Nascente do São Francisco mostra chegada das águas no centro do Brasil
De acordo com informações do Inmet as chuvas nas últimas 48 horas já ultrapassam os 87 mm na região. Números da estação meteorológica do instituto em Bambuí/MG, mostram que nesta terça-feira (21), os acumulados chegaram a 21 mm e, nesta quarta (22), até às 10h, já passavam dos 66 mm, e segue chovendo. A estação fica nos arredores do parque.
A cachoeira da Casca d'Anta possui a terceira maior queda livre do Brasil com 160 m de altura, a maior do Rio São Francisco, e está localizada dentro do Parque Nacional da Serra da Canastra. Na parte de cima da Casca d'Anta nasce o Rio São Francisco dentro de uma primeira queda, despejando num grande poço. Em seguida, as águas seguem em direção a um canion rochoso, até despencar de uma altura de 160m de queda livre. em corredeiras formando o Velho Chico e o Vale da Canastra.
A imagem mostra a queda principal da Casca d´Anta em dias normais. Se comparada às imagens do vídeo, mostra a diferença impressionante da vazão -
Em Bom Jesus da Lapa, o São Francisco ganha alento com a chegada das primeiras chuvas
Bom Jesus da Lapa fica no oeste da Bahia, a 1 mil quilômetros da nascente, na Serra da Canastra
A notícia não deixa de ser boa, apesar da severa crise hídrica que assola a grande bacia do Rio São Francisco. a leitura de ontem, o reservatório da hidrelétrica de Sobradinho cresceu de 1,62% para 2,15%. Sinal que o resultado das últimas chuvas já chegaram ao grande lago artificial.
Espera-se que a grande bacia hidrográfica, que atinge regiões distantes no centro-norte de Minas, Brasília (no DF) e nas águas vertentes da Chapada Diamantina possa realimentar o reservatório para valores acima dos 30% verificados em abril deste ano.
Segundo as determinações do Comitê da Bacia do São Francisco, neste ano de 2018 os reservatórios de Três Marias, Sobradinho, Itaparica e outros, ao longo do rio, terão como missão prioritária a perenização, com a regulação do fluxo. (fonte: Jornal O Expresso)
Fotos do Estado de Minas. O São Francisco, no alto do seu curso, se recupera depois da prolongada estiagem.
Com as últimas chuvas, vazão dos rios na Bacia do São Francisco, no Oeste da Bahia, volta ao normal. Alguns já estão acima...
José Cisino Lopes, diretor de água e irrigação da Aiba, conversou com o Notícias Agrícolas para voltar a discutir a questão da irrigação no oeste da Bahia, após a invasão ocorrida na fazenda do grupo Igarashi no início deste mês.
Ele conta que, atualmente, a região possui aproximadamente 1200 pivôs - um número que varia, pois é dinâmico - responsáveis pela irrigação de 130 mil hectares. O Rio Corrente, também conhecido como Rio das Éguas, é um dos menos utilizados para o fim. O Rio Arrojado, por sua vez, que é o principal afluente do Corrente e utilizado para os trabalhos na Igarashi, possui uma quantidade de pivôs equilbrada com a vazão do rio.
Os principais rios utilizados para irrigação na região são o Rio Grande, que detém uma melhor infraestrutura de estradas e energia e passa no município de Barreiras e o Rio Carinhanha, um dos principais afluentes do Rio São Francisco. O diretor lembra que todas essas irrigações contam com a fiscalização periódica do estado e do Ibama.
Lopes salienta que, mesmo com uma redução das chuvas, não faltou água em nenhum dos rios, que tiveram capacidade para atender a todos os usos. Ele acredita que esta, portanto, não seja a motivação do grupo que invadiu a fazenda, já que a irrigação tem uma influência que não passa de 15 centímetros na vazão do rio.
Ele ainda destaca que os equipamentos utilizados pela irrigação possuem uma capacidade diária limitada para retirar água do rio. Além dessa capacidade limitada, os custos de energia para tal também seriam elevados. A concessão das outorgas para a irrigação, por sua vez, é baseada em estudos feitos em torno da capacidade do rio.
Depois de uma manifestação realizada após a invasão, as responsabilidades em torno do caso continuam sendo apuradas.
Entenda o caso
No último dia 02 de novembro, um grupo com mais de mil pessoas ocupou duas fazendas da cidade de Correntina (BA) e chegou a tocar foco no galpão de uma delas, como relatou o G1 local na ocasião. A motivação seria um protetos contra o tipo de irrigação que é realizado nessas fazendas que, segundo os manifestantes, estaria secando o rio e provocando queda de energia.
A seguir, veja imagens enviadas por internautas locais dos rios nos últimos dias
Rio Grande
Rio de Janeiro
Rio das Pedras Nova Esperança
Rio das Éguas em Correntina
Rio Arrojado
Somente gestão e tecnologia podem equacionar a ameaçadora escassez hídrica
POR XICO GRAZIANO (NO PODER 360): Situações críticas acirram disputas pelo uso da água; Precisaremos de tempo para entender mudanças; Na história, perdeu quem lutou contra a tecnologia...
Há quem diga que a disputa pela água poderá ser motivo da próxima guerra mundial. Puro exagero. Mas os conflitos se afloram, mostrando que, realmente, existe uma séria crise dos recursos hídricos. Planetária.
Secas continuadas têm prejudicado as lavouras e atrapalhado a irrigação em várias partes do mundo. Situações críticas acirram disputas pelo uso da água, apavorando as cidades. Segurança hídrica entrou no núcleo da sustentabilidade global.
Na Califórnia (EUA) a situação é dramática. Os últimos 5 anos se passaram com severa escassez de chuvas. Foi a pior seca desde 1895, quando começaram as medições. Responsável por 2/3 da fruticultura norte-americana, com 100% de seus cultivos irrigados, a agricultura californiana padeceu como nunca.
As cidades também sofreram, e tiveram que cortar fortemente (25%) seu consumo de água. Jardins se desmantelaram. Estima-se que 100 milhões de árvores tenham morrido na Califórnia, especialmente no Sul, onde residem 80% da população, e se dispõe de somente 25% dos recursos hídricos do estado.
Na Austrália, os estudiosos a descreveram como a “seca do milênio”. Durante vários anos, entre 1997 a 2012, as safras quebraram e as pastagens murcharam. Com 70% da agricultura irrigada, a Austrália amargou vendo sua excelente pecuária decair. Em 2015, sua safra de arroz quase zerou: de uma média de 1,8 milhões de toneladas, colheu-se apenas 18 mil toneladas. Prejuízo total.
Na China, o rebaixamento do lençol freático é o grande problema na Planície Norte, responsável por 40% da produção de grãos do país. A acelerada urbanização, demandando abastecimento residencial, retira a água que os rios e várzeas secularmente forneceram aos camponeses.
Sem chuvas regulares, o imenso Rio Amarelo, berço da civilização chinesa, não desaguou no mar, pela primeira vez, em 1972. Era o prenúncio da catástrofe hídrica chinesa. O melancólico fenômeno se acentuou, e em 1997 as águas do Amarelo deixaram de atingir a costa durante a maior parte do ano. Parece mentira.
O Brasil também padece dessa insegurança hídrica que acendeu uma luz amarela para a civilização. O sofrido Nordeste permanece sofrendo pela escassez hídrica secular, agravada nos anos recentes; em São Paulo, a crise no abastecimento urbano de água chegou ao limite em 2014-15. Felizmente, já por 2 anos voltou a chover regularmente. Até quando?
No cerrado nacional, particularmente na região formada pelo nordeste de Goiás, oeste da Bahia e sul do Piauí, choveu pouco de 2012 a 2015. Córregos e nascentes sempre límpidas secaram como nunca se relatara antes. Muito gado morreu de sede, caiu a produtividade das lavouras. Pivôs de irrigação passaram a competir com os chuveiros urbanos. Complicado.
Há 15 dias as chuvas retornaram ao cerrado baiano. Em Luis Eduardo Magalhães, onde estive neste final de semana, as plantadeiras zuniam dia e noite sem parar. Junto com a animação dos agricultores, restou uma desconfiança: será que está ocorrendo uma mudança no regime de chuvas da região? Terá sido a estiagem passada um reflexo das mudanças climáticas globais? É o que todos querem saber.
Tudo indica que sim. Segundo a teoria do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas/ONU), os fenômenos climáticos se tornarão cada vez mais frequentes e radicais. Tufões, tempestades e déficits hídricos se pronunciarão alhures devido ao aquecimento do planeta.
Terríveis secas, por outro lado, registram-se na história muito antes de a ciência recente descobrir os gases de efeito-estufa e a ecologia. Grande escassez de chuvas, durante 40 anos seguidos, causou o colapso final da civilização Maia no final do século IX.
Ainda precisaremos de uma ou duas décadas de observação científica para saber, com certeza, o sentido das mudanças climáticas e suas influências no regime de chuvas do planeta. Nesse período, entre tantas dúvidas, uma certeza se impõe: é urgente investir na gestão dos recursos hídricos.
Gestão significa inteligência, não violência. Aquela estupidez cometida em Correntina, oeste baiano, quando manifestantes esquerdistas destruíram a infraestrutura de irrigação da fazenda Igarashi, não resolve nada. Apenas acirra uma guerra improvável. Já pensou se os chineses, australianos, californianos decidissem seguir o exemplo desse vandalismo tupiniquim?
Somente a gestão compartilhada e o avanço tecnológico serão capazes de equacionar o problema da escassez hídrica que ameaça a civilização. Quem, na história, lutou contra a tecnologia, cultivando o obscurantismo, sempre perdeu. Venceu a razão.
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