Dossiê de brasileiros contra o BR não deve afetar relação do país com os EUA, esclarecem especialistas

Publicado em 04/02/2021 12:54 e atualizado em 04/02/2021 14:54

 

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Na última semana, uma das principais manchetes da imprensa internacional vinha sendo a revisão pela qual passam as relações entre China e Estados Unidos na medida em que Joe Biden assumiu a Casa Branca. Será que essa é a vez do Brasil? O presidente norte-americano recebeu nesta semana um dossiê que recomenda a suspensão das relações entre os EUA e o Brasil enquanto Jair Bolsonaro for presidente. 

Apesar disso, a resposta ao questionamento é não. Ainda não é a vez do Brasil. Este não é um documento oficial, não foi solicitado pelo governo norte-americano, o qual, inclusive, não sinalizou que estaria, de fato, revisando suas relações com o governo brasileiro, como já está fazendo com a nação asiática. Este é, ao menos, um posicionamento consensual entre as fontes de mercado e do governo ouvidas pelo Notícias Agrícolas. 

O documento é uma iniciativa da U.S. Network for Democracy in Brazil, uma associação composta ativistas e acadêmcios brasileiros em 2018, contando hoje com 1500 participantes. Além da instituição, um dos autores do dossiê é Daniel Brindis, diretor do Greenpeace nos EUA que afirmou que o documento é também uma forma de "preparar o governo Bide para o fluxo de desinformação vindo do governo Bolsonaro", segundo informaram os sites de notícias.

Em entrevista ao Notícias Agrícolas, todavia, o cientista político Christian Lohbauer afirma que "a acusação que o Greenpeace faz é o que tem feito todos estes anos ao levar desinformação". Mais do que isso, Lohbauer aponta erros grosseiros no documento, o que confirmam ainda mais a pouca consistência do dossiê. 

O NA foi ainda ouvir mais especialistas e associações de classe que, assim como o cientista político, afirmam que trata-se de algo com pouca força para mudar o atual status das relações entre Brasil e Estados Unidos. 

A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) e a ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne) afirmaram que, por hora, não irão se posicionar sobre o tema. Ambas foram procuradas pela nossa reportagem já que o documento sugere ainda que haja restrição nas importações de soja, carne e madeira pelos EUA no Brasil. 

"Até o momento não obtivemos acesso ao documento e aos questionamentos que estariam sendo feitos. Por isso, é prematuro qualquer posicionamento", disse a ABIMCI (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente). Já a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) disse "não tem nada oficial e não vamos comentar o assunto".

O DOCUMENTO

O documento tem 31 páginas e listou dez temas principais, entre eles as políticas de preservação ambiental, economia política, democracia e o estado de democrático de direito. Atualmente, a associação é composta por ativistas e acadêmcios brasileiros, teve origem em 2018,  e conta com 1500 participantes. Entre os 13 membros da diretoria, quatro deles são brasileiros: 

Juliana Moraes
Diretora executiva do escritório do Brasil em Washington da U.S. Network for Democracy in Brazil (USNDB). Doutora em Relações Internacionais pela American University. Atuou como consultora no Banco Interamericano de Desenvolvimento e na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos.

Marina Dias Lucena Adams
Membro do conselho consultivo do escritório do Brasil em Washington da U.S. Network for Democracy in Brazil (USNDB). Doutoranda em História pela Brown University. Fundadora-membro da Rede dos Estados Unidos para a Democracia no Brasil e Organizadora Nacional.

Isabela Carvalho
Membro do conselho consultivo do escritório do Brasil em Washington da U.S. Network for Democracy in Brazil (USNDB). Jornalista e mestre em Comunicação e Desenvolvimento, líder de projetos da Ashoka e atuação em programas ligados à Organização das Nações Unidas.

Aline Piva
Membro do conselho consultivo do escritório do Brasil em Washington da U.S. Network for Democracy in Brazil (USNDB). Formada em Ciências Sociais e pós-graduada em Direito Internacional e Relações Internacionais. Colaboradora da Expressão Popular e foi Subdiretora adjunta do Conselho de Assuntos Hemisféricos (COHA).

Em uma nota à imprensa, a instituição diz:

"WASHINGTON / 3 de Fevereiro, 2021 - Especialistas em direitos humanos e meio ambiente, convocados pela USNDB, enviaram à administração de Biden-Harris recomendações urgentes para a política EUA-Brasil em 10 questões críticas, incluindo: (i) Democracia e Estado de Direito; (ii) Direitos Indígenas, Mudanças Climáticas e Desmatamento; (iii) Política Econômica; (iv) Centro de Lançamento de Alcântara e Auxílio Militar dos EUA; (v) Direitos Humanos: Grupos Historicamente Marginalizados; (vi) Violência Estatal e Brutalidade Policial; (vii) Sistema de Saúde Pública; (viii) COVID-19; (ix) Liberdade Religiosa; e (x) Trabalho. Os co-autores documentaram como a agenda de Bolsonaro, facilitada pela administração Trump, ameaça os direitos humanos, a paz e justiça da região, e o clima do planeta, e demonstraram como Biden e o Congresso Americano podem começar a reparar o dano recente. 

Especialistas indicaram maneiras na qual a política externa e interna americana, em especial as relações comerciais e a presença militar, podem impactar a justiça racial no Brasil, o Estado de Direito, a democracia e o meio ambiente. Complementando recomendações de alto-nível para a Floresta Amazônica, os especialistas urgem por uma abordagem baseada em direitos para proteger florestas tropicais como a da Amazônia, enfatizando o respeito pelos Povos Indígenas, considerando o papel do governo dos EUA e de corporações americanas, e evitando soluções falsas como a compensação de carbono, que não provaram que realmente reduzem as emissões e permitem que a poluição continue nos EUA, impactando desproporcionalmente os negros, indígenas e outros grupos historicamente marginalizados". 

>> Clique AQUI e veja a nota na íntegra

Abaixo, veja o dossiê completo, em inglês:

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja e Jhonatas Simião
Fonte:
Notícias Agrícolas

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4 comentários

  • Petter Zanotti Assis - SP

    Um ponto importante a se observar sobre essa conclusão citada no artigo, é que nossa relação com os EUA de fato não deve se alterar mas se manter como sempre foi: eles não são nossos amigos, muito menos aliados! Para os EUA, o Brasil não passa de um pária que começou a incomodar pelo crescimento vertiginoso da agropecuária que hoje rivaliza com eles no mercado mundial!

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  • Petter Zanotti Assis - SP

    Esse 'manifesto' é reflexo do complexo de vira-latas que muitos ainda não superaram! ... Recuso inclusive a nomeá-los 'brasileiros', pois não passam de traidores, verdadeiros quislings, submissos a interesses estrangeiros e sem nenhum compromisso com o Brasil! ... Merecem o nosso repúdio e desprezo por se sujeitarem a esse papel de vassalos do poder estrangeiro!

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  • Merie Coradi Cuiaba - MT

    Até ontem tivemos presidentes brasileiros que deram ouvidos ao Greenpace, WWF e outras ONGs ambientalistas, dando a elas status de autoridades. Atualmente tem Governadores, tipo do MT, do Pará e outros que ainda recebem essas ONGs com tapete vermelho. Aí está a prova de que essas organizações jamais tiveram o meio ambiente como solução ambiental, elas estão sim a serviço dos neo colonizadores europeus, tipo Macron da França, Alemanha, Reino Unido, etc. que não aceitam o crescimento do Brasil e querem a todo custo nos manter pobres e dependentes deles. O socialista FHC (PSDB) vendeu para os europeus 80% da amazonia, ao aprovar uma lei que proibiu o desmatamento lá, lei essa que depois foi referendada pelo Código Florestal e pasmem: sem uma contrapartida dos europeus. FHC simplesmente cedeu para pegar um empréstimo junto ao FMI e a exigência foi que o Brasil deveria manter intacta a floresta amazônica. O presidente vendilhão ainda pousou de bom garoto junto a artistas e intelectuais. Agora o Bolsonaro não quer entregar a Amazonia e essas ONGs vem com essa palhaçada. Cinta, muita cinta deveria pesar no lombo do Greenpace e demais pessoas que assinaram esse manifesto, inclusive cinta deveria cair do lombo desses governadores que dão moral para essas ONGs.

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  • Aloísio Brito Unaí - MG

    Isso nos mostra que nem sempre, diplomas de universidades conceituadas, referenciam a capacidade técnica do indivíduo. A coisa está tão banalizada que perderam a referência de competência e exatidão.

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