Conselho da JBS rejeita BNDES e manifesta apoio à permanência de Wesley Batista na presidência
SÃO PAULO (Reuters) - O conselho de administração da JBS afirmou nesta segunda-feira que os pedidos do BNDES para a retirada do presidente-executivo da companhia, Wesley Batista, e contratação de auditoria externa para apuração dos fatos narrados nas delações premiadas dos irmãos Batista seriam prejudiciais para a empresa.
Com isso, a maioria do conselho decidiu pela manutenção de Batista na presidência da companhia, segundo comunicado da empresa ao mercado.
O BNDES afirmou em meados deste mês que vai defender em assembleia de acionistas da processadora de carne marcada para sexta-feira a abertura de processo de responsabilidade contra os irmãos Wesley e Joesley Batista e outros ex-executivos da empresa por prejuízos causados à companhia.
O processo defendido pelo BNDES é decorrente das delações premiadas dos Batista e de ex-executivos da JBS e da holding J&F acertadas em maio e que forçaram a empresa de alimentos a iniciar um programa de venda de ativos para levantar 6 bilhões de reais.
Segundo o comunicado da JBS publicado nesta segunda-feira, "há razões concretas que permitem crer que o impedimento do senhor (Wesley) Batista, consequência da ação de responsabilidade contra ele, seria neste momento prematuro e, portanto, prejudicial à companhia". A empresa afirmou ainda que não existem "elementos objetivos fundados em estudos e avaliações profissionais capazes de imputar ao senhor Wesley Batista a autoria de dano à companhia".
As ações da JBS exibiam alta de 3,49 por cento às 11:35, enquanto o Ibovespa mostrava variação positiva de 0,18 por cento.
A empresa citou no comunicado que desde as delações dos irmãos Batista tomou uma série de medidas para conter a crise, incluindo a escolha de um novo presidente do conselho de administração, Tarek Farahat, o lançamento de um plano de desinvestimentos e acordos de estabilização de sua dívida junto a bancos comerciais que permitirá alongamento de 20,5 bilhões de reais.
A JBS afirmou ainda que está aguardando manifestação do Ministério Público para confirmar sua adesão ao acordo de leniência firmado pela controladora J&F. Só a partir disso é que a empresa pretende contratar os assessores para a realização de uma "investigação interna e independente".
"Ao final dos trabalhos investigativos, espera-se que a administração da companhia esteja de posse dos elementos de informação necessários para torná-la apta a tomar as medidas cabíveis, sempre com vistas a proteger o interesse social da JBS", afirmou a companhia sem citar quais medidas poderão ser tomadas.
REMUNERAÇÃO MAIOR AO CONSELHO
A JBS informou ainda que assessorias contratadas para avaliar a remuneração paga a seu conselho de administração - MercerHuman Resource Consulting e Hay Group - concluíram que a empresa precisa aumentar o montante pago aos executivos e ainda criar uma "remuneração variável como forma de incentivo e retenção" que ficará vinculada aos resultados de médio e longo prazos da empresa.
A companhia também afirmou que na assembleia de acionistas de sexta-feira pretende colocar em discussão a inclusão de um capítulo no estatuto social que permitirá a indenização de executivos da JBS e de controladas por danos ou prejuízos sofridos no exercício de suas funções nas empresas.
Esta indenização será adicional aos seguros de tipo "D&O" já contratados pela JBS e que têm como objetivo proteger o patrimônio de executivos e conselheiros em caso de cobrança de indenizações decorrentes de processos judiciais.
A proposta "está em linha com o melhor posicionamento e padrão de mercado adotado por várias companhias abertas", afirmou a JBS.
(Por Alberto Alerigi Jr.)
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