“Agora o jogo é pra valer com um dos maiores mercados do mundo”, afirma secr. de Agricultura, após acordo entre Mercosul e UE
Após 20 anos de negociações, o Brasil se abre para o mundo com um acordo bilateral de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia e São Paulo está pronto para atender essa nova oportunidade. Os Ministros da Agricultura, Tereza Cristina, das Relações Exteriores, Ernesto Araújo e Paulo Guedes, da Economia, conseguiram, por competência técnica, por um fim ao impasse comercial após mais de duas décadas de negociações. Com isso, pela primeira vez o Mercosul celebra um acordo com um parceiro desenvolvido e de grande peso internacional. A importância vai além do intercâmbio entre os dois blocos e da formação de um mercado potencial de milhões de pessoas.
O fato é que agora o Brasil terá acesso a um dos maiores mercados do mundo, avalia o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Gustavo Junqueira. “Nós estamos falando aqui de um mercado de 500 milhões de habitantes. Essa é a população do mercado comum europeu. Pessoas que têm uma renda per capita de aproximadamente 34 mil dólares por ano, ou seja, uma das maiores do mundo. E isso representa, em termos de importações mundiais, quase 20%. O acordo traz um novo, enorme e potente cliente para o Brasil. E o Brasil sendo o gigante que é na produção agropecuária, com certeza ganhará grande vetor de crescimento no setor agro. É uma boa notícia para o Brasil e uma boa notícia para São Paulo”, afirma.
O acordo prevê que, em até 10 anos, 90% dos produtos exportados pelo Brasil entrarão no bloco com tarifa zero. Hoje, somente 24% das mercadorias enviadas tem alíquota zero. Estamos falando em mais de 60% de mercado que se abre em um leque inestimável de ganhos para o país e para os produtores rurais, que terão mais espaço para explorar a partir de agora. O tratado permitirá ao Brasil que, em 15 anos, as exportações para o bloco aumentem em 100 bilhões de reais.
A eliminação de tarifas favorece os produtos brasileiros que já têm vantagem competitiva no mercado mundial como suco de laranja, frutas e café solúvel, com aumento para peixes, crustáceos, óleos vegetais, além de cotas de exportação para carnes, açúcar e etanol, o que anima o mercado. O acordo possibilita ganhar mercado na União Europeia e como estabelecer novas estratégias de acesso ao bloco. O tratado abrange um mercado de 780 milhões de pessoas e cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.
Para o secretário Gustavo Junqueira, o acordo também vai aquecer o mercado interno. “Por um lado, o acordo vai aumentar a exportação, mas por outro vai também trazer competição para o mercado interno para que os nossos produtores e os nossos empresários invistam em mais tecnologia e sofistiquem seus produtos porque os nossos consumidores terão acesso também a produtos onde eles poderão comparar preço e qualidade. Agora o jogo é pra valer!”
As empresas terão de se tornar mais produtivas e inovadoras, isso porque do outro lado estarão produtores modernos e com mão de obra qualificada, com tributos mais funcionais, maior segurança jurídica e maior visibilidade para planejar. “Vamos trabalhar em políticas públicas para fortalecer o desenvolvimento de toda a cadeia, desde a pesquisa até a extensão rural para que nossos agricultores estejam preparados para esse novo mercado”, explica Gustavo Junqueira.
A indústria de alimentos também será impactada pela medida, afirma Gustavo Junqueira. “Mais de 70% de tudo que é produzido nas propriedades rurais do Estado de São Paulo são convertidos em alimentos pela indústria”.
O acerto também vai reconhecer como singularidades do Brasil produtos como cachaças, queijos e vinhos. Abrindo ainda mais possibilidades para produtores já premiados mundialmente de diversas regiões do nosso estado. “A questão de denominação de origem, ou seja, a identificação geográfica de áreas como o café da Alta Mogiana, o queijo de Pardinho ou a cachaça de várias regiões é fundamental. Se não, você faz todo o esforço de promoção desse produto, ocupando o espaço que lhe é devido, mas não consegue o reconhecimento justo”, completa Junqueira.
O acordo, que entra em vigor em 1 ou 3 anos, só passa a valer depois que o Parlamento da União Europeia e o Congresso dos quatro países sul americano aprovarem o texto.
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