EUA pede para que seus agricultores se preparem para um possível fracasso das negociações do NAFTA
A possibilidade de um fracasso nas negociações para renovar o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA, na sigla em inglês), que une os Estados Unidos, o México e o Canadá desde 1994, é real. O subsecretário de Agricultura dos Estados Unidos, Ted McKinney, está pedindo publicamente para o setor realizar planos de contingência para se proteger diante dessa eventualidade.
Segundo a agência de qualificação de riscos Standard & Poor, a indústria agrícola será a primeira a sentir o impacto direto dessa medida e também é a que mais realiza pressões em Washington para evitar a saída do país do maior acordo comercial do planeta.
Os produtores rurais do país foram chave para a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais. No entanto, embora estes sejam favoráveis a uma modernização dos tratados comerciais do país com o restante de seus sócios, eles também dizem que o pacto é útil para seus interesses, de forma que a negociação não pode falhar.
Nesta semana, uma nova roda de discussões de nível técnico será realizada em Washington para tratar do avanço em algumas questões e, assim, pavimentar o caminho para os negociadores principais, que irão se reunir no Canadá no começo de 2018. McKinney, que está responsável pelo comércio e pelos assuntos agrícolas internacionais, disse que os trabalhos não avançam como era aguardado a essas alturas.
O mais prudente, como opinou o subsecretário em uma entrevista concedida a um veículo especializado do setor, é que os produtores de grãos e de carnes comecem a tomar medidas. "Sabemos muito bem o que eles nos pedem, mas aconselhamos a todos que se preparem". Neste sentido, ele também destacou que os produtores devem buscar formas de diversificar seus negócios: não concentrar no México e no Canadá a maioria de suas vendas para o exterior.
O Departamento de Agricultura do país é dirigido por Sonny Perdue, que, há um mês, fez um comentário similar sobre a situação. No momento, ele estava em negociações com a administração de Trump e com o Congresso para encontrar uma maneira de mitigar os efeitos de um fracasso na negociação comercial para proteger os produtores e responder ao efeito negativo nos preços por conta da alta das taxas.
Negociações
Tanto Perdue quanto McKinney se mostram otimistas e acredita que a margem para um NAFTA 2.0 ainda é uma realidade. Os Estados Unidos buscam, com a negociação, eliminar subsídios que consideram injustos para o país, uma vez que eles visualizam que esses auxílios permitem aos produtores estrangeiros vender abaixo do preço de mercado.
McKinney aponta também que a culpa da falta de progresso na negociação do NAFTA vem do México e do Canadá. O agronegócio norte-americano também se mostra frustrado porque considera que não possui peso suficiente para influenciar na negociação, como outras indústrias. Washington salienta que entende as "consequências trágicas" que o abandono do acordo causariam, mas que acredita que os agricultores sabem se adaptar.
"Se alguém se pergunta se a equipe do Departamento de Agricultura está a par dos pontos de vista do setor: sim, nós estamos", conclui McKinney.
O próprio Trump ameaçou em agosto "se levantar da mesa" se não houvessem progressos. Robert Lighthizer, o principal negociador dos Estados Unidos, também disse em comunicado, após a quinta roda de negociações, que estava preocupado com os poucos avanços que vinham sendo registrados e que não visualiza que o México e o Canadá querem comprometer-se seriamente com as conversas.
Enquanto isso, a Goldman Sachs e o Bank of Montreal já estão elaborando boletins nos quais analisam o potencial impacto do fracasso na negociação.
Tradução: Izadora Pimenta
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LetÃcia De Almeida Leandro Edéia - GO
Quais seriam as consequências da saída dos EUA do NAFTA, para o mercado brasileiro?