Estudo observa potencial biotecnológico para controle de pragas
Um estudo desenvolvido no programa de pós-graduação em Entomologia, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) verificou quais fatores de virulência associados ao parasitoide Cotesia flavipes alteram o ambiente hospedeiro e quais genes do hospedeiro são alvos de regulação. O trabalho tem autoria de Bruna Laís Merlin e orientação do professor Fernando Luis Cônsoli, do departamento de Entomologia e Acarologia.
“Cotesia flavipes é uma vespa parasitoide que coloca ovos no interior de lagartas da broca-da-cana, Diatraea saccharalis, onde ficam até o término de seu desenvolvimento, quando, então, deixam o hospedeiro e causam sua morte”, explica Bruna. Na lagarta, continua, “o parasitoide também injeta proteínas ovarianas, veneno e partículas virais, que auxiliam seus ovos a não serem mortos pelo sistema imunológico da lagarta e regulam o desenvolvimento hospedeiro, evitando que se transformem em pupas e tornando o interior da lagarta em um ambiente favorável aos parasitoides em desenvolvimento”.
Segundo a pesquisadora, era sabido que alterações na fisiologia e no metabolismo do hospedeiro ocorriam, mas não como essas alterações se davam. “Assim, meu doutorado teve como objetivo estudar quais fatores de virulência associados ao parasitoide Cotesia flavipes alteram o ambiente hospedeiro e quais genes do hospedeiro são alvos de regulação”. Além disso, a pesquisa testou um gene que está presente nas partículas virais de C. flavipes e um outro gene, associado a outra espécie parasitoide, na forma de transgenia de plantas de tomate no controle de pragas com diferentes hábitos alimentares.
O sistema imunológico das lagartas foi bastante afetado pela vespa parasitoide e seus fatores maternos injetados durante a oviposição. “Muitos genes apresentaram alta expressão, uma vez que as lagartas estavam tentando se defender; e outros genes foram inibidos, num esforço do parasitoide em não deixar o hospedeiro reconhecê-lo e matá-lo”, revela. Além disso, genes envolvidos na síntese e na degradação dos hormônios que controlam o desenvolvimento das lagartas também foram regulados pelo parasitoide e seus fatores de virulência. “Outras vias também foram alteradas. O conjunto de genes do hospedeiro regulado pelo parasitoide pode ampliar o número de táticas de controle de pragas, servindo, por exemplo, como alvos de técnicas de RNA de interferência e edição gênica”.
Além disso, muitos genes pertencentes às partículas virais foram identificados e apresentaram altos níveis de expressão, revelando sua importância no processo de regulação hospedeira. “Um dos eventos transgênicos testados apresentou alta mortalidade de espécies-pragas mastigadoras, minadoras e sugadoras, enquanto o outro evento alterou alguns índices nutricionais da espécie testada, mostrando que genes da interação hospedeiro – parasitoide podem ter potencial biotecnológico interessante para o controle de pragas”, finaliza.
0 comentário
CNA destaca papel do produtor rural no futuro da agricultura durante o ConBAP 2024
Dólar dispara com notícia de isenção de IR e atinge maior valor da história, aos R$5,9141
Aprosoja MT participa de audiência sobre Pacto de Conformidade Ambiental da Soja (PCAS)
Aprosoja MT participa de audiência sobre Pacto de Conformidade Ambiental da Soja (PCAS)
Produtores rurais ganham direito à isenção de IPI na compra de veículos
Líder mundial no uso de defensivos biológicos, Brasil precisa aprovar projeto de bioinsumos