do Profinor. Os recursos são provenientes do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), BNB Agro Inovação e Pronaf, com taxas de juros que variam de 4,38% a 4,78% ao ano, dependendo do porte do produtor (pequeno, médio e grande) e com bônus de adimplência. O crédito será operacionalizado pelo Banco do Nordeste.
“Temos grandes celeiros no Nordeste e precisamos dar dinamicidade a esses polos de desenvolvimento com a produção agrícola pelo emprego de novas tecnologias, melhoria de processos e concessão de outorgas. Que possamos melhorar a produtividade e o agronegócio do Brasil olhando para o Nordeste”, ressaltou o presidente do BNB, Romildo Rolim.
Os itens que poderão ser financiados pelo Programa são: aquisição de sementes e mudas para cultivos irrigados; implantação das culturas sob irrigação; aquisição de insumos para áreas irrigadas; aquisição de equipamentos de irrigação, bombas e sistemas de adução de água; construção de barramentos e açudes para acúmulo de água para irrigação; financiamento de sistemas/equipamentos para manejo da agropecuária irrigada; sistema de energia de fontes alternativas e convencionais; custeio agrícola.
Para o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, o programa atende aos anseios de produtores do Nordeste. “Temos terras muito produtivas e condições de duplicar as áreas irrigadas para transformar o Nordeste numa região empreendedora e moderna”.
Área irrigada
Dados do Censo Agropecuário de 2017 e da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) mostram que a área irrigada no Brasil é de aproximadamente 7 milhões de hectares, o que corresponde a 3% da área agricultável. A relação média mundial entre área irrigada e agricultura de sequeiro é de 20%, no Brasil esse índice é de apenas 10% da área plantada, ou cerca de 8,2 milhões de hectares.
Existem 55 milhões de hectares, ocupados atualmente pela agricultura de sequeiro e por pastagens, aptos para irrigação, de acordo com pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo – Esalq/ USP, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).
No Profinor, o produtor rural, com apoio de extensionistas, definirá em qual lavoura pretende colocar sistema de irrigação. Uma das cadeias produtivas a serem beneficiadas é a de frutas, como lavouras de manga, uva e banana e citrus. O potencial para a produção de frutas com alto valor agregado é grande, e ainda há espaço para incrementar a partir da irrigação do solo, bem como o desenvolvimento social, econômico e ambiental.
“Acreditamos que com ciência e tecnologia vamos mudar o cenário do Nordeste brasileiro, levando a riqueza do agro. Fazer agricultura irrigada inteligente atendendo ao binômio de produção com sustentabilidade”, disse o secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação, Fernando Camargo.
Participaram do evento o secretário-adjunto de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação e diretor do AgroNordeste, Cleber Soares; o diretor substituto do Departamento de Produção Sustentável e Irrigação, Gustavo Goretti; o secretário executivo substituto do Ministério do Desenvolvimento Regional, Daniel Ferreira, que representou o ministro Rogério Marinho; e o superintendente do Banco do Nordeste, Luiz Sérgio.
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