Maggi fala em outra grande safra e em abrir mercados na "cotovelada"
BRASÍLIA (Reuters) - Após uma colheita recorde de quase 240 milhões de toneladas de grãos e oleaginosas em 2016/17, o Brasil está pronto para colher uma nova safra abundante na temporada atual (2017/18), disse nesta terça-feira o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, citando um maior volume de recursos para financiamentos e juros menores.
"Se não houver financiamento na hora certa, não adianta São Pedro colaborar com a gente", ressaltou Maggi, em uma referência também às boas condições climáticas necessárias para uma grande produção, o que aconteceu em 2016/17.
Em discurso durante evento do Banco do Brasil para apresentar os recursos disponíveis da instituição dentro do Plano Safra 2017/18, Maggi afirmou ainda estar confiante que a safra 2016/17, cuja colheita está sendo finalizada, possa resultar em números ainda maiores.
"Cada vez mais os números crescem... O IBGE também lança seus números... já fala em 240 milhões (de toneladas) este ano, acho que é esse o tamanho da safra que o Brasil terá...", declarou.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projetou nesta terça-feira uma "supersafra" de grãos e oleaginosas no Brasil em 2016/17, com um recorde de 237,2 milhões de toneladas, impulsionado em grande parte por aumento da colheita de milho.
"Muito provavelmente a gente consiga chegar a 100 milhões (de toneladas) de milho, recorde histórico, então os agricultores estão de parabéns", continuou.
Segundo ele, apesar da crise econômica, o Brasil reduziu as taxas de juros para a safra 2017/18 e aumentou os recursos.
"Da parte do governo, estamos com a parte totalmente pronta para uma nova e grande safra."
Apenas o Banco do Brasil, o principal financiador do agronegócio, deverá dispor de 103 bilhões de reais, aumento de 30 por cento ante a temporada passada, disse o presidente do BB, Paulo Caffarelli.
COTOVELADAS
O ministro lembrou que segue trabalhando para reduzir a burocracia no ministério e que já foram tomadas quase 800 medidas. Ele admitiu, contudo, que reduzir burocracia não é fácil, pois o "corporativismo é muito forte".
"As pessoas se agarram nos seus carimbos e nas suas cadeiras e não querem abrir mão."
Outra ação importante de sua gestão à frente do ministério tem sido a busca de novos mercados no exterior, para que o Brasil possa escoar sua produção crescente.
Mas ele ressaltou que esse movimento de abertura de mercados também exige força.
"Mercado não se faz dando beijinho e abraços, o mercado se conquista na cotovelada e na botina e é assim que tem que ser feito", ressaltou, arrancando aplausos da plateia, antes de completar que tudo tem que ser feito dentro das regras comerciais.
No campo internacional, um dos principais desafios do ministério nos próximos dias se encontra nas negociações para a suspensão das compras de carne bovina in natura do Brasil pelos Estados Unidos.
Questionado por jornalistas depois se a fala sobre a cotovelada tinha algo a ver com os norte-americanos, ele disse que não, indicando que a produção cresce em outros países do mundo e o Brasil precisa adotar certa agressividade nos negócios.
"O que eu quero dizer é o seguinte: o mercado mundial, ele está abastecido. Nós temos o mundo inteiro que produz alimentos e quer vender alimentos. Isso é quase como se fosse um ônibus cheio. Você quer subir no ônibus, vai ter que tirar alguém. E o Brasil passa um momento complicado com as denúncias da Carne Fraca, o problema com os Estados Unidos..."
Maggi disse que o sistema sanitário do Brasil, dessa forma, tem sido muito questionado, mas que o governo está tomando medidas para assegurar a qualidade.
"Quando eu falo assim, na cotovelada, é que se eu não me movimentar, se eu não correr --'eu', quando falo, é o Brasil--, eles vão nos tirar do ônibus. E eu não quero sair."
Ele disse que o secretário de Agricultura dos EUA, Sonny Perdue, ainda não respondeu sobre um pedido de reunião, no dia 17 deste mês, após técnicos do ministério se reunirem no dia 13 para discutir a questão da carne.
(Por Marcela Ayres)
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