Proibição de glifosato no Brasil seria "desastre" para agricultura, diz Maggi
Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou nesta quinta-feira que uma eventual proibição definitiva do uso de glifosato no Brasil seria um "desastre" para a agricultura do país, um dos maiores produtores de alimentos do mundo, e que as críticas ao herbicida soam como "lenda urbana".
Em evento no Rio de Janeiro, ele disse que, apesar de estar preocupado, confia na cassação da decisão judicial proferida no início deste mês suspendendo o registro do glifosato, um agroquímico usado há décadas no mundo.
"O glifosato é que dá toda viabilidade de fazer plantio e seguir com as culturas. E a alternativa qual seria? Voltar à grade e ao arado, e isso não tem mais nas fazendas, e ainda seria um desastre ecológico muito grande...", disse Maggi, ele mesmo um empresário do setor rural, no intervalo de evento no Rio de Janeiro.
Ao realizar o controle de ervas daninhas, o glifosato também permite o chamado plantio direto, feito sobre matéria orgânica que fica no solo de uma safra para a outra. Essa prática agrícola também evita erosão.
"Isso (que dizem do glifosato) é lenda urbana. É um produto absolutamente seguro, usado há anos na agricultura e desde que me conheço por gente", acrescentou o ministro.
Pela decisão proferida no dia 3 de agosto, a Justiça determinou que a União suspenda, no prazo de 30 dias, o registro de todos os produtos que utilizam o glifosato e outras substâncias até que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) conclua os procedimentos de reavaliação toxicológica.
A decisão envolve companhias como a Monsanto, que comercializa, por exemplo, a soja transgênica resistente ao glifosato --plantada há anos em larga escala no Brasil, o maior exportador global da oleaginosa.
No Brasil também há autorizações para plantio de milho e algodão resistentes ao glifosato.
Se a decisão judicial for mantida, pode trazer problemas para produtores do Brasil que se preparam para o plantio da nova safra, cuja semeadura se dá a partir de setembro, para milho e soja.
Nesta semana, representantes do setor de defensivos agrícolas e autoridades foram unânimes em dizer que essa decisão não deve se sustentar.
(Por Rodrigo Viga Gaier)
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