Ministras da Agricultura do Brasil e de Portugal defendem acordo Mercosul e UE na abertura do 5º CNMA
O Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio de 2020 começou nesta segunda-feira (26) com um encontro das ministras da Agricultura do Brasil, Tereza Cristina, e de Portugal, Maria do Céu Antunes debatendo, ao lado de Graciela Fernandez, líder das Américas da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) sobre todo o potencial de negócios entre Mercosul e União Europeia, principalmente no setor do agronegócio.
Há semanas as duas ministras vêm se reunindo para tratar das relações comerciais e políticas dos dois países, mas também sobre o desenvolvimento e caminhar do acordo entre os dois blocos econômicos.
Tereza Cristina afirmou que há grandes vantagens para ambos os lados, mas que o Brasil ainda precisa intensificar seus esforços e estratégias para informar tudo o que a produção agropecuária possui de positivo, especialmente quando se trata de sustentabilidade.
"Temos que informar tudo o que temos de bom", afirmou a ministra, citando ferramentas como Código Florestal Brasileiro e o CAR (Cadastro Ambiental Rural), onde há mais de 6 milhões de propriedades cadastradas que facilitam seu monitoramento. Afinal, as questões ligadas ao meio ambiente, sua preservação e as práticas nacionais de produção são temas de extrema importância para a Europa e para a consolidação do acordo comercial entre os dois blocos.
Tereza Cristina ainda citou as questões dos processos de rastreabilidade, outro tema de relevância nas negociações. "Se não houver crescimento na cadeia de valor, o produtor vai ficando para trás. Não tem como fugir disso", disse.
Da mesma forma, a ministra portuguesa afirmou que o acordo é de interesse de todos. "A União Europeia está sob um modelo de construção política com foco nas alterações climáticas. Mas se há um setor que colabora para a estabilidade climática é a agricultura", disse. Maria do Céu reiterou a necessidade que o mundo enfrenta de produzir mais com menos, com os países complementando as produções de seus parceiros.
"Temos que estar todos juntos. Temos que combater a fome, temos que atender a consumidores cada vez mais exigentes", explicou. "Temos que trabalhar de forma a criar mecanismos que coloquem as políticas públicas a serviço dos produtores, a favor da produção", completou.
Maria do Céu acredita que somente assim é possível criar um ambiente mais sustentável e também mais competitivo. "Temos que aproveitar o conhecimento histórico e essa amizada que nos une (Brasil e Portugal) para crescermos juntos".
MAPA: Tereza Cristina destaca trabalho do Mapa para estimular organização das mulheres no campo
A ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) destacou que o Mapa está trabalhando para estimular a organização das mulheres no campo, ao participar nesta segunda-feira (26) do 5º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio.
Tereza Cristina defendeu o cooperativismo como uma das formas de organização das produtoras rurais para terem acesso a tecnologia, mais crédito e recursos produtivos, desafios enfrentados por elas no campo. Além disso, os setores organizados conseguem se recuperar de forma mais rápida diante de uma crise, como ocorre durante a pandemia do coronavírus. As cooperativas, por exemplo, receberam R$ 60 milhões como crédito extra para capital de giro na pandemia.
A ministra relatou que o setor de hortifrútis enfrentou dificuldades no início da pandemia, em razão do fechamento das feiras livres, mas conseguiu se recuperar por ter se organizado. Ela contou que recebeu sugestões, inclusive, de cooperativas lideradas por mulheres de como deveria ser a retomada das vendas de frutas e hortaliças.
“Onde nós temos a organização, uma cooperativa com mais experiência, fica mais fácil ainda [a recuperação]. Qualquer tipo de organização é mais benéfico, e as coisas acontecem mais rapidamente e os prejuízos são menores”, disse a ministra no encontro virtual.
No Brasil, 19% dos estabelecimentos rurais são dirigidos por mulheres, totalizando quase 1 milhão que trabalham como produtoras, segundo Censo Agropecuário 2017, do IBGE. A maioria está na Região Nordeste (57%), seguidas pelo Sudeste (14%), Norte (12%), Sul (11%) e Centro-Oeste (6%).
De acordo com Tereza Cristina, o cooperativismo é uma das linhas de ação do AgroNordeste, programa voltado para pequenos e médios produtores da região que já comercializam parte da produção, mas ainda encontram dificuldades para expandir o negócio. A ministra informou que o Mapa está estimulando que grandes cooperativas localizadas no Sul, Sudeste e Centro-Oeste façam parcerias com entidades do Nordeste para troca de experiências.
A ministra da Agricultura de Portugal, Maria do Céu Antunes, destacou também a importância das organizações dirigidas por mulheres e relatou casos de sucesso nas produções de vinho e pera em seu país.
A líder da Aliança das Cooperativas Internacionais na América, Graciela Fernandez, do Uruguai, destacou a forte presença brasileira no cooperativismo e como esse tipo de organização ajuda no enfrentamento das questões de gênero no campo.
As participantes citaram a criação de redes para compartilhamento de bons exemplos e iniciativas, além da troca de experiências entre países. Segundo a ministra Tereza Cristina, o Brasil irá organizar a ida de produtores de queijos a Portugal para aprender técnicas de produção no país.
Rastreabilidade
No evento, a ministra ressaltou a necessidade dos produtores rurais se adequarem às exigências do mercado consumidor globalizado, como a implantação da rastreabilidade dos produtos.
Segundo Tereza Cristina, o Mapa disponibiliza protocolos com orientações para os produtores rurais. “Se não houver crescimento na cadeia de valor, [o produtor] vai ficando para trás. Não tem como fugir disso”, afirmou Tereza Cristina.
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