Política e acordo comercial estão no radar das commodities, diz INTL FCStone
O mercado de commodities agrícolas deve ser impactado pelas incertezas atreladas ao comércio entre Estados Unidos e China, além do cenário político brasileiro. A consultoria INTL FCStone lançou, nesta segunda-feira (16), a 14ª edição do Relatório Trimestral de Perspectivas com o intuito de delinear o horizonte das principais commodities agrícolas ao longo dos próximos meses.
“O início deste trimestre coincidiu com importantes acontecimentos que devem pautar as expectativas para as commodities e para a economia brasileira em 2018”, destacou o grupo, em relatório. No palco global, a possibilidade de uma guerra comercial entre Estados Unidos e China foi fonte de volatilidade nos mercados nos últimos 30 dias, ampliando a percepção de incerteza dos investidores e a aversão aos ativos de maior risco.
“O cenário doméstico também tem sido marcado por cautela, em vista do quadro ainda bastante indefinido para as eleições presidenciais de outubro e das chances apertadas de vitória de uma candidatura moderada de direita”, explica o Analista de Mercado da INTL FCStone, Vitor Andrioli.
“Considerando o quadro de candidatos e as pesquisas de intenção de voto divulgadas até agora, a expectativa é de que as eleições deste ano sejam uma experiência aversiva para o mercado”, analisa. Diante dessa conjuntura, a consultoria destaca que os investidores devem se manter apreensivos, o que contribui para manter a moeda brasileira em níveis mais depreciados em relação ao dólar.
Já em relação aos grãos e ao complexo de soja, a seca na Argentina e a definição de área nos Estados Unidos devem guiar os próximos movimentos das culturas. No balanço argentino, a primeira variável a ser afetada deve ser a exportação da soja em grão. “Apesar de o país não ser um grande exportador da oleaginosa, focando seus embarques no farelo, as exportações de soja devem ficar ainda menores, abrindo mais espaço para Brasil e EUA”, sugere a Analista de Mercado da INTL FCStone, Ana Luiza Lodi.
Para o algodão, a colheita australiana, a evolução da safra no Brasil e o plantio das lavouras americanas definirão o rumo das cotações ao longo do trimestre. Destaca-se que os produtores norte-americanos devem plantar 5,45 milhões de hectares em 2018/19, representando um avanço de 6,8% no comparativo anual, de acordo com pesquisa de intenção de plantio do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). Caso confirmada a estimativa, a extensão será a maior desde 2011.
Ainda segundo expectativas da INTL FCStone, os preços dos fertilizantes tendem a ser pressionados, em um contexto de novas plantas produtivas em operação e redução sazonal da demanda. No caso dos fertilizantes fosfatados, enquanto China e Estados Unidos reduzem sazonalmente suas compras, ganham destaque no lado da demanda dois outros mercados relevantes: a Índia e o Brasil.
No Setor Sucroenergético, as safras recordes na Índia e na Tailândia derrubam os preços do açúcar, enquanto as usinas brasileiras devem ampliar a participação do etanol no mix de produção. O mercado internacional do adoçante deve começar a direcionar seu foco para a safra global 2018/19, que começa em outubro, novamente com a expectativa de aumento na produção da Índia sendo o principal fator baixista.
No Brasil, o direcionamento de longo prazo está atrelado à continuidade da política de preços da gasolina por parte da Petrobras e à implementação do RenovaBio, que deve estimular as vendas de etanol para cumprimento de metas de descarbonização. “Estas duas variáveis, por sua vez, dependem muito do resultado das eleições presidenciais de outubro deste ano, para as quais ainda há grande incerteza”, resume o Analista João Paulo Botelho, também atrelando a atenção do mercado ao cenário político brasileiro.
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