Agronegócio impulsionou a balança comercial brasileira em 2020
A balança comercial brasileira fechou o ano de 2020 com saldo positivo de US$ 50,9 bilhões, com destaque para o agronegócio, que bateu recorde com saldo final de US$ 87,7 bilhões. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, nesta quarta-feira (31), uma análise com os principais fatores que contribuíram para que o Brasil se mantivesse como um dos principais fornecedores de commodities agropecuárias no mercado mundial no ano passado, com destaque para a soja e as carnes (bovina, suína e de frango), além de tendências para 2021. A desvalorização do real frente ao dólar, a guerra comercial entre Estados Unidos e China, a quebra de safra de países concorrentes e condições climáticas favoráveis, contribuíram para o Brasil seguir na liderança do setor.
A China responde por 33,7% das exportações totais do setor agropecuário brasileiro em 2020 e também é o maior consumidor mundial de soja. Ana Cecília Kreter, pesquisadora associada do Ipea e uma das autoras do estudo, afirma que o fato da China ser o principal importador de produtos brasileiros vai além da guerra comercial com os Estados Unidos. “Apesar do aumento da produção, a demanda chinesa de várias commodities é acima da oferta, o que coloca o Brasil numa situação favorável e com boa perspectiva também em 2021”.
A soja é a principal cultura do Brasil, que se tornou o principal produtor mundial na safra 2019-2020, com 37,4% da produção total, seguido pelos Estados Unidos (28,4%) e pela Argentina (14,5%). De todos os produtos do agronegócio exportados, a soja responde sozinha por 34,2% do total comercializado em valor, que corresponde a US$ 34,5 bilhões. A estimativa da Conab é de novo recorde para a safra 2020-2021: 135 milhões de toneladas, reforçando o protagonismo do Brasil no mercado internacional.
As carnes estão em segundo lugar entre os produtos do agronegócio mais exportados em 2020: US$ 17,2 milhões, com destaque para a bovina e a suína. O aumento da demanda por parte dos países asiáticos levou ao recorde das exportações. Só a China representou 43,2% e 50,8% das exportações de carne bovina e suína ano passado, respectivamente. Em decorrência da Peste Suína Africana (PSA), houve descarte de animas no país aumentando a demanda chinesa por carne suína no mercado internacional.
Dos dez principais produtos de exportação do setor, apenas as carnes bovina, a suína e o café tiveram variação positiva no preço médio em dólar em 2020: 3,0%, 4,0% e 0,8%, respectivamente. O café também teve um desempenho positivo no ano passado, por conta das boas condições climáticas e da bienalidade positiva do grão: alta de 15,6% em valor e 30,0% em quantidade frente a 2019.
Os pesquisadores apontaram uma queda de 5,2% no valor das importações do agronegócio em 2020, na comparação com 2019, o que contribui para a elevação do saldo da balança comercial em 5,6%, passando de US$ 83,0 bilhões para US$ 87,7 bilhões. O trigo, principal produto importação, teve queda de 9,9% em valor e 6,3% em quantidade no ano passado, seguido pelo arroz, que teve comportamento atípico em 2020, quando o Brasil aumentou as exportações do grão em 36,8%.
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