Oferta de alimentos na China terá lacuna de 130 mi t em 2025; segurança alimentar passa a ter alta prioridade
XANGAI (Reuters) - A China deverá atingir uma lacuna de cerca de 130 milhões de toneladas na oferta de alimentos até o final de 2025, à medida que a população urbana segue aumentando e a mão de obra rural envelhece, disse a imprensa estatal nesta segunda-feira, citando o relatório de um think tank governamental.
Com a população rural diminuindo e os agricultores enfrentando dificuldades para aumentar seus lucros, Pequim deve tratar a segurança alimentar como uma grande prioridade, segundo o Instituto de Desenvolvimento Rural da Academia de Ciências Sociais da China.
Dentro de cinco anos, a proporção da população que vive em áreas urbanas deve atingir 65,5% do total da China, ante 60,6% ao final do ano passado, com cerca de 80 milhões de habitantes rurais se mudando para as cidades.
Ao mesmo tempo, a proporção de habitantes rurais com 60 anos ou mais deve chegar a 25,3%, versus cerca de 15% no censo de 2010.
Os temores relacionados à oferta de alimentos na China voltaram ao centro das atenções neste mês, depois de o presidente Xi Jinping condenar um "vergonhoso" desperdício de alimentos, desencadeando uma onda de iniciativas empresariais e de governos locais.
A garantia da oferta de alimentos é uma importante fonte de legitimidade política para o Partido Comunista Chinês, mas o rápido crescimento populacional e as amplas taxas de industrialização e urbanização tornaram cada vez mais escassos e pressionados os recursos terrestres e hídricos do país.
(Reportagem de David Stanway).
Xi Jinping quer que chineses reduzam quantidade de comida e evitem o desperdício de alimentos (Xinhua)
Em publicações repercutidas pela midía estatal, o dirigente máximo da China Xi Jinping exortou seus cidadãos a reduzirem o consumo de alimentos e que evitem o desperdício. "É necessário cultivar hábitos de parcimônia e promover um ambiente onde o desperdício seja vergonhoso e a parcimônia seja aplaudida".
As manifestações do líder comunista chinês (publicadas abaixo), fazem parte de novas determinações do Governo visando o fortalecimento das medidas de controle do Partido Comunista Chinês (PCC).
A revista inglesa The Economist diz que "Xi Jinping está reinventando o capitalismo de estado". Já em outro artigo do presidente Xi Jinping sobre a abertura de novos horizontes da economia política marxista na China contemporânea, O mandatário não deixa dúvidas:
-- "O status de propriedade pública como o pilar fundamental e o papel de liderança da economia estatal não devem ser alterados".
Citações de Xi Jinping sobre promoção de parcimônia e contra o desperdício de comida (Xinhua)
Beijing, 14 ago (Xinhua) -- O presidente chinês, Xi Jinping, falou sobre praticar parcimônia e acabar com o desperdício de comida em muitas ocasiões. A seguir estão alguns destaques das suas observações:
-- Esforços devem ser feitos para fortalecer a legislação e supervisão, tomar medidas eficazes e estabelecer um mecanismo de longo prazo para impedir o desperdício de alimentos.
-- É necessário aumentar ainda mais a consciência pública sobre o problema, cultivar efetivamente hábitos de parcimônia e promover um ambiente social onde o desperdício seja vergonhoso e a parcimônia seja aplaudida.
-- A aplicação estrita de diligência e parcimônia devem ser a prática comum de toda a sociedade. Todas as pessoas devem se opor à extravagância e ao desperdício.
-- A determinação do Comitê Central para a aplicação estrita de diligência e parcimônia e a oposição à extravagância e desperdício tem ganhado aclamação ampla dos funcionários e do público. Agora deve haver uma campanha seguinte para garantir que nenhuma pessoa apenas cumpra as formalidades ou siga as regras como uma medida temporária, como uma rajada de vento. Devemos fazer todo o possível, e devemos ver as coisas do princípio ao fim.
-- Nada será alcançado se não tomamos medidas sérias, pragmáticas e consistentes.
Editorial da Xinhua: Ressoa apelo de Xi para acabar com "desperdício na ponta da língua"
Beijing, 14 ago (Xinhua) -- O apelo recente do presidente Xi Jinping para acabar com o desperdício de alimentos e promover a parcimônia continua a ressoar no país, à medida que a tradição nacional de frugalidade ganhou uma nova perspectiva em meio a novas circunstâncias.
Chamando a questão do desperdício de alimentos de chocante e angustiante, Xi destacou a necessidade de manter um senso de crise, apesar do fato de que a China tem continuamente obtido safras abundantes.
Não é a primeira vez que ele pede uma ação decisiva para abordar a questão do "desperdício na ponta da língua", um slogan usado para descrever a extravagância na mesa de jantar. Os danos incorridos por tal excesso de indulgência não podem ser subestimados.
Em janeiro de 2013, Xi, que estava há dois meses no novo cargo de secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCC), comentou uma reportagem da Xinhua sobre internautas pedindo a eliminação do desperdício na mesa de jantar.
"É doloroso ver problemas tão graves quando todos sabemos que muitas pessoas em nosso país ainda sofrem com a pobreza", disse ele. "Devemos fazer algo para impedir esse gasto o mais rápido possível!"
Em seus comentários duros, Xi apontou que a aplicação estrita de diligência e frugalidade deve se tornar a prática comum da sociedade inteira. Além disso, ele observou que todos os funcionários e o público responderam fortemente a várias fontes de desperdício de alimentos, particularmente atividades recreativas com fundos públicos.
Sua instrução veio em meio a uma campanha nacional após uma decisão de oito pontos sobre a melhora da conduta do Partido e do governo, que estipula a parcimônia e o combate às más condutas, como usar fundos públicos para patrocinar banquetes e viagens.
Tais grandes banquetes são conhecidos por oferecerem baijiu (aguardente chinesa) de marcas famosas e delícias extravagantes em excesso. Parar esse desperdício de alimentos com uma abordagem de punho de ferro contribuiu para uma governança abrangente e estrita do Partido.
Até o final de março de 2019, a China investigou e lidou com 280 mil casos de violações das disciplinas de frugalidade do Partido desde 2012, de acordo com o principal órgão anticorrupção do PCC.
O desperdício de alimentos em jantares de luxo às custas do governo, uma fonte de ira pública, foi efetivamente contido. Ao mesmo tempo, como Xi sempre defendeu, a tradição de considerar a frugalidade como honra e o gasto como desgraça é levada adiante.
Os comentários do presidente Xi em 2013 e seu mais recente apelo para cessar o desperdício de alimentos contêm algumas palavras-chave do ano incomum de 2020 para a China: redução da pobreza, construção do Partido, autossuficiência e COVID-19.
Até o final de 2013, mais de 82 milhões de habitantes rurais viviam abaixo da linha de pobreza de 2.300 yuans por ano (US$ 331). Este ano, a China está determinada a pôr um fim histórico à pobreza absoluta.
O ano de 2020 marca o 99º aniversário de fundação do PCC, que liderou toda a nação a conter a COVID-19, e entra na fase final de terminar a construção de uma sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos - uma meta a ser alcançada sob um novo padrão de desenvolvimento que coloca mais ênfase na autossuficiência, entre outros.
Todos os eventos significativos estão relacionados ao que acontece na "ponta de língua". Parar o desperdício de alimentos não é apenas uma questão de conduta social saudável, mas de imensa importância para o avanço da China em direção a um país socialista moderno.
A produção de grãos no verão da China atingiu um pico histórico de 142,81 milhões de toneladas este ano, o que estabeleceu uma base sólida para a produção de grãos estável deste ano, bem como para cumprir os objetivos do país de completar a construção de uma sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos e vencer a batalha contra a pobreza conforme planejado.
Embora o otimismo seja bem merecido, a mais recente instrução de Xi oferece um aviso sóbrio muito necessário.
Quase 690 milhões de pessoas passaram fome em 2019 em todo o mundo, 10 milhões a mais que em 2018, segundo as Nações Unidas, que advertiu que muito mais pessoas poderiam entrar na fome este ano como resultado da pandemia da COVID-19.
Xi uma vez disse: "mesmo que nossa vida melhore dia a dia, não haverá direito concedido ao desperdício!"
Publicado artigo de Xi sobre economia política marxista da China contemporânea (Xinhua)
Beijing, 16 ago (Xinhua) -- Um artigo do presidente Xi Jinping sobre a abertura de novos horizontes da economia política marxista na China contemporânea foi publicado neste domingo.
O artigo de Xi, também secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCC) e presidente da Comissão Militar Central, foi publicado na 16ª edição da revista Qiushi.
Uma parte importante do marxismo, a economia política marxista deve ser estudada para sustentar e desenvolver o conceito do marxismo, diz o artigo.
O status de propriedade pública como o pilar fundamental e o papel de liderança da economia estatal não devem ser alterados, acrescenta.
A economia política marxista deve acompanhar os tempos para manter sua vitalidade, indica o artigo, enfatizando os esforços para cristalizar a experiência prática do país em uma teoria econômica sistemática e abrir novos horizontes para a economia política marxista na China contemporânea.
China tem uma nova pauta econômica; Xi Jinping está reinventando o capitalismo de estado (por The Economist/Estadão)
O líder da China, Xi Jinping, está reinventando o capitalismo de estado para a década de 2020. Esqueça as siderúrgicas poluentes e as cotas de produção. A nova pauta econômica de Xi é fazer os mercados e a inovação funcionarem melhor dentro de limites bem definidos e sujeitos à vigilância ilimitada do Partido Comunista.
A próxima fase do capitalismo de estado da China está em andamento — vamos chamá-la de "Xinomics".
Desde o momento em que assumiu o poder, em 2012, o objetivo político de Xi tem sido consolidar o controle do partido e esmagar as dissidências no país e no exterior. Sua pauta econômica é pensada para aumentar a ordem e a resistência contra ameaças. E há motivos para isso. O endividamento público e privado aumentou muito desde 2008, chegando a quase 300% do PIB.
Os negócios se dividem entre firmas estatais antiquadas e um setor privado que lembra o Velho Oeste, onde há inovação, mas também autoridades predatórias e regras nebulosas. Conforme o protecionismo se dissemina, as empresas chinesas correm o risco de serem excluídas de alguns mercados, perdendo o acesso à tecnologia ocidental.
São três os elementos principais da "Xinomics". Primeiro, um controle mais rigoroso do ciclo econômico e da máquina de endividamento. Os dias de crédito generoso e isenções desproporcionais são coisa do passado. Os bancos foram obrigados a reconhecer a atividade fora dos balanços patrimoniais e criar proteções. O crédito é oferecido em um mercado de obrigações mais limpo. Diferentemente da sua reação à crise financeira de 2008-09, a resposta do governo à covid-19 foi contida, com um estímulo equivalente a cerca de 5% do PIB, menos da metade daquele aprovado nos EUA.
O segundo elemento é um estado administrativo mais eficiente, cujas regras se apliquem de maneira mais uniforme na economia. Mesmo com Xi usando leis impostas pelo partido para semear o medo em Hong Kong, ele construiu um sistema jurídico comercial no continente que reage muito melhor às empresas.
Antes raros, pedidos de recuperação judicial e processos de quebra de patentes aumentaram 500% desde o início do governo dele, em 2012. A burocracia foi reduzida: agora são necessários nove dias para a abertura de uma empresa. Regras mais previsíveis devem permitir um melhor funcionamento dos mercados, estimulando a produtividade da economia.
O elemento final é apagar a fronteira entre empresas estatais e privada. Empresas administradas pelo governo são estimuladas a melhorar o retorno financeiro e atrair investidores privados. Enquanto isso o governo exerce controle estratégico de empresas privadas, por meio de células do partido dentro destas. Um sistema de lista de proibição ao crédito castiga as empresas pelo eventual mau comportamento.
Em vez de uma política industrial indiscriminada, como a campanha “Made in China 2025” lançada em 2015, Xi está dedicando os esforços aos pontos de gargalo da cadeia de suprimento nos quais a China seja vulnerável à coerção estrangeira ou possa exercer sua influência no exterior. Isso significa alcançar a autossuficiência em tecnologias chave, como semicondutores e baterias.
A "Xinomics" trouxe bom desempenho no curto prazo. O ritmo de acúmulo de endividamento diminuiu antes da chegada da covid-19 e o choque duplo da guerra comercial e da pandemia não levou a uma crise financeira. A produtividade das estatais está aumentando e investidores estrangeiros estão injetando dinheiro em uma nova geração de empresas chinesas de tecnologia. Mas o verdadeiro teste virá com o tempo.
A China espera que sua nova forma tecnocêntrica de planejamento central consiga sustentar a inovação, mas a história indica que um processo difuso de tomada de decisões, fronteiras abertas e liberdade de expressão seriam os ingredientes mágicos.
Uma coisa está clara: a esperança de um confronto seguido de capitulação é equivocada. Os EUA e seus aliados devem se preparar para uma disputa muito mais longa entre as sociedades abertas e o capitalismo de estado da China. Uma estratégia de contenção não vai funcionar: diferentemente da União Soviética, a imensa economia da China é sofisticada e está integrada ao restante do mundo.
Em vez disso, o Ocidente deve reforçar sua capacidade diplomática e criar novas regras estáveis permitindo a cooperação com a China em determinadas áreas, como o combate à mudança climática e às pandemias, e preserve o comércio ao lado de proteções melhores para os direitos humanos e a segurança nacional.
Não se pode esperar que a força da economia de US$ 14 trilhões do capitalismo de estado da China desapareça. É hora de abandonar essa ilusão.
FRIGORÍFICOS DA NOVA ZELÂNDIA, CANADÁ E REINO UNIDO SUSPENDEM EXPORTAÇÃO À CHINA DE MODO VOLUNTÁRIO
São Paulo, 17/08/2020 - Três frigoríficos suspenderam de modo voluntário a exportação de seus produtos para a China, informou o Departamento de Alfândegas do país (Gaac, na sigla em inglês), em comunicado divulgado hoje. Entre as unidades, consta uma planta de carne bovina da Nova Zelândia que vetou as vendas para o país desde 12 de agosto. O Gaac também informa que uma empresa canadense e uma britânica suspenderam independentemente as vendas externas de carne suína e derivados para o país, desde 6 e 13 de agosto, respectivamente.
No comunicado, o Gaac afirmou também que liberou a retomada das exportações de carne suína de três frigoríficos alemães para lotes embarcados a partir de hoje.
Em meio a uma onda de vetos da China, algumas empresas vêm optando por vetar voluntariamente a comercialização para o país. A necessidade de aumentar o controle sanitário em decorrência da covid-19 é o motivo alegado extraoficialmente pelo governo chinês para a suspensão temporária de frigoríficos de vários países.
0 comentário
Soja e milho em Chicago têm mais uma sessão de alta enquanto açúcar em NY consolida perda de quase 6% na semana
Agro e Prosa Episódio 914 - Como atingir máxima produtividades
Carta para o Papai Noel: Pedidos do Agro para 2025 | Ouça o Agro CNA/Senar #153
Prosa Agro Itaú BBA | Agro Semanal | Mercados de soja e açúcar e o planto de rastreabilidade da pecuária nacional
Safra 24/25 do Paraná pode chegar a 25,3 milhões de toneladas de grãos
As perspectivas para o agro em 2025, rumo à COP do Brasil