Utilização de curvas de nível contribui com preservação do solo
O processo de plantio vai além da seleção das sementes, adubação e irrigação. O primeiro passo é preparar o terreno onde o agricultor vai desenvolver suas atividades rurais. A preparação do solo é fundamental para garantir “bons frutos” a longo prazo. Dentre as muitas técnicas disponíveis aos produtores rurais, a utilização de curvas de nível se mostra mais simples e eficaz do que se imagina.
A técnica consiste basicamente em representar diferenças de altitudes em determinado relevo analisado. “A marcação geralmente é feita por um aparelho que contém um nível. No passado, o pessoal usava mangueiras com água dentro. Eles produziam o nível com uma mangueira, cavalete ou triângulo, a forma mais artesanal e mais antiga. Ainda se a pessoa não tiver um nível ótico ou um nível de engenharia, que é o equipamento mais usado para marcação, pode utilizar esses aparelhos mais artesanais”, explica o técnico em Agropecuária da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), Joaquim Roberto Lino Teixeira.
Curva de nível evita perda de matéria orgânica e minerais do solo
Todo o processo é realizado utilizando um nível óptico ou de engenharia para fazer as marcações. Outro equipamento comum é o chamado RTK (Real Time Kinematic – Posicionamento Cinemático em Tempo Real). Depois de demarcar os pontos onde a nivelada vai passar, ou seja, o perímetro da curva de nível, estacas são fincadas no solo a cada vinte metros. Na falta delas, também podem ser feitos “riscos” no terreno com o trator puxando um arado ou grade, de maneira a sinalizar onde a curva deve ser levantada.
Na Fazenda Braveza, localizada no município de Itaberaí, o técnico da Emater utilizou as curvas de nível com o objetivo de solucionar dois problemas: o primeiro deles era o excesso de água que escorria da estrada para dentro da área de pastagem provocando erosão. O segundo era revitalizar a pastagem que já estava em processo de recuperação. A grande quantidade de chuva levava nutrientes e matéria orgânica, ingredientes necessários para a sobrevivência da gramínea.
Após a marcação e o levantamento das curvas de nível, o produtor foi orientado a jogar semente de capim sobre elas para que as mesmas ficassem formadas. “A curva de nível não é feita somente para a lavoura, a gente faz também na área de pastagem, para ter o melhor rendimento da gramínea, para que dessa forma ela possa aguentar mais tempo verde no período seco do ano”, justifica Joaquim Roberto.
Benefícios
Além de evitar a perda de matéria orgânica e minerais do solo, as curvas de nível apresentam outras vantagens, segundo o técnico da Emater. As principais delas são controlar a erosão do solo e reter a água da chuva em uma linha de curvas, também chamadas de terraço. Além de controlar a erosão, elas podem segurar parte da superfície do solo. Quando não se tem a curva de nível, com a chegada da chuva toda parte fértil, a camada superficial do solo, é arrastada pela água. Desta forma evita que os nutrientes e adubo que o produtor joga na pastagem ou na lavoura seja levada.
Joaquim Roberto destaca também que há melhor aproveitamento do terreno com a técnica. De acordo com ele, “onde são feitas as curvas de nível, as plantas resistem mais ao chamado ´veranico´, período de falta de chuva ou estiagem tanto para a lavoura como para a pastagem. A gente pode observar que nas áreas onde têm curva de nível, as pastagens demoram mais tempo para secar; elas ficam mais tempo verde por período do ano”.
Outros benefícios são controle de erosão do solo e retenção de água da chuva
Atuação da Emater
Quando solicitado, funcionários da Emater fazem avaliações técnicas do terreno de forma a viabilizar a construção das curvas com êxito dentro das propriedades assistidas. Todo o processo é acompanhado de perto pelos técnicos para que não ocorra problemas no futuro, como por exemplo o rompimento das curvas com o excesso de chuva. Por ser uma técnica muitas vezes desconhecida por parte dos agricultores, a Emater atua esclarecendo e mostrando todas as vantagens que a implantação pode trazer para a propriedade, contribuindo assim para a conservação de solo e água através das curvas de nível de acordo com a demanda do produtor.
“Quando uma pessoa vem na Emater solicitando nossa assistência técnica para recuperar uma área de pastagem, o primeiro procedimento que a gente recomenda é a demarcação das curvas de nível. Depois vêm os outros procedimentos que são correção do solo, adubação, plantio das gramíneas e outros mais. Então a Emater trabalha em duas linhas: a linha de educação que é orientar e incentivar o procedimento e a outra linha que é a gente realizar o procedimento da marcação das curvas junto aos produtores”, ressalta Joaquim.
Por fim, o técnico avalia que o impacto das curvas de nível é positivo para a preservação do meio ambiente local. “No solo onde é realizado a demarcação das curvas, é feito também a retenção da água da chuva, evitando a lavagem do solo, a erosão, o assoreamento da nascente, a contaminação da água por adubos e defensivos agrícolas. E quando acontece essa contaminação da água dos rios e córregos, automaticamente está contaminando a fauna, podendo contaminar os animais silvestres que dependem dela para consumo e até dos seres humanos que usam a água dos córregos e dos rios para consumo próprio”.
Curvas de Nível na Fazenda Braveza
0 comentário

Aprosoja Brasil completa 35 anos de conquistas e desafios

Em dia de relatório frio do USDA cotações do milho e da soja recuam em Chicago; queda de braços entre frigoríficos e pecuaristas travam cotações da arroba

Petróleo sobe com dólar mais fraco, mas temores de recessão e tarifas pesam

Ibovespa fecha em queda com Petrobras, mas Vale reduz perda

Nova regulamentação dos Fiagros traz mudanças significativas na operação dos fundos

Sistema traduz dados da propriedade com inteligência artificial